Soja, milho e trigo fecharam em alta na bolsa de Chicago nesta sexta-feira, dia em que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reiterou mais uma vez o aperto no quadro internacional de oferta e demanda dos grãos. As estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a safra brasileira, divulgadas na véspera, também tiveram reflexos sobre as cotações na sessão de hoje.
Os contratos da soja para maio, os mais negociados atualmente, encerraram em alta de 2,64% (43,50 centavos de dólar), a US$ 16,89 o bushel, e a posição seguinte, que vence em julho, subiu 2,52% (41 centavos de dólar), terminando a sessão a US$ 16,68 o bushel.
O clima adverso nas lavouras de importantes regiões produtoras do mundo levou o USDA a diminuir em 3,1 milhões de toneladas sua previsão para a produção global de soja em 2021/22, que, com o corte, passou a ser de 350,7 milhões de toneladas. A nova estimativa representa uma queda de 17,1 milhões de toneladas em relação à colheita de 2020/21.
A estiagem no sul da América do Sul fez o USDA a cortar pelo terceiro mês seguido suas projeções para a colheita de soja nesta safra 2021/22 no Brasil e no Paraguai, onde os trabalhos já estão em fase final. Para a Argentina, que também sofre com a falta de chuvas na temporada, o órgão não mudou as previsões.
De acordo com o USDA, o Brasil, maior produtor de soja do mundo, deverá colher 125 milhões de toneladas do grão em 2021/22, volume 2 milhões de toneladas menor que o cálculo do mês passado e 19 milhões de toneladas inferior às projeções do início do ciclo. Caso a estimativa se confirme, a produção será 10,4% menor que a que o órgão estima para 2020/21.
A Conab também tinha voltado a reduzir suas projeções para a produção brasileira na temporada. A estatal agora estima colheita de 122,4 milhões de toneladas, volume 11,4% menor do que o do ciclo passado.
Para as exportações brasileiras, o USDA passou a prever embarques de 82,8 milhões de toneladas, ou quase 3 milhões de toneladas a menos que a estimativa de março (85,5 milhões), mas ainda superior às 81,7 milhões de 2020/21.
O órgão manteve em 43,5 milhões de toneladas sua previsão para a safra da Argentina — no ciclo passado, o país colheu 46,2 milhões de toneladas. Segundo o USDA, os argentinos deverão exportar apenas 2,8 milhões de toneladas em 2021/22; na temporada anterior, os embarques do país somaram 5,2 milhões de toneladas.
O órgão também reduziu suas projeções para demanda mundial da oleaginosa, que passou de 363,7 milhões para 361,9 milhões de toneladas — agora 0,1% menor que a da temporada anterior. A previsão para os estoques finais no mundo em 2021/22, por sua vez, diminuiu levemente, para 89,6 milhões. No ciclo passado, os estoques ficaram em 103,1 milhões de toneladas.
Nos cálculos sobre o trigo, o USDA reafirmou que a guerra da Ucrânia continua a trazer muitas incertezas para o mercado do cereal. Em seu relatório, o órgão elevou um pouco as projeções para a safra e o consumo globais em 2021/22 e reduziu as estimativas de exportações e estoques.
Trigo
Os contratos do trigo para maio fecharam em alta de 3,1% (31,50 centavos de dólar), a US$ 10,515 o bushel. Já a posição seguinte (julho) subiu 3,2% (33 centavos de dólar), a US$ 10,582 o bushel.
A colheita mundial deve somar 778,83 milhões de toneladas, segundo o relatório, um leve aumento (em virtude da revisão para cima das projeções para a colheita de Arábia Saudita, Paquistão e Argentina) em comparação com o cálculo de março, de 778,52 milhões. Para o consumo global, o relatório agora indica 791,1 milhões de toneladas, ou 3,8 milhões de toneladas a mais que o cálculo anterior, com destaque para o aumento da demanda na Índia.
Com a guerra, porém, o comércio de trigo deve cair no mundo. O USDA estima agora embarques de 200,1 milhões de toneladas em 2021/22, volume 3 milhões de toneladas menor que o estimado em março.
O USDA órgão reduziu em 1 milhão de toneladas, para 33 milhões, sua estimativa para as exportações do cereal da União Europeia, que sofre com uma seca. Para os EUA, a previsão, que era de 21,77 milhões de toneladas em março, passou a ser de 21,36 milhões de toneladas.
Milho
O milho, por fim, também avançou na sessão, na esteira da forte valorização do trigo e também da alta do petróleo. Os contratos para maio fecharam em alta de 1,45% (11 centavos de dólar), a US$ 7,6875 o bushel, e os papéis para julho subiram 1,40% (10,50 centavos de dólar), a US$ 7,6075 o bushel.
USDA e Conab divulgaram estimativas que pressionaram as cotações do milho, mas o grão acabou acompanhando a alta do petróleo na sessão — o barril do Brent para junho avançou 2,11%, a US$ 102,17 (barril). O desempenho dos preços do milho costuma ter correlação com o do fóssil porque, nos Estados Unidos, o grão é a principal matéria-prima para a produção de etanol.
O Departamento de Agricultura americano elevou em 0,4%, para 1,210 bilhão de toneladas, a previsão para a colheita global de milho na safra 2021/22. O ajuste em relação à projeção de março foi puxado pelo aumento das projeções de colheita para Brasil, Indonésia, Paquistão e União Europeia.
Ontem, a Conab já havia ampliado em 2,7%, para 88,5 milhões de toneladas, sua estimativa para colheita da safrinha no Brasil. Agora, a projeção total para a safra no país é de 269,3 milhões de toneladas, volume 5,4% maior que a previsão divulgada em março.
Fonte: Valor Econômico.