Pode-se verificar que, de acordo com Eduardo Pedroso, os principais fatores levados em consideração atualmente pelos frigoríficos para selecionar suas compras de boi gordo (em ordem decrescente de importância) são: o volume de abate, o peso da carcaça, a qualidade da carcaça e a qualidade da carne.
Eduardo Kristzán Pedroso, da Comprovar – Consultoria Empresarial do Agronegócio, falou sobre sua experiência no mercado pecuário especialmente relacionada com a indústria frigorífica, em palestra no Workshop BeefPoint Tipificação de Carcaças e Comercialização de Gado para Abate nos dias 14 e 15/fev/2012 em São Paulo.
Sua palestra foi: Implantando um sistema de tipificação de carcaças e pagamento por qualidade no Brasil: lições aprendidas.
Analisando a primeira lição aprendida listada por Eduardo, temos: “A seletividade de compra da indústria é determinada pelo alongamento da escala de abate”. Observe seu slide:
Pode-se verificar que, de acordo com Eduardo, os principais fatores levados em consideração atualmente pelos frigoríficos para selecionar suas compras de boi gordo (em ordem decrescente de importância) são: o volume de abate, o peso da carcaça, a qualidade da carcaça e a qualidade da carne.
Desta forma, caso a oferta esteja firme e atendendo a capacidade produtiva da indústria, a seleção de animais baseada em qualidade de carcaça ou de carne fica em segundo plano. Nestas condições, a indústria prioriza trabalhar com o mínimo de ociosidade, diluindo assim seus custos fixos e buscando maior eficiência operacional.
A seleção por animais com maior qualidade de carcaça seria utilizada para compensar a ociosidade da indústria caso a oferta esteja restrita, não atendendo à sua capacidade de processamento. A compensação viria pelo maior preço de venda do produto (carne), atingido devido à maior qualidade empregada.
Entende-se como carcaça ou carne de maior qualidade quando estas têm características que as diferenciam da carne commodity. A carne commodity tem preço balisado pelo mercado e o frigorífico não consegue vendê-la a preços superiores. Já a carne com maior qualidade, a indústria pode agregar valor para aumentar seu preço de venda a mercados mais exigentes.
Principais pontos da palestra:
Lições aprendidas:
01) A seletividade de compra da indústria é determinada pelo alongamento da escala de abate.
02) O Brasil é muito grande e heterogêneo.
Há que se respeitar as características regionais da produção e comercialização.
03) Tipificação de carcaças ajuda a informar a cadeia produtiva
04) Um programa de tipificação de carcaças deve estar alinhado à estratégia de comercialização da carne.
05) Um programa de tipificação de carcaças serve para o mapeamento da qualidade da matéria prima de determinada região.
06) O mercado é quem dita as regras.
07) Valor agregado pode ser obtido por protocolos específicos de tipificação.
08) Sucesso é resultado de planejamento. Nunca conte com a sorte! Estratégia, matéria-prima e gestão são determinantes.
Para assitir o vídeo, ouvir ou ler as palestras do Workshop Tipificação de Carcaças e Comercialização de Gado para Abate clique aqui e tenha acesso aos Web Seminários BeefPoint.
3 Comments
Admiro o pioneirismo da frigorífico Independencia na implantação de um programa de remuneração diferenciada de acordo com a qualidade dos animais (peso e acabamento de carcaça e do couro dos mesmos. Foi único grande frigorífico brasileiro a adotar uma politica comercial diferenciada e mais ampla, agrangendo todas suas compras. E o Eduardo Pedroso foi certamente um dos responsáveis pela criação do programa. Parabéns a todos os envolvidos na implantação do programa. Uma pena que o Independencia tenha praticamende deixado de operar.
Mas confesso que estou surpreso com a conclusão do artigo do Eduardo, pois minha experiência como fornecedor da industria frigorífica é justamente oposta. Acho que quando “faltam” animais para abate, ou seja, quando os frigoríficos trabalham osciosos, é fácil vender qualquer tipo de animal. Já quando as plantas trabalham a pleno vapor, com ampla oferta de animais para abate e escala folgada, naturalmente os frigoríficos começam a ser mais seletivos e eleger apenas animais melhores para adquirir.
Esse resumo que o Beefpoint preparou da palestra do Eduardo Pedroso, no Workshop Tipificação de Carcaças, é só um aperitivo para convidar os interessados no tema a “assistir o vídeo, ouvir ou ler” as palestras. Entretanto eu gostaria de cumprimentar o Eduardo pelos pontos enumerados como lições aprendidas na indústria da carne, eles são todos muito importantes. Eu quero destacar esse que fala do Brasil heterogêneo, porque é em função da variabilidade da matéria prima (gado), nas regiões do país, que precisa ser definido um sistema de classificação.
Lamentável que o quesito – qualidade da carne – seja o último à ser considerado no processo.