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Commodities: Negociação entre Rússia e Ucrânia esfria, e grãos sobem em Chicago

Os russos intensificaram os ataques na parte leste do território ucraniano nesta quarta-feira, um sinal de que as negociações de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia podem não ter avançado como se esperava. Com isso, trigo, milho e soja voltaram a subir na bolsa de Chicago na sessão.

O contrato do trigo com entrega em maio, o mais negociado no momento, subiu 1,28% (13 centavos de dólar), a US$ 10,2725 o bushel. A posição seguinte, julho, fechou em alta de 1,36% (13,75 centavos), para US$ 10,230 o bushel.

Ontem, após reunião na Turquia, o tom da conversa entre Rússia e Ucrânia sinalizava o início de um entendimento entre os países. No entanto, a retomada dos ataques russos afastou a possibilidade de um cessar-fogo.

“Estamos cautelosos em acreditar em qualquer coisa em relação ao progresso da paz a partir de agora”, disse Richard Buttenshaw, da corretora Marex Spectrum, à Dow Jones Newswires.

Com a continuidade da guerra, persiste também a restrição de oferta em países que respondem, juntos, por quase 30% do comércio internacional de trigo. Há problemas especialmente na Ucrânia, onde a estrutura de portos segue inativa por causa da ofensiva russa.

Para tentar contornar o problema, que causa prejuízos estimados de US$ 1,5 bilhão por mês aos ucranianos, o governo do presidente Volodymyr Zelensky abriu negociações com a Romênia para o envio de suas exportações agrícolas pelo porto romeno de Constanta, no Mar Negro, segundo a agência Reuters. O Ministério da Agricultura da Romênia confirmou as tratativas e disse que os romenos pretendem ajudar a Ucrânia “o mais rapidamente possível”.

Milho

O milho também subiu, liderando a alta dos grãos em Chicago. O contrato com vencimento em maio, o mais negociado, avançou 1,62% (11,75 centavos de dólar), a US$ 7,380 o bushel, e a posição seguinte, para julho, também subiu 1,62% (11,50 centavos), para US$ 7,200 por bushel.

O cereal foi influenciado mais uma vez pelo desempenho do trigo e do petróleo, que avançou 3,4% nesta quarta-feira. A valorização do fóssil aumenta a demanda pelo etanol de milho produzido nos Estados Unidos — no país, a produção do biocombustível consome mais de um terço da safra doméstica do cereal.

Hoje, a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês) informou que a produção diária de etanol nos EUA caiu 0,6% na semana encerrada em 25 de março, para 1,036 milhão de barris por dia. O número ficou dentro do esperado por analistas.

Os estoques do biocombustível também cresceu, renovando seu maior patamar desde abril de 2020 — com o aumento, de 380 mil barris, o estoque de etanol no país agora é de 26,53 milhões de barris. Esperava-se que o inventário ficasse no intervalo entre 26,25 milhões de barris e 26,45 milhões de barris.

Para os relatórios de estoques trimestrais e de intenção de plantio nos Estados Unidos, que o Departamento de Agricultura do país (USDA) divulgará nesta quinta-feira, a expectativa do mercado é de que o órgão indique aumento das reservas do cereal na temporada 2021/22, reduza sua projeção para a área destinada ao milho na safra 2022/23.

A longo prazo, o aumento dos estoques poderá abrir possibilidade para o aumento das exportações americanas, já que a guerra restringiu a oferta ucraniana. “Muitos importadores contam com a oferta dos EUA até que a América do Sul comece a exportar [no meio do ano]”, lembrou o analista Karl Setzer, da AgriVisor.

Soja

Também à espera do USDA, a soja fechou em alta. O contrato com vencimento em maio, o mais negociado atualmente, subiu 1,28% (21 centavos de dólar), a US$ 16,640 o bushel, e a posição seguinte, que vence em julho, avançou 1,15% (18,75 centavos), a US$ 16,4250 o bushel.

Os operadores fizeram hoje seus últimos ajustes de posições antes da divulgação do relatório do USDA. No caso da soja, o mercado espera aumento dos estoques na comparação com o ano passado e também da área de cultivo no ciclo que começará nos próximos meses.

Isso, por si só, poderia exercer pressão sobre os futuros, mas o movimento pode se intensificar caso o USDA apresente números aquém da expectativa do mercado. “Independentemente disso, há muito risco de preço para ambos os lados amanhã, pois nunca sabemos o que o USDA dirá”, reforçou o analista Craig Turner, da Daniels Trading.

Como suporte extra às cotações, o USDA reportou hoje a sessão a venda de 128 mil toneladas de soja para o México.

Fonte: Valor Econômico.

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