Os preços do milho encerraram o pregão desta segunda-feira na bolsa de Chicago em seu maior patamar em quase uma década. O contrato para julho, o mais negociado, subiu 2,97% (23,25 centavos de dólar), a US$ 8,070 o bushel.
Os futuros do cereal ultrapassaram a barreira de US$ 8 por bushel pela primeira vez desde agosto de 2012, quando o milho alcançou o preço recorde de US$ 8,39 por bushel. O clima desfavorável no Meio-Oeste dos Estados Unidos, que tem atrapalhado o início da semeadura da safra 2022/23 no país, é o principal fundamento da nova escalada.
O frio deverá prevalecer na maior parte do cinturão de milho dos EUA, dificultando as perspectivas de plantio no curto prazo. A temperatura do solo ainda está muito baixa”, disse Richard Buttenshaw, da Marex, em nota.
Outro elemento de sustentação das cotações é o prolongamento da guerra na Ucrânia, que faz com que o mercado volte a reduzir suas projeções para a safra global do milho. Os ucranianos são o quarto maior exportador do grão no mundo.
“A perda potencial das exportações de milho da Ucrânia deixa o quadro global mais apertado e pode ser suficiente para manter os preços do cereal em alta por enquanto”, disse Jack Scoville, do Price Futures Group, em relatório.
Durante o pregão, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) informou que os embarques americanos de milho caíram 22,7% na semana encerrada em 14 de abril em comparação com os sete dias anteriores, para 1,14 milhão de toneladas. No ano-safra 2021/22, os exportadores despacharam 33,2 milhões de toneladas, 15,9% menos do que no mesmo período do ciclo passado (39,4 milhões de toneladas).
Trigo
O trigo também fechou o dia com alta expressiva em Chicago. O contrato para julho, o mais negociado no momento, subiu 2,2% (24,25 centavos de dólar), a US$ 11,2875 o bushel.
De acordo com o analista Terry Reilly, da Futures International, a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia segue a dominar as negociações do cereal. Parte do mercado já acredita que o conflito está bem longe de terminar.
Essa avaliação faz os operadores apertarem ainda mais suas projeções para a oferta global no fim desta safra 2021/22 e para o ciclo 2022/23. Vale lembrar que russos e ucranianos são dois dos principais exportadores de trigo do mundo.
Outro ponto de apoio aos futuros vem dos Estados Unidos, onde a condição da safra de inverno está pior que a do ano anterior. Uma atualização da situação das lavouras ainda hoje.
No relatório de embarques, o USDA informou que os EUA embarcaram 432,2 mil toneladas na semana encerrada em 14 de abril, volume 3% maior que o dos sete dias anteriores. No ano-safra 2021/22, iniciado em 1º de junho, já foram entregues 18,1 milhões de toneladas aos compradores externos, 18% menos do que em igual período da temporada anterior (22,1 milhões de toneladas).
Soja
A soja, por fim, também encerrou o dia em alta. O contrato para julho, o mais negociado, avançou 1,68% (28 centavos de dólar), para US$ 16,9325 por bushel, emendando sua quarta alta seguida.
Além de acompanhar a alta do milho no pregão, a soja encontrou apoio ainda no farelo e no óleo de soja. Os contratos mais líquidos dos derivados subiram 1% e 1,6%, respectivamente.
Segundo o USDA, os exportadores do país embarcaram 972,5 mil toneladas na semana encerrada em 14 de abril, um aumento de 18,8% em relação à semana anterior. No ano safra 2021/22, iniciado em 1º de setembro, os americanos embarcaram 46 milhões de toneladas, volume 16,7% menor que o do mesmo período da temporada passada (55,2 milhões de toneladas).
Fonte: Valor Econômico.