Na véspera da publicação do novo relatório mensal de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a soja avançou na bolsa de Chicago. O contrato para maio, o mais negociado atualmente, subiu 1,61% (26 centavos de dólar) nesta quinta-feira, a US$ 16,4550 o bushel. Já a posição seguinte, para julho, fechou em alta de 1,47% (23,50 centavos), a US$ 16,270 o bushel.
Os operadores fizeram seus últimos ajustes antes da publicação do documento. No mercado, as apostas são de que o USDA reduzirá sua estimativa para estoques globais e americanos em 2021/22, sinalizando algum aperto no quadro internacional de oferta e demanda.
No Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou hoje seu sétimo levantamento para a temporada, no qual reduziu mais uma vez sua previsão para a safra brasileira de soja, que sofreu com a seca em áreas importantes, como o Sul e Mato Grosso do Sul.
A estatal agora calcula que a colheita será de 122,4 milhões de toneladas, uma leve queda em comparação com as 122,8 milhões previstas no mês passado e 11,4% inferior ao resultado da última temporada. Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também divulgou hoje suas estimativas para 2022, a colheita da oleaginosa deverá ser de 116,2 milhões de toneladas, volume 5,6% inferior à projeção de fevereiro.
Também como efeito da produção menor que o esperado, a Conab diminuiu sua previsão para exportações brasileiras de soja em grão, que passou de 80,2 milhões para 77 milhões de toneladas. Outro motivo para o corte é o aumento da destinação dos grãos para a produção de óleo, que, por sua vez, será exportado. Até o momento, 55% da safra já está comercializada, segundo levantamento da Datagro.
Já nos EUA, o saldo líquido de vendas de soja na semana encerrada em 31 de março foi de 800,7 mil toneladas, volume 39% menor que o da semana anterior e de 38% inferior à média das últimas quatro semanas, informou o USDA. Para 20202/23, foram negociadas 298,5 mil toneladas.
Na atualização do balanço de embarques, o órgão disse que os americanos enviaram 832,8 mil toneladas de soja ao exterior na semana até o dia 31, um aumento de 24% em comparação com os sete dias anteriores. Desse total, 458,8 mil toneladas foram para a China.
Milho
O milho ficou no meio-termo entre a valorização da soja e o declínio do trigo. O contrato do grão para maio, o mais negociado, fechou em alta 0,17% (1,25 centavo de dólar), a US$ 7,5775 o bushel, e a posição seguinte, para julho, valorizou-se 0,44% (3,25 centavos), a US$ 7,5025 por bushel.
Em uma sessão com poucas novidades sobre os fundamentos, o milho também passou por ajustes de posições para a divulgação do relatório USDA. Parte do mercado acredita que o documento indicará queda nos estoques globais e americanos do cereal.
A perspectiva de redução dos estoques ofereceu suporte às cotações, mas a queda expressiva do trigo nesta quinta acabou por limitar um avanço mais expressivo do milho — os dois cereais são concorrentes no mercado de ração animal.
Ainda durante o pregão, o USDA informou que os EUA negociaram 782,4 mil toneladas de 2021/22 na semana encerrada em 31 de março, uma alta semanal de 23%, mas, ainda assim, um volume 44% inferior à média. Para a próxima temporada, os EUA negociaram 145,2 mil toneladas. Os embarques somaram 1,6 milhão de toneladas, ou 13% a menos que na semana anterior.
Trigo
O trigo, por fim, encerrou em baixa pelo segundo dia consecutivo em Chicago. O contrato para maio, o mais negociado no momento, caiu 1,76% (18,25 centavos de dólar), a US$ 10,200 o bushel, e a posição seguinte, que vence em julho, recuou 1,49% (15,50 centavos), para US$ 10,2525 o bushel.
O cereal acabou pressionado pela previsão de chuvas em áreas de cultivo secas nas planícies do sul dos EUA, em especial em partes do Texas. Depois de um pouco de chuva, o Meio-Oeste deve ficar seco no fim de semana, de acordo com a última previsão da DTN. No entanto, espera-se que isso dê lugar às chuvas na próxima semana, acrescenta a empresa.
Além disso, em um pregão com poucos fundamentos novos para o trigo, em especial com relação à guerra na Ucrânia, o mercado manteve-se mais cauteloso, à espera do relatório que o USDA publicará amanhã. Para o cereal, a aposta do mercado é que o órgão mantenha suas estimativas para os estoques americanos e globais.
Ainda nos Estados Unidos, o USDA informou hoje que as vendas líquidas de trigo na semana encerrada em 31 de março foram de 156,3 mil toneladas, volume 65% maior que o da semana anterior, mas 11% inferior à média móvel de quatro semanas. Para 2022/23, foram negociadas 223 mil toneladas. Os embarques do cereal no período somaram 309,8 mil toneladas, um declínio de 11%.
Fonte: Valor Econômico.