Dentro do ciclo de variação de preços da pecuária de corte, as previsões para este ano, particularmente para o segundo semestre, têm sido de valores relativamente baixos, não sendo suficientes para corrigir a inflação, muito menos corrigir a desvalorização da moeda nacional.
As explicações para essas previsões passam pela volta da Argentina e do Uruguai ao mercado externo depois dos surtos de febre aftosa ocorridos nesses países, podendo afetar as estimativas de exportações brasileiras, e pelo baixo poder aquisitivo de grande parte da população brasileira, justamente os consumidores responsáveis pela tão comentada grande elasticidade renda consumo da carne bovina no Brasil.
Como não poderia deixar de ocorrer, os produtores reclamam das baixas margens obtidas e as desavenças entre os mesmos e os frigoríficos tendem a aumentar. Fatos curiosos, mas perfeitamente possíveis, como baixa demanda e conseqüentemente preços no atacado de carne e escala curta de abate têm ocorrido.
Para qualquer produto, essas variações de preços em função de expectativas de diminuição de demanda ou de aumento de produção devem ser encaradas como parte dos riscos da atividade, e levadas em conta tanto no planejamento, como no gerenciamento da produção e da comercialização. Por pior que sejam as condições, aqueles que se preparam para essas ocorrências do mercado estão menos sujeitos a eventuais prejuízos e mais aptos a recuperar suas margens em épocas de maior demanda e menor oferta que normalmente ocorrem após períodos de baixa demanda ou excesso de produção.
Um ponto importante é que tanto os produtores avessos ao uso de tecnologias, como aqueles que escolhem tecnologias incompatíveis com os riscos e custos da atividade ou que implantam ou gerenciam as tecnologias disponíveis de maneira inadequada, são os que estão sujeitos a terem problemas de viabilizar seu negócio.
A atratividade econômica de qualquer atividade é cíclica como é do conhecimento de todos. A eficiência e a persistência são fatores decisivos para ser bem sucedido. Para ter persistência é preciso gostar, enquanto para ser eficiente é preciso conhecer a atividade.