Por Adriana Luize Bocchi1, Gabriela Zoccolaro Costa2, Patricia Kobal de S. Rodrigues3, Sarah Laguna Meirelles4
A intensidade do uso de reprodutores em uma propriedade é alta quando comparado às fêmeas. Isto ocorre por apresentarem um número muito maior de descendentes além de terem uma grande capacidade de cobrir um grande número de vacas.
Portanto os reprodutores são os maiores responsáveis pelo progresso genético dentro de um rebanho. A escolha de um bom touro irá influenciar tanto no melhoramento genético como nos índices reprodutivos da população. Neste artigo abordaremos alguns conselhos para que o criador tenha mais embasamento para esta escolha.
Ganho genético
A resposta à seleção é medida através do ganho genético, que por sua vez é uma função da herdabilidade da característica e do diferencial de seleção. E o que é isso?
Diferencial de seleção mede a diferença entre os indivíduos selecionados para pais da próxima geração e a média de toda a população. Aspectos como a baixa eficiência reprodutiva e alta mortalidade contribuem para que o diferencial de seleção seja pequeno. A variabilidade genética da população, uma maior intensidade de seleção e o aumento da eficiência reprodutiva trarão como resultado um maior diferencial de seleção.
Como Escolher?
A utilização de um touro avaliado dentro de um programa de melhoramento genético é sempre importante, principalmente se esta avaliação for realizada a partir de vários rebanhos e um grande número de animais. Isto vai garantir a variabilidade genética que é a base para o progresso genético, além de maior confiabilidade às avaliações genéticas. Quanto maior a variabilidade, maior será o diferencial de seleção.
Sempre prestar atenção nas características avaliadas. As características devem ser olhadas como um todo, pois conjuntamente irão fornecer a informação daquele touro.Características de crescimento, como DEP para peso ao desmame e sobreano; de precocidade como DEP para perímetro escrotal e precocidade de prenhez; e de carcaça como DEP para musculatura e conformação, são alguns exemplos das várias características avaliadas pelos programas atualmente, e que estão disponíveis para facilitar a escolha do produtor, tanto para reprodutores quanto para sêmen.
É interessante que o reprodutor seja avaliado pelo menos por algumas características enquadradas dentro destes três tipos. Assim irá garantir ao criador animais com bom ganho de peso, melhor qualidade de carcaça e principalmente mais precoces, garantindo maior liquidez ao produtor.
Características como peso ao nascer e peso adulto devem ser considerados para manutenção destes pesos, garantindo a facilidade de parto da progênie e um animal de tamanho adulto moderado.
As características funcionais são imprescindíveis para que os reprodutores tenham condições de cobrir as fêmeas. Características como aprumos, cascos e articulações sem defeitos devem ser observados. O prepúcio também merece consideração especial, devendo ser curto para diminuir o risco de lesões e ectoparasitos.
Uma forma de garantir que está adquirindo um produto de qualidade é verificar se o reprodutor possui o Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP). Este certificado comprova a qualidade genética do reprodutor certificando que este animal está entre os 20% melhores do rebanho no qual foram selecionados. O CEIP é um documento oficial outorgado pelo Ministério da Agricultura (MAPA) a entidades que se enquadram a uma série de normas de qualidade genética.
Hoje em dia os projetos pecuários que detém o CEIP são: Conexão Delta G, CFM, Qualitas, PMGRN/USP Ribeirão Preto, PAINT, Fazenda Bela Vista, Fazenda Paquetá, Programa Montana e Programa Natura.
Estes projetos pecuários uniram-se para a criação do Conselho do CEIP (chamado de CONCEIP), órgão que se propõe a informar de melhor maneira os criadores da importância do certificado, suas vantagens técnicas, econômicas e fiscais. O CONCEIP deseja o fortalecimento do CEIP e tem como um dos objetivos atrair outros grupos pecuários, ampliando a base de animais certificados no país. Segundo estimativas do MAPA, cerca de 10 mil machos com CEIP foram comercializados em 2003.
Neste artigo foi falado apenas de conselhos básicos para a escolha de reprodutores. O importante é escolher com critério e se possível contar com a ajuda de um técnico que auxilie o produtor quanto às informações dos animais. Tentar sempre conciliar todas as informações para que se tenha uma visão completa do animal e de sua possível progênie.
A conscientização dos produtores quanto à escolha criteriosa dos reprodutores só irá trazer benefícios a nossa pecuária, alavancando o progresso genético com maiores ganhos anuais e, conseqüentemente, maior rentabilidade ao criador.
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1Adriana Luize Bocchi, Aluna de Doutorado – Programa de Pós-graduação em Zootecnia – Área de Concentração em Melhoramento Genético Animal – FMVZ / Unesp – Campus de Botucatu.
2Gabriela Zoccolaro Costa, Aluna de Mestrado – Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento Animal – FCAV / Unesp – Campus de Jaboticabal.
3Patricia Kobal de S. Rodrigues, Zootecnista formada pela FCAV / Unesp – Campus de Jaboticabal – Coordenadora SRG ABCBSenepol.
4Sarah Laguna Meirelles, Aluna de Doutorado – Programa de Pós-graduação em Zootecnia – Área de Concentração em Melhoramento Genético Animal – FCAV / Unesp – Campus de Jaboticabal.
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É isso aí…aproveito á oportunidade p/ parabeniza-las pelo artigo; além de esclarecedor, vocês realmente demonstram que sabem o que é; e a importância que têm um reprodutor de boa qualidade dentro de um rebanho. Somos parceiros de um Programa de melhoramento genético (PAINT) há cerca de 04 anos, sabemos na prática o quanto representa um trabalho como esse em termos de melhoramento genético e reprodutivo aqui pro nosso rebanho.
Cordialmente
Carlos Magno