A soja seguiu em plena escalada na bolsa de Chicago nesta terça-feira, e renovou o maior patamar de preços desde o início de junho do ano passado. Os futuros voltaram à casa de US$ 15 por bushel e estão mais perto do pico de nove anos observado no meio de 2021, que foi de US$ 16,42 o bushel.
Nesta terça, o contrato para março, o mais negociado atualmente, subiu 2,55% (38 centavos de dólar), para US$ 15,2850 o bushel. A posição seguinte, para maio, subiu 2,61% (39 centavos de dólar), a US$ 15,3425 o bushel, maior cotação desde 8 de junho de 2021, segundo cálculos do Valor Data.
O motivo para as altas é uma nova rodada de revisões nas perspectivas de safra no Brasil, maior produtor mundial do grão. Se antes as previsões apontavam para uma pequena quebra em relação a 2020/21, as atualizações agora sugerem um problema maior.
Como se sabe, a seca no Sul não deu a trégua esperada pelos agricultores, o que vem prejudicando ainda mais a produtividade esperada, especialmente no Rio Grande do Sul, onde os agricultores contavam com o retorno das chuvas em janeiro para “escapar” dos prejuízos vistos no Paraná, onde já se prevê quebra de 39%.
Nesta terça, a StoneX cortou em mais 5,6% sua estimativa para a safra brasileira de soja em 2021/22, agora para 126,5 milhões de toneladas. No início da temporada, a consultoria projetava uma colheita de 145,1 milhões de toneladas (redução de expectativa de 12,9%). Na mesma linha, AgRural e AgResource preveem a colheita em 128,5 milhões e 125 milhões de toneladas, respectivamente.
Caso esse patamar se confirme, será uma queda de cerca de 10 milhões de toneladas frente ao resultado oficial do ciclo 2020/21, quando o Brasil colheu o recorde de 137,3 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Ainda no Brasil, as exportações de soja somaram 2,42 milhões de toneladas no mês, com crescimento de 45 vezes sobre o registrado no início de 2021, segundo dados da Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec).
A variação decorre da normalização do calendário de cultivo da oleaginosa em 2021/22, visto que o atraso observado na temporada anterior influenciou nos embarques de janeiro do ano passado.
Ao todo, as exportações de soja no primeiro mês de 2022 renderam ao país US$ 1,25 bilhão, de acordo com dados preliminares da balança comercial divulgados também nesta terça pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A cifra representa um crescimento de mais de 50 vezes sobre o registrado no ano passado.
Já nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura do país (USDA) informou que exportadores americanos negociaram 132 mil toneladas de soja com a China, com entrega programada para 2022/23, o que ofereceu suporte extra às negociações da oleaginosa.
O milho também subiu em Chicago nesta terça. O contrato para março, o mais ativo, subiu 1,40% (8,75 centavos de dólar), a US$ 6,3475 o bushel. A posição seguinte, maio, avançou 1,48% (9,25 centavos de dólar), a US$ 6,3375 o bushel.
O cereal segue com suporte consistente por dois fundamentos: os efeitos sobre a demanda pelo milho americano em caso de conflito entre Rússia e Ucrânia — os ucranianos disputam com os EUA as vendas do cereal para a China —, bem como a preocupação do mercado de que os agricultores dos Estados Unidos diminuam sua área de milho na safra 2022/23 por conta dos altos custos de produção.
Ademais, como apoio adicional, o USDA informou a venda de 110 mil toneladas de milho negociadas com o México.
No Brasil, a StoneX, também reduziu sua previsão para a safra de milho verão. O corte entre janeiro e fevereiro foi de 5,5%, para 25,3 milhões de toneladas – desde o começo da temporada, a diminuição da estimativa chega a 16,7%.
A seca que atinge o Sul do país é a principal responsável pela redução na perspectiva para a safra de verão, uma vez que Rio Grande do Sul e Paraná são grandes produtores nesta janela.
Já o trigo voltou a subir em Chicago depois de encerrar janeiro “devolvendo” todos os ganhos acumulados no mês passado. O vencimento para março, o mais negociado atualmente, subiu 1,02% (7,75 centavos de dólar), a US$ 7,690 o bushel. A posição seguinte, maio, avançou 1,01% (7,75 centavos de dólar), a US$ 7,740 o bushel.
Fonte: Valor Econômico.