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Commodities: Trigo sobe 3,5% e puxa alta dos grãos em Chicago

O trigo encerrou o dia em forte alta e liderou mais uma vez a alta dos grãos negociados na bolsa de Chicago. O contrato para maio, o de maior liquidez no momento, fechou esta terça-feira em alta de 3,46% (35 centavos de dólar), a US$ 10,4525 o bushel. A posição seguinte, julho, subiu 3,51% (35,50 centavos), para US$ 10,4550 o bushel.

No fim de semana, o governo ucraniano acusou a Rússia de cometer crime de guerra na cidade de Bucha, onde civis desarmados teriam sido executados, o que aumentou a possibilidade de mais sanções contra os russos. Na visão de parte do mercado, o atual cenário reduz a chance de um acordo de cessar-fogo entre dois dos maiores exportadores de trigo ocorrer no curto prazo.

Porém, nesta terça, após visitar a cidade, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky falou à TV ucraniana que negociar com a Rússia vai ser mais difícil, mas é a única saída para a guerra.

Em outra frente, ontem, depois do fechamento do mercado, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que apenas 30% da safra de inverno no país está em boas condições. Essa é a pior classificação para as lavouras nesta época do ano em três décadas. Partes da Europa também estão enfrentando geadas ou neve na primavera, de acordo com o consultoria Agritel. Tudo isso restringe a oferta mundial de trigo.

“Uma recuperação completa das exportações só ocorrerá depois que os portos do Mar Negro forem desbloqueados”, disse um analista de Kiev à agência Bloomberg. “O potencial de exportação de grãos nas condições atuais é limitado a 1 milhão de toneladas por mês, cinco vezes abaixo do normal”, completou.

Como resultado dessas preocupações, os analistas e investidores do mercado de grãos estão se concentrando nas lavouras americanas e analisando as previsões meteorológicas para as áreas de cultivo de trigo no país para as próximas semanas.

Milho

O milho também encerrou o pregão em alta. O contrato para maio, o mais negociado, subiu 1,23% (9,25 centavos de dólar), a US$ 7,5975 o bushel. Já a posição seguinte, para julho, avançou 1,22% (9 centavos), para US$ 7,4825 por bushel.

O USDA notificou a venda de 1,08 milhão de toneladas de milho à China. A notícia levou os investidores a apostar que o órgão elevará suas projeções de embarques do cereal em seu próximo relatório de oferta e demanda, que será publicado nesta sexta-feira.

“Há rumores de que mais de 2 milhões de toneladas de compras chinesas serão anunciadas até o fim da semana”, disse Tomm Pfitzenmaier, da Summit Commodity Brokerage, à Dow Jones Newswires.

No mês passado, os americanos exportaram 6,61 milhões de toneladas, de acordo com a plataforma AgFlow. Desse total, 1,94 milhão de toneladas foram para a China. No acumulado deste ano safra 2021/22 até 31 de março, os americanos embarcaram 30,6 milhões de toneladas, volume 15,5% menor do que o do mesmo período da temporada passada (36,2 milhões de toneladas), segundo o USDA.

Soja

A soja, por fim, também avançou nesta terça-feira. O contrato para maio, o mais negociado atualmente, subiu 1,79% (28,75 centavos de dólar), a US$ 16,310 o bushel, e a posição seguinte, que vence em julho, fechou o dia em alta de 1,57% (25 centavos), a US$ 16,140 o bushel.

Em mais um dia de valorização dos grãos, reflexo do aumento das tensões na guerra da Ucrânia, a soja também encontrou suporte no desempenho do farelo: em Chicago, o contrato de maior liquidez do produto subiu 2,3%.

O farelo avançou sob o impacto de uma possível greve de caminhoneiros na Argentina, maior exportador global do derivado. A ameaça de paralisação aumenta o risco de haver restrição de oferta do produto no curto prazo.

“O complexo de soja encontrou suporte na ameaça de greve na Argentina e nas preocupações no Mar Negro [região de conflito entre Rússia e Ucrânia], que acabam sustentando também o mercado de óleos vegetais”, reforçou Terry Reilly, da Futures International.

Vale lembrar que os ucranianos são os maiores produtores e exportadores de óleo de girassol do mundo. Com o aumento das tensões na guerra, as preocupações com a oferta do produto têm impacto sobre o mercado de óleos.

Ainda durante o pregão, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) estimou que as exportações brasileiras de soja no primeiro trimestre foram de 23,6 milhões de toneladas, um aumento de 15% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os embarques cresceram no acumulado do primeiro trimestre mesmo com a queda de 18% ocorrida em março, quando as vendas ao exterior foram de 12,17 milhões de toneladas. Em março do ano passado, as exportações chegaram a 14,9 milhões de toneladas.

Segundo a plataforma AgFlow, a China importou 10,1 milhões de toneladas de soja no período, uma queda de 16% em relação ao ano passado. Em contrapartida, as compras chinesas de soja americana cresceram 136% no trimestre, para 1 milhão de toneladas.

Fonte: Valor Econômico.

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