Por André Melo*
Muitos confinadores, técnicos e amigos têm perguntado quais são as alternativas para viabilizarmos o investimento em confinamento em 2013. Bom, não tenho pretensão de esgotar o tema e muito menos de dar receitas de bolo.
A dúvida é comum a todos nós que dependemos do confinamento e encontrar alternativas para reduzir o aumento dos custos é um desafio constante.
No texto anterior discutimos um pouco sobre a diferença entre Conversão Alimentar e Eficiência Biológica, sobre o Custo Alimentar da @, o Custo Operacional e consequentemente o Custo Total da @ Engordada. Neste texto discutiremos algumas alternativas para Maximizar o Retorno Financeiro do Confinamento. Como o Custo Alimentar representa, em média, 75 a 85% do Custo Total da @ Produzida focaremos neste ponto.
Vamos deixar em segundo plano as particularidades de cada confinamento, da região que está localizado, dos insumos e subprodutos mais específicos para tentarmos discorrer sobre oportunidades que atendam a maioria dos confinamentos. O objetivo é exercitarmos pensamentos que nos tragam alternativas ao que já estamos fazendo. Muitas ações que serão discutidas, com certeza, já fazem parte da rotina de muitos confinamentos, mas para fins didáticos será importante a apresentação.
Quais estratégias maximizam a Eficiência Nutricional de um confinamento? Gostaria de sugerir um agrupamento de sugestões para facilitar.
Quais os tipos de estratégias e ações Comerciais adotar? Pensando no Custo Alimentar da @ Produzida, as ações Comerciais referem-se aos ingredientes usados na fabricação da dieta do confinamento. Basicamente são ações de proteção ao aumento de preço dos insumos. Podemos citar:
Não sou especialista em estratégias de Hedge e há muita gente capacitada para auxiliar, sugiro procurar um agente autônomo ou uma corretora. Gostaria de ressaltar a importância de conhecermos e entendermos um pouco mais sobre esta estratégia, pois em períodos de volatilidade (alta oscilação) de preço de insumos, como foi o ano de 2012, esta poderá ser uma saída interessante para proteger o custo alimentar do confinamento.
Dentre as commodities comercializadas na BM&F, o Milho e a Soja são as mais utilizadas em confinamento. Como podemos colocar esta estratégia em prática? Sabemos que podemos dividir os insumos da dieta em fontes de energia, proteína, fibra, minerais, vitaminas e aditivos. Vamos focar nas fontes energéticas e proteicas. Neste caso estamos falando em transformar as fontes energéticas em Milho e as proteicas em Soja. Para saber a quantidade de sacos ou contratos devem ser comercializados na BM&F para proteger o seu custo nutricional é necessário contabilizar no custo dos insumos: frete, comissões, descarga, armazenagem, despesa financeira, em fim, tudo o que for referente à comercialização. Após esta etapa você poderá converter em contratos e analisar qual a melhor alternativa entre Mercado Futuro e Opções.
E o Barter, o que é? A palavra Barter vem do inglês e significa “troca”. O Barter é uma modalidade de contrato de compra e venda que é feita geralmente entre três partes. Este contrato utiliza como moeda de troca a mercadoria negociada, ou seja, o insumo será entregue fisicamente. As empresas de insumos para agricultura (sementes, fertilizantes, adubos etc.) negociam os produtos com Agricultores em troca dos grãos. Neste caso, a empresa que vendeu ao Agricultor tem interesse que uma terceira parte, que pode ser um Confinador receba os produtos e liquide financeiramente a operação.
O contrato é realizado entre as três partes e garante o preço, a data e o local da entrega. Qual a vantagem desta modalidade para o Confinador? A empresa que vende ao Agricultor é uma parte garantidora da operação e têm interesse que a operação seja liquidada. Segundo as empresas que operam Barter o índice de inadimplência é muito baixo, pois selecionam os Agricultores que têm perfil e boa capacidade de pagamento. Da parte do Agricultor é interessante cumprir o acordo, pois recebe condições comerciais diferenciadas das empresas para compra dos insumos.
Quando falamos de contrato, vêm logo na cabeça: papel aceita tudo!!! O ano de 2012 que o diga! Quem não teve de rever um contrato, negociar um preço para receber? Quem não teve de comprar insumos na última hora para não prejudicar o desempenho? A recomendação para amenizar os problemas e diminuir a probabilidade destes riscos é trabalhar com empresas sérias, diversificar os fornecedores e fontes de insumos. À medida que aumentamos o leque de fornecedores ou trabalhamos com mais de uma fonte de proteína ou energia necessitamos de maior capacidade de armazenagem.
Sabemos que os altos impostos, o elevado preço das instalações e a dificuldade de acesso às linhas de financiamento com baixo juro inibem investimentos em infraestrutura. Exercite uma oscilação no preço dos grãos ou farelos ou tente mensurar a quebra no ganho de peso devido à falta do insumo e veja em quanto tempo o valor investido retornará. Os preços dos grãos e farelos são muito sazonais e oportunidades de compra devem ser aproveitadas. Diferentes alternativas de armazenagem podem ser usadas, a escala, o fluxo produtivo a disponibilidade de equipamentos determinam qual a melhor opção. Nos próximos tópicos falaremos das alternativas Técnicas e Operacionais e voltaremos a falar de armazenagem.
E as estratégias Técnicas? O aumento do uso de fontes vegetais para gerar combustíveis, o aumento de operações especulativas de fundos de investimento, as secas, a elevação da demanda por alimentos impactam os estoques e os preços das commodities agrícolas. Neste cenário o desafio técnico de um confinador é produzir mais @s da mesma tonelada de energia, proteína etc. Antes de detalharmos as estratégias, vamos analisar uma tabela que foi apresentada no texto anterior:
Observem na tabela os índices de Eficiência Biológica. Veja que os valores estão entre 125 a 160 kg de Matéria Seca / @ Produzida. Tecnicamente falando, quanto menor a quantidade de dieta para produzir uma @ melhor. É bom ressaltar que a avaliação do Custo Alimentar da @ Produzida depende do Preço dos Insumos. Mas podemos classificar Tecnicamente a Eficiência Biológica em três níveis, 1,2 e 3. O primeiro nível, neste estudo, está classificado como o mais eficiente, os valores estão compreendidos entre 125 a 135 kg de MS/@. O nível 2 intermediário entre 140 a 150 kg de MS/@ e o terceiro nível com valores acima de 155 kg de MS/@.
Há uma relação direta entre o nível de nutrientes e a Eficiência Biológica. Dietas ricas em Energia, Proteína, Minerais, Vitaminas e Aditivos tendem à melhor eficiência. O primeiro limitante é a Energia. Quando falamos de energia basicamente focamos em amido (milho, sorgo) ou pectina (polpa cítrica, casca de soja), sabemos que o campo dos carboidratos é vasto e pode ser aprofundado, mas vamos ficando por aqui. Podemos dizer que dietas ricas em Energia são mais eficientes. Dietas ricas em amido são mais eficientes do que dietas ricas em pectina. Na prática trabalhamos com os dois nutrientes, porém com o aumento dos preços dos insumos e escassez de subprodutos somos levados à trabalhar cada vez mais com dietas com maior proporção de amido em relação à pectina. Para efeito de elucidação vamos pegar um exemplo da tabela acima. Uma dieta com Custo da Ton da MS de R$ 480. Neste exemplo vamos comparar três confinamentos:
O exemplo ilustra o impacto do aumento de Custo da @ Produzida pela diferença de Eficiência Biológica entre os confinamentos. Como os preços de dietas estão acima da média histórica nos resta melhorar os índices de produtividade para reduzir custos e aumentar a margem de lucro. A diferença de R$ 4,80 a R$ 9,60 por @ produzida nos dá uma luz de quanto podemos investir no perfil tecnológico da dieta para almejar índices produtivos mais eficientes. Quais alternativas para maximizar a Eficiência Biológica? Segue abaixo algumas sugestões:
Processamento dos Grãos
O objetivo aqui é produzir mais @s da mesma tonelada de grão! O objetivo do processamento é aumentar o aproveitamento ruminal e/ou no trato digestivo total e reduzir a perda de amido nas fezes. Isto ocorre através da maior exposição do amido e do maior sincronismo entre exposição do amido e digestão ruminal. A grande maioria dos híbridos brasileiros é dura. Segundo o Professor Marcos Neves Pereira da Universidade Federal de Lavras UFLA, na safra 2011/2012 do total de 489 híbridos de milho disponibilizados no mercado nacional, apenas 23 eram classificados como dentados. O milho classificado como duro apresenta um endosperma mais denso e os grânulos de amido estão fortemente ligados às proteínas, o que dificulta a penetração de água e acesso das enzimas digestivas (Pereira, 2013). O Prof. Marcos Neves cita que o tamanho da partícula do grão, o teor de umidade e a vitreosidade (dureza) do endosperma são os fatores mais determinantes da digestibilidade do amido. Os principais processamentos de grãos são:
Os moinhos de martelo são muito produtivos, porém produzem partículas de diversos tamanhos. Se passarmos os grãos moídos no martelo em uma peneira encontraremos milho fubá, milho quebrado em 10 partes, 8 partes etc. Estes moinhos devem ser aproveitados porém demandam atenção à granulometria da peneira, ao balanceamento e ao desgaste dos martelos.
Os moinhos de rolo produzem um material moído mais padronizado. Estes moinhos permitem um ajuste do tamanho de partícula com muita facilidade. Outro ponto positivo dos moinhos de rolo é a eficiência energética, pois são tocados por motores pequenos e consomem pouca energia. Esta eficiência vem do fato dos rolos alcançarem uma velocidade inercial que ajuda na rotatividade. O ponto de atenção é o desgaste dos rolos, que pode ser reduzido através do uso de grãos limpos ou passados em pré-limpeza e da presença de placa imantada para reduzir o risco de danos por materiais metálicos estranhos. É comum as empresas que vendem os moinhos aceitaram a venda de novos rolos à base de troca ou prestarem serviço de retifica.
A silagem de Grão Úmido vem ganhando espaço ano após ano. Basicamente estamos colhendo um milho com umidade entre 32 a 40%. Neste ponto de colheita, o grão do milho está com as moléculas de amido mais digestíveis. Há vários estudos científicos que mensuraram a queda de digestibilidade do amido com o aumento da maturação e diminuição de umidade do grão (Pereira, 2013). Atualmente há empresas especializadas na prestação de serviço de colheita e ensilagem de Grão Úmido. Este material pode ser armazenado em silos trincheiras ou superfície (escalas maiores) ou em silos bolsa.
Para Confinadores que produzem o próprio milho ou que estão próximos às áreas de agricultura, um opção é negociar o milho pelo ponto de umidade. Para o agricultor a vantagem é a antecipação da colheita e de caixa, além de redução de despesas com secagem em armazéns. A desvantagem para o agricultor se deve às quebras de colheitas quando a umidade está acima de 35%. Na prática os agricultores almejam colher entre 28 a 35% e o Confinador almeja entre 35 a 40%. Uma alternativa para os Confinadores e receber materiais entre 32 a 35% e elevar a umidade do material a 40% no ato da ensilagem adicionado água ao processo.
Qual a diferença entre a Silagem de Grão Úmido e Grão Reconstituído (Reidratado) Ensilado? O milho ou sorgo reconstituído é o grão seco ou com umidade mais baixa (13 a 28%) hidratado com água e posteriormente ensilado. Este processo basicamente está buscando um material muito próximo ao Grão Úmido. O processo demanda uma estrutura de moagem para quebrar o grão e requer a adição de água. A quantidade de água adicionada depende da umidade do grão. O objetivo é corrigir a umidade para 35 a 40%. O Prof. Marcos Neves reforça um ponto muito interessante da ensilagem de grão reidratado, que é a possibilidade de realizar a operação em momentos de estiagem.
Há divergência quanto ao uso ou não de inoculantes no processo de ensilagem destes materiais, o que penso é o seguinte: o investimento em inoculantes é muito baixo e auxiliam na velocidade de acidificação do silo e consequentemente conservação do material, auxiliam também na redução de perdas após abertura do silo. O processo de ensilagem permite através de processos fermentativos uma ruptura das ligações proteicas e uma maior exposição do grânulo de amido. A densidade do material ensilado almejada está entre 900 a 1.000 kg/m3.
Quanto maior o período de ensilagem melhor será a exposição do amido e consequentemente melhor será o aproveitamento. Após abertura do silo o material deve ser consumido o mais rápido possível, para evitar perda por oxidação em contato com o oxigênio (escurecimento), caramelização (marrom) por aquecimento e desidratação pela temperatura e contato com o ar. Os custos de produção que obtive confeccionando Silagem de Grão Úmido ou de Milho Reidratado foram de R$ 0,70 a R$ 1,20/sc (compactação, inoculante, mão-de-obra, moagem, adição de água e lona). A variação ocorreu em função da automação do processo, número de equipamentos e pessoas envolvidas. Um ponto importante sobre a compra de Milho Grão Úmido é à distância da lavoura até o silo. Devido à alta umidade o frete tem forte impacto sobre a viabilidade desta opção nutricional. Avalie o custo benefício de compra de milho com umidade mais alta versus o processo de Reidratação, você encontrará o ponto de equilíbrio entre as duas opções.
A Universidade de Nebraska (2007) recomenda a associação de Milho Grão Úmido ou Reconstituído com Milho Moído Seco. Os trabalhos americanos sugerem associar 50 a 75% de Grão Úmido com 50 a 25% de Milho Seco. Esta associação é feita levando em consideração o sincronismo de digestão ruminal, o melhor aproveitamento do amido e menor risco de acidose. Na prática brasileira uma sugestão é em Dieta de Adaptação (até 21 dias) 70% Milho Seco e 30% Milho Úmido e em Dieta de Terminação 30% de Milho Seco e 70% de Milho Úmido, ficando a critério de cada confinador ou técnico adotar a melhor estratégia para sua realidade.
A Floculação é o processamento do grão que usa umidade e calor. Através do vapor o amido será gelatinizado e o aproveitamento será maximizado. A diferença fisiológica entre a Floculação e o Grão Úmido é o local de absorção dos nutrientes. O processo de Floculação permite que você adicione uma maior quantidade de milho à dieta, pois direciona a maior parte da digestão do grão para o intestino e a Silagem de Grão Úmido direciona grande parte para digestão ruminal. O sistema de Floculação no Brasil vem crescendo e há ótimos projetos com este sistema em ação. O custo benefício viabiliza-se cada vez mais com cenários de grão caros.
Outro ponto muito positivo da floculação é a automação do processo de armazenagem, processamento e fabricação de dieta. Por ser um equipamento de alto valor, demandam escalas maiores para reduzir o payback. Vários trabalhos internacionais evidenciam redução do consumo de Matéria Seca sem afetar o ganho de peso e consequente melhora na eficiência alimentar.
O Zootecnista Pedro Henrique Ferro da AC Agromercantil trabalha a dois anos com Floculação, um técnico com larga experiência em confinamento e um dos pioneiros neste tipo de processamento no Brasil. O Pedro aprendeu na prática a adequar o equipamento ao tipo de grão brasileiro. Segundo Pedro Ferro, a AC Agromercantil chegou a resultados de produtividade de 12 ton/h para milho e 9 ton/h para sorgo ao custo médio de R$ 12,00/ton. Segundo ele, o comparativo entre 150.000 bois terminados com dieta a base de milho floculado e 72.000 bois terminados com milho triturado justifica o investimento na tecnologia.
Faço um pequeno parêntese para citar que há também ótimos subprodutos de milho no mercado, como o gérmen de milho, refinazil, promil, mazoferm e os subprodutos da produção de etanol. Estes últimos ainda são pouco utilizados no Brasil. Os subprodutos de etanol de milho possuem uma característica de conter alta concentração de enxofre e consequentemente devem ter a inclusão limitada. A Universidade de Nebraska sugere limitar em até 20 a 22% da matéria seca da dieta. Acompanhando um confinamento no Paraguay constatamos que os melhores resultados de desempenho em dietas com subproduto úmido de etanol de milho (Wet Distillers Grain) foram obtidos respeitando a recomendação Americana.
O tipo de processamento de grão depende da escala do confinamento, da capacidade de investimento, do preço do milho na região e do preço dos equipamentos. A recomendação é utilizar o conhecimento passo a passo. Desta forma você estará em uma linha evolutiva em busca da excelência do aproveitamento do amido e redução do custo energético da dieta.
Sinergismo Proteico
Para equilibrar a digestão proteica ruminal e intestinal sugiro a associação de duas fontes de proteína vegetal. Este conhecimento é antigo, porém encontramos muitos confinamentos que buscam a redução de preço da tonelada da dieta utilizando apenas uma fonte de proteína vegetal, como exemplo uma dieta que utiliza basicamente Uréia e Torta de Algodão. A Torta de Algodão é um excelente alimento, pois combina, proteína, fibra efetiva, óleo e energia, o ponto em questão é o local de aproveitamento da proteína deste insumo.
Grande parte da proteína da Torta é degradada no rúmen. A associação de uma fonte que tenha uma característica de passagem pelo rúmen e degradação intestinal (by pass) traz benefícios e melhora a Eficiência Biológica. Fontes como Farelo de Soja e Amendoim possuem ótimos níveis de Proteína Metabolizável (intestino) e podem ser associadas à Torta de Algodão com muito sucesso. O Farelo de Algodão 38 também é uma boa opção de associação, porém tem um aproveitamento intestinal inferior. Esta estratégia vai de encontro à recomendação comercial de trabalhar com mais de um fornecedor ou fonte de nutrientes.
Programa de Dietas
O período de confinamento é caracterizado pela fase de adaptação e terminação. Este período pode variar de acordo com o objetivo do lote e permanência dos animais em engorda. Considerando um confinamento comercial de 80 a 100 dias de engorda, classificamos o período de adaptação até os primeiros 21 dias. Qual o objetivo de trabalhar com dois ou mais períodos? Sabemos que o perfil da carcaça do animal muda ao longo da engorda. Na fase inicial há maior recomposição de tecidos e órgãos, seguida pelo predomínio da deposição de proteína e terminando com a deposição de gordura. Qual a viabilidade de se trabalhar com duas ou mais dietas? A viabilidade é determinada pela capacidade operacional do confinamento operar mais de um tipo de dieta. Esta estratégia é muito utilizada em confinamentos que recebem animais jovens e leves e precisam passar por uma fase de crescimento ou por confinamentos que exploram a fase de ganho compensatório.
Basicamente estamos direcionando um perfil de dieta para cada etapa da engorda…
No período de Adaptação o grande desafio é fazer o animal consumir. Os animais vêm de diferentes condições de recria, de diferentes origens, de variados períodos de jejum e viagem. O que podemos facilitar para o animal nesta fase? A primeira necessidade é a reidratação. Os animais precisam recompor a água para manutenção hídrica e térmica. Esta primeira necessidade deve ser suprida pela oferta de água de qualidade e abundante. A limpeza de bebedouros e o livre acesso a todos os animais estimula o consumo de água e consequentemente de Matéria Seca de dieta.
Outra necessidade hídrica é a reposição de água intracelular. Logo, se o animal não está consumindo dieta a hidratação celular será afetada. Suprida à necessidade de água, os animais partem para a recomposição de novos tecidos e órgãos (fígado, intestino, rúmen etc.). Esta fase é necessária para que o animal possa aproveitar ao máximo os nutrientes da dieta. Neste período estamos falando do ganho compensatório dos animais. Além da água, o que mais podemos fazer? Com o objetivo de estimular o consumo de dieta, hidratação celular e recomposição de tecidos, gostaria de propor algumas estratégias:
Além das estratégias nutricionais, o manejo tem impacto muito significante na adaptação dos animais. Confinamentos que possuem capacidade operacional para receber os animais, promover um descanso de 1 a 3 dias em piquetes à pasto ou mesmo em currais de engorda antes de processá-los, que oferecem nos primeiros dias uma fonte de fibra palatável como feno ou silagem conseguem melhores consumos e recuperação dos animais. O uso de protocolos veterinários adequados aos desafios sanitários favorece o sistema imune e aceleram a adaptação. O sucesso desta fase é mensurado pela quantidade de animais que refugam cocho e pelo índice de consumo de Matéria Seca até os 21 dias.
Passado a fase de adaptação o desafio é acelerar a deposição de músculo e gordura na carcaça. O desafio agora é ajustar a oferta de dieta e nutrientes à demanda dos animais. O uso de leitura de cocho, avaliação de comportamento animal associado à softwares ou planilhas que mensuram a oferta de dieta tornam o serviço mais preciso. E muito comum escutarmos que o cocho do confinamento deve estar sempre cheio e que a dieta deve ser fornecida à vontade. O ponto aqui é encontrar o ponto de equilíbrio ótimo entre o ponto de vista financeiro, técnico e operacional. A oferta à vontade ou ad libitum superestima o consumo animal e acaba oferecendo mais dieta do que o ótimo.
Uma leitura de cocho pela manhã antes do primeiro trato, associado à animais tranquilos com um número baixo à médio de animais esperando em pé na frente do cocho, associada à uma curva de consumo ascendente e constante é um indicativo de que a oferta está ajustada. Quando observamos uma curva de consumo com altos e baixos “W” efeito dáblio é um indicativo de que a oferta não está no ponto ótimo. Para aqueles que não medem a curva de consumo faça o exercício de contar o número de vagões por dia, caso haja oscilação muito grande, investigue. Uma curva ascendente com consumo crescente entre 5 a 7% dia a dia é um bom exemplo de estabilidade ruminal e de que está no caminho de uma boa Eficiência Biológica.
Qual a melhor dieta adotar? Considerando que o Custo Alimentar da @ Produzida leva em consideração o custo benefício Técnico e Econômico segue abaixo alguns exemplos de dieta e Eficiências Médias Esperadas. Reforço que os valores esperados de Eficiência podem variar. Levando em consideração os preços dos insumos, a qualificação da mão-de-obra, os equipamentos, a idade e escore corporal dos animais, o objetivo da engorda, o período de confinamento, o número de dietas adotadas (adaptação, intermediária, terminação), o preço de compra e venda do boi magro e gordo, as instalações de engorda, as condições climáticas cada Gestor poderá optar pela opção com melhor viabilidade técnica e econômica.
A associação de promotores de eficiência alimentar como Monensina e Virginiamicina apresentam ótimos resultados na fase de terminação. De acordo com a estratégia nutricional e perfil da dieta o nutricionista poderá escolher qual a melhor associação adotar. Em uma próxima oportunidade vamos discutir um pouco mais sobre o Custo Operacional da @ Produzida, algumas estratégias e ações operacionais que podem potencializar o retorno financeiro do confinamento.
* André Melo, é Zootecnista, Mestre em Economia Aplicada ao Agronegócio e cursou MBA em Gestão de Negócios. Atua a dez anos no mercado de confinamento e pasto. Atualmente é Consultor Técnico Comercial da Vaccinar Nutrição Animal.
Referências Bibliográficas
FERRO, P. H., Alimentos Mais Caros: O que e Como Fazer? 8° Encontro Confinamento Gestão Técnica e Econômica. Coan Consultoria. 2013
PEREIRA, M. N., PEREIRA. R. A. N. Processamento de Milho Por Re-hidratação e Ensilagem. 8° Encontro Confinamento Gestão Técnica e Econômica. Coan Consultoria. 2013
UNIVERSITY OF NEBRASKA. Utilization of Corn-Products in the Beef Industry. 2007
UNIVERSITY OF NEBRASKA. Beef Cattle Report. 2008
OHIO STATE UNIVERSITY EXTENSION. Feedlot Manager Primer.
3 Comments
Parabéns André pelo excelente artigo.
Olá Andrea,
Muito obrigado,
Abraços,
André Melo.
Parabéns…Muito bom.