O avanço das negociações para liberar as exportações de alimentos da Ucrânia pesou sobre as cotações dos grãos, que encerraram o dia em forte queda na bolsa de Chicago. O declínio mais acentuado foi o do trigo: os contratos para julho, os de maior liquidez, recuaram 6,05% (70 centavos de dólar), a US$ 10,875 por bushel, e os de segunda posição, com vencimento para setembro, caíram 5,89% (68,75 centavos de dólar), a US$ 10,975 por bushel.
A possibilidade de a Rússia abrir um corredor que permita à Ucrânia exportar alimentos tem pesado sobre as cotações do trigo desde a semana passada. Os embarques ucranianos estão paralisados desde o fim de fevereiro, quando a guerra entre os dois países começou. Fonte: Dow Jones Newswires. Elaboração: Valor Data * Segunda posição, na bolsa de Chicago.
Trigo
Em troca da liberação, o Ocidente revogaria algumas das sanções impostas aos russos. “Ainda há dúvidas sobre a realidade da proposta e sobre as condições que o presidente russo poderia impor para autorizar essas exportações”, ressalvou a AgriTel, em nota.
Para o analista do Price Group, Jack Scoville, apesar do indicativo de que a Rússia está disposta a negociar a abertura das exportações ucranianas pelo Mar Negro, o tema ainda está longe de uma definição. “O governo russo disse que estava aberto a discutir os termos com o Ocidente (…), mas a avaliação é de que os termos propostos pela Rússia serão tão onerosos que acabarão rejeitados”.
Milho
A possível abertura do corredor de comércio pressionou também as cotações do milho. Os papéis do cereal que vencem em julho caíram 3,06% (23,75 centavos de dólar), para US$ 7,535 por bushel, e o contrato para setembro recuou 2,65% (19,75 centavos de dólar), a US$ 7,25 por bushel.
Os embarques de grãos e fertilizantes ucranianos podem começar a se mover em breve com as negociações entre a Rússia e as Nações Unidas. [O presidente russo, Vladimir] Putin também indicou que se as sanções fossem removidas, os russos poderiam aumentar significativamente a quantidade de grãos exportados”, afirma o Zaner Group, em relatório.
Soja
Nas negociações da soja, os contratos para julho encerraram o pregão em queda de 2,83% (49 centavos de dólar) em Chicago, a US$ 16,835 o bushel. Já os papéis de segunda posição, para agosto, caíram 2,57% (42,75 centavos de dólar), a US$ 16,2025 por bushel.
Segundo relatório do Zaner Group, o preço da soja acompanhou o desempenho de milho e trigo e também a queda do óleo de palma da Malásia — a desvalorização ocorreu após a Indonésia anunciar que vai retomar suas exportações do produto.
Ainda segundo a consultoria, a produção brasileira de soja também é um fator de pressão sobre os preços. “A safra do Brasil está praticamente finalizada e pode absorver a grande oferta a nível mundial”, disse.
O Zaner Group lembra ainda que existem preocupações com o grande volume de chuvas nos Estados americanos de Minnesota e Dakota do Norte. Os produtores continuam a monitorar a situação do clima nessas regiões.
Fonte: Valor Econômico.