A soja fechou em forte queda na bolsa de Chicago, com investidores repercutindo o avanço da colheita da safra no Brasil. Os contratos da oleaginosa com vencimento para maio, os mais negociados, fecharam em queda de 2,23%, a US$ 14,79 por bushel.
A oferta brasileira cresce no mercado internacional à medida que a colheita avança no país. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a ceifa da safra 2022/23 chegou a 34% da área até a última quinta, contra um percentual de 42,1% observado em igual período do ano passado.
“A colheita de soja evoluiu bem, e os rendimentos observados nos principais Estados produtores até agora amenizam não só o atraso na colheita, como as perdas no Rio Grande do Sul e na Argentina”, avalia Roberto Carlos Rafael, sócio-proprietário da Germinar Agronegócios, reforçando que esse cenário desfavorece a demanda pelo grão dos EUA.
Nesse sentido, as exportações americanas caíram 54,4% na semana encerrada em 23 de fevereiro, para um volume de 690,9 mil mil toneladas, informou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Milho
O milho caiu pela quinta sessão consecutiva na bolsa de Chicago, com uma demanda dos EUA reprimida e expectativa de oferta abundante. Os contratos do cereal para maio, os mais líquidos, fecharam em queda de 2,06%, a US$ 6,3025 por bushel.
Roberto Carlos Rafael, da Germinar Agronegócios, diz que as primeiras estimativas para a safra americana 2023/24, apresentadas na semana passada, durante evento do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) ainda pressionam o mercado.
“Os dados de oferta vieram muito acima do esperado pelo mercado, e também indicam uma recuperação se comparado com o ciclo anterior, como os estoques de passagem, que devem sair de 32,2 milhões de toneladas, para 47,9 milhões de toneladas no ciclo 2023/24”, afirma.
“Também há uma questão de fundamentos técnicos no pregão de hoje, com fundos que estavam comprados e liquidaram suas posições, além da expectativa pelo acordo de grãos no Mar Negro”, complementa Rafael.
Trigo
O trigo também fechou em queda, levando o preço ao menor patamar desde setembro de 2021. Os contratos do cereal para maio, os mais líquidos, caíram 0,63%, a US$ 7,0550 por bushel.
Faltam menos de 20 dias para o fim do acordo que permitiu a Ucrânia exportar seus grãos via Mar Negro, e esse tem sido o principal fator de pressão às cotações nas últimas semanas.
Analistas ouvidos pelo Valor dão como certa a extensão do pacto assinado entre russos e ucranianos em julho do ano passado. Por isso, nem mesmo o aumento da tensão no Leste Europeu tem conseguido frear a desvalorização do trigo no mercado internacional.
Soma-se a esse cenário o clima úmido em áreas produtoras de trigo de inverno nos Estados Unidos, onde a safra se aproxima do período de colheita.
Fonte: Valor Econômico.