A soja emendou sua sétima alta consecutiva na bolsa de Chicago na sessão de hoje (2/2), mantendo-se em seu maior patamar desde meados de 2021. O contrato para março, o mais negociado atualmente, subiu 1,10% (16,75 centavos de dólar), para US$ 15,4525 o bushel. A posição seguinte, para maio, avançou 0,99% (15,25 centavos de dólar), a US$ 15,4950 o bushel.
As preocupações com os efeitos da seca sobre a produção de soja da América do Sul continuam a dar direção aos preços da oleaginosa. “As previsões de tempo seco e árido na Argentina e Sul brasileiro para as próximas duas semanas estão levando a novas compras”, disse a AgResource, em relatório. “A CBOT [bolsa de Chicago] recuperou-se durante o feriado do Ano Novo Lunar chinês, e os operadores asiáticos [deverão buscar] cobertura adicional na próxima semana”, completou a consultoria.
Durante o pregão, a alta da soja perdeu força, e o pregão teve um perfil mais “técnico”, diz Vlamir Brandalizze, analista da Brandalizze Consulting. “O mercado está começando a esgotar os fundamentos, sinalizando que precisará de fatos novos para seguir avançando”, acrescenta.
Uma dessas novidades poderá vir na próxima quarta-feira, quando o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) atualizará suas projeções mensais de oferta e demanda global. No relatório de janeiro, o mercado considerou tímido o corte de 9,5 milhões de toneladas para a produção na América do Sul, e a perspectiva é de uma redução mais acentuada neste mês. Com isso, a tendência é de que as negociações sigam mais técnicas até a divulgação do documento.
Hoje, o USDA registrou a venda de 380 mil toneladas de soja para destinos não-revelados, fato que ofereceu suporte extra para as negociações da oleaginosa.
O milho caiu na bolsa de Chicago nesta quarta-feira. O contrato para março, o mais ativo, recuou 1,10% (12,25 centavos de dólar), a US$ 6,2250 o bushel, e a posição seguinte, que vence em maio, fechou em queda de 1,81% (11,50 centavos de dólar), a US$ 6,2225 o bushel.
Com os investidores mais cautelosos nesta sessão, a falta de fundamentos novos abriu caminho para o declínio do cereal. Além disso, a demanda por etanol nos EUA mostrou desaceleração, com os estoques atingindo seus níveis mais altos em quase dois anos.
Mais cedo, a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês) informou que a produção americana de etanol cresceu 0,6% na semana encerrada em 28 de janeiro, para 1,041 milhão de barris por dia. Já os estoques do biocombustível saltaram para 25,85 milhões de barris, seu nível mais alto desde abril de 2020. O acréscimo em relação à semana anterior foi de 1,37 milhão de barris.
O mercado americano acompanha a produção de etanol como importante medida da demanda por milho. Nos EUA, a produção do biocombustível consome cerca de 80 milhões de toneladas da safra doméstica, estimada em 383,9 milhões de toneladas em 2021/22.
Por fim, assim como o milho, o trigo não resistiu à pressão vendedora e voltou a cair em Chicago. O vencimento para março, o mais negociado atualmente, recuou 1,82% (14 centavos de dólar), a US$ 7,550 o bushel. A posição seguinte, para maio, cedeu 1,68% (13 centavos de dólar), a US$ 7,610 o bushel.
O cereal não encontrou fatos novos que pudessem sustentar mais uma alta. Alvo de forte especulação no último mês, o trigo vem perdendo força diante da falta de novidades no impasse entre Rússia e Ucrânia. Caso a tensão entre os países evolua para um conflito, haveria sérias consequências à oferta mundial do cereal.
No entanto, com a incerteza persistindo por um longo período, os operadores optaram por realizar lucros, uma vez que, sem a disputa entre russos e ucranianos, o quadro de oferta e demanda para 2021/22 está mais confortável do que o imaginado no início da temporada.
Fonte: Valor Econômico.