Mapa prorroga consulta pública sobre regulamentação da alimentação animal
16 de fevereiro de 2022
Parlamentares buscam recursos do “orçamento secreto” para bancar medidas contra seca
16 de fevereiro de 2022

Commodities: Sinal de arrefecimento da crise Rússia-Ucrânia motiva quedados grãos em Chicago

Em um pregão influenciado pelo movimento russo de retirar uma pequena parte de suas tropas da fronteira com a Ucrânia — e, também, por algum avanço nas negociações do governo Putin com o Ocidente —, o trigo “puxou” a baixa dos grãos negociados na bolsa de Chicago nesta terça-feira.

O contrato do cereal para maio, atualmente o mais negociado, teve queda de 2,45% (19,75 centavo de dólar), a US$ 7,8575 o bushel.

A tensão entre Rússia e Ucrânia continua como o principal motor das negociações. No entanto, o anuncio de retirada de 10 mil soldados russos da fronteira e o esforço diplomático da Alemanha para distensionar a situação aliviaram os preços em Chicago.

Em encontro realizado nesta terça, o presidente russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, fizeram uma declaração conjunta no sentindo de manter negociações. Putin reafirmou que cabe ao Ocidente atender aos pedidos da Rússia, enquanto Scholz considerou a retirada de tropas russas “um bom sinal” e disse que as vias diplomáticas para solução do conflito não foram esgotadas.

Vale lembrar que as duas nações do Leste Europeu respondem por 29% de todas as exportações globais de trigo, e os analistas temem que os preços possam subir acentuadamente se o conflito estourar e ameaçar esses embarques.

A soja também recuou, emendando sua segunda queda seguida em Chicago. O contrato para maio, o mais negociado atualmente, caiu 1,16% (18,25 centavos de dólar), para US$ 15,5575 o bushel.

Além da pressão de baixa vinda do trigo, a previsão de chuvas para a América do Sul até o fim de semana foi outro fundamento “baixista” para os futuros da oleaginosa durante o pregão. “Embora isso [chuva] possa não melhorar significativamente as perspectivas de colheita, deve pelo menos interromper a deterioração [no continente]”, disse o analista Dan Hueber, em relatório.

Parte do mercado está em dúvida sobre o tamanho real da safra na América do Sul, esperando dados mais precisos sobre a quebra. “Há pensamentos de que a produção total da América do Sul foi cortada demais, já que as condições de cultivo de soja no resto do Brasil estão mais favoráveis”, acrescentou o analista Karl Setzer, da AgriVisor.

Para o Brasil, maior produtor mundial de soja, a Agroconsult cortou em 8,4 milhões de toneladas a sua expectativa para a safra 2021/22, agora estimada em 125,8 milhões de toneladas. Os dados foram revisados após a equipe da consultoria percorrer mais de 20 mil quilômetros em seu tradicional Rally da Safra.

“O que mudou em pouco mais de um mês foi a magnitude dos problemas no Sul, acentuados pela continuidade do clima predominantemente seco e quente em janeiro e início de fevereiro”, disse a Agroconsult, em relatório.

Poderia ser pior, não fosse o excelente desempenho das lavouras no Cerrado. Em Mato Grosso e Goiás, a estimativa de produção aumentou 1,6 milhão de toneladas desde o início do rally – ainda pouco para compensar a quebra de 10,6 milhões de toneladas no Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Como pressão adicional aos futuros da soja, a Associação Nacional dos Processadores de Óleos Vegetais (Nopa, na sigla em inglês) reportou queda no esmagamento de soja em janeiro, para 4,96 milhões de toneladas, queda de cerca de 110 mil toneladas no comparativo com dezembro e abaixo da expectativa do mercado. O dado derrubou as cotações do farelo e do óleo de soja na sessão.

Nem mesmo a venda de 101 mil toneladas de soja americana com destino ao México, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) foi suficiente para limitar as baixas.

Por fim, o milho foi influenciado negativamente pelo desempenho ruim do trigo e da soja, liderando as baixas em Chicago. O contrato para maio, o mais ativo, recuou 2,71% (17,75 centavos de dólar), a US$ 6,3750 o bushel.

Diante da dúvidas do mercado em relação à quebra na safra de grãos na América do Sul e de um dia marcado pelo arrefecimento das tensões entre Rússia e Ucrânia, o cereal ficou sem suporte para fugir da liquidação, uma vez que não houve nenhum fundamento que pudesse oferecer sustentação aos futuros.

Ademais, o mercado também monitora a demanda por etanol nos Estados Unidos, onde o combustível é feito a partir do milho. Desde o início do ano, a produção vem oscilando e a expectativa do mercado é de que ocorra nova queda em relatório a ser divulgado nesta quarta-feira, uma vez que os estoques do biocombustível estava em patamares altos.

Fonte: Valor Econômico.

Os comentários estão encerrados.