O milho abriu o dia em queda na bolsa de Chicago, mas mudou de direção ao longo do pregão e acabou fechando em alta. O contrato para julho, o mais negociado, subiu 0,71% (5,50 centavos de dólar), a US$ 7,780 o bushel.
O cereal segue influenciado pela decisão do governo dos Estados Unidos de permitir a venda de gasolina com 15% de etanol — mistura conhecida como E15 — também nos meses de verão no país.
A decisão é vista como positiva para produtores de milho e companhias produtoras de etanol, mas críticos da medida dizem que ela pode aumentar os preços dos alimentos ao tornar o grão mais caro. O mercado americano acompanha a produção de etanol como importante medida da demanda por milho. Nos EUA, a produção do biocombustível consome 135,9 milhões de toneladas da safra doméstica (estimada em 383,9 milhões de toneladas em 2021/22).
A Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês) informou nesta quarta-feira que a produção de etanol nos EUA caiu 0,8% na semana encerrada em 8 de abril, para 995 mil barris por dia. O volume é o menor desde o fim de fevereiro, mas ficou dentro das expectativas do mercado.
Já nos estoques de etanol houve redução de 1,1 milhão de barris, para 24,8 milhões de barris. O número superou a previsão dos traders, que esperavam qu as reservas ficassem entre 25 milhões e 25,8 milhões de barris.
Outro elemento de sustentação aos preços do milho continua sendo a guerra na Ucrânia. Durante a manhã, o Ministério da Agricultura do país informou que as exportações ucranianas poderão cair para até 17 milhões de toneladas nesta safra 2021/22, ou 6 milhões de toneladas a menos que na temporada anterior.
Grande fornecedora de milho para a Ásia, em especial para a China, a Ucrânia deixou um vazio que poderá ser ocupado pelos exportadores dos EUA, enquanto as safras principais de Brasil e Argentina não chegam ao mercado.
Trigo
O trigo avançou pelo terceiro dia seguido em Chicago. O contrato para julho, o mais negociado no momento, subiu 0,79% (8,75 centavos de dólar), a US$ 11,2125 o bushel.
Os futuros mantiveram-se em alta em meio à expectativa com o leilão para compra de trigo do Egito, maior importador mundial, marcado para esta quarta. Bastante dependentes do cereal russo e ucraniano, os egípcios fizeram hoje a terceira tentativa, desde o início da guerra, para encontrar fornecedores que substituam Rússia e Ucrânia.
De acordo com a Bloomberg, que ouviu agentes de mercado, a licitação do governo do Egito atraiu oferta de seis empresas, metade do habitual. Os egípcios teriam fechado a compra de 350 mil toneladas, entre cargas da França, Bulgária e Rússia, por cerca de US$ 490 por tonelada, valor 44% maior que o do último leilão, realizado poucos dias antes do início do conflito — e o mais alto em quase seis anos.
O analista Joel Karlin, da Western Milling, afirmou à Dow Jones Newswires que o clima mais seco nos Estados Unidos também voltou a oferecer sustentação adicional aos contratos.
Ainda nos EUA, o Departamento de Agricultura do país (USDA) informou que as exportações americanas de trigo estão em um de seus pontos mais baixos já registrados. De junho de 2021 a fevereiro de 2022, os embarques totalizaram 16,93 milhões de toneladas (622 milhões de bushels), volume 14% menor que o do mesmo período do ano passado. As exportações nesses nove meses representam 79% da projeção revisada de comercialização no ano-safra 2021/22 (junhomaio).
“As exportações (tanto novas vendas quanto embarques) permaneceram lentas ao longo de março”, disse o USDA por meio do Serviço Agrícola Estrangeiro (FAS), sem mencionar as razões para a queda das vendas.
Soja
A soja, por fim, encerrou a sessão em leve alta. O contrato para julho, o mais negociado atualmente, subiu 0,27% (4,50 centavos de dólar), a US$ 16,650 o bushel.
Após iniciar o pregão com forte pressão pela realização de lucros, a oleaginosa encontrou suporte no milho ao longo do dia. Os dois grãos ainda disputam espaço nas lavouras dos Estados Unidos na safra 2022/23, e as últimas estimativas apontam que a soja irá superar a área de milho no país pela segunda vez na história.
No entanto, com os trabalhos de campo ainda no começo, há espaço para mudanças no quadro. Com isso, a parte do mercado que precisa mais da oleaginosa começa a ofertar mais pelo grão para compensar as altas recentes do milho, lembrou a StoneX.
Fonte: Valor Econômico.