A seleção dos novos materiais é baseada, principalmente, em características relacionadas ao desenvolvimento, à persistência e ao valor nutritivo das plantas, buscando-se as seguintes características: capacidade de desenvolvimento e persistência nas condições de solo e clima existente na região; persistência em condições de pastejo; capacidade de responder à adubação e a outras melhorias no ambiente; elevada capacidade de produção de forragem de bom valor nutritivo; reduzida estacionalidade; ausência de fatores anti-nutricionais; e facilidade de estabelecimento e de produção de sementes.
Pouca gente conhece o caminho seguido pelos materiais dentro de um programa de melhoramento e seleção de plantas forrageiras. De modo geral, um programa completo de avaliação de plantas forrageiras compreende: aquisição de coleção de capins com variabilidade genética; caracterização da coleção; avaliações preliminares (avaliações agronômicas em parcelas pequenas submetidas a corte); avaliações de produção (avaliações em parcelas maiores sob pastejo ou corte, a depender do uso final da planta); pré-lançamento (validação em propriedades particulares); e lançamento do cultivar.
Durante a fase de avaliação agronômica (também conhecida como Fase I) são feitos estudos básicos visando ao conhecimento de características gerais do capim. Nessa etapa é avaliada a adaptação, produtividade, susceptibilidade a pragas e doenças, florescimento e produção de sementes dos materiais em regime de corte mecânico. Essas avaliações devem ser feitas por, no mínimo, dois a três anos em locais com condições de clima e solo diferentes. Assim, espera-se obter resultados mais consistentes sobre a interação entre o material em teste e o ambiente. Os ensaios são em parcelas pequenas e envolvem, além de um ou mais cultivares comerciais, um grande número de capins novos.
Os materiais que se mostrarem promissores na primeira etapa passaram para as avaliações de Fase II. O objetivo dessa etapa é verificar o efeito da desfolha sobre o comportamento, produtividade e persistência dos capins testados. Como as plantas respondem de formas diferentes ao corte e ao pastejo (seletividade; “pisoteio”; reciclagem de nutrientes; etc.), é importante que o acesso seja avaliado sob as mesmas condições que será utilizado. As principais características avaliadas durante esse período são velocidade de estabelecimento, disponibilidade de matéria seca total e foliar, porcentagem de folhas, incidência de pragas, doenças e invasoras, composição botânica sob pastejo, dinâmica da população de espécies no caso de consorciação, valor nutricional, persistência sob pastejo e capacidade de suporte. Como nessa fase ainda não há preocupação em se avaliar o desempenho dos animais, esses não precisam permanecer na área todo o período experimental (os animais são utilizados apenas para efetuar a desfolha). Isso permite que sejam utilizada parcelas menores e que um maior número de materiais seja testado ao mesmo tempo.
Por fim, os capins que apresentarem um bom desempenho na Fase II serão avaliados em ensaios maiores para se determinar o desempenho dos animais. Nesse caso, o tamanho das parcelas deve ser suficiente para que não haja limitação à dieta animal, permitindo uma avaliação consistente do seu desempenho. Por serem de alto custo e de maior dificuldade operacional, são realizados com um número pequeno de materiais selecionados nas etapas anteriores do programa de avaliação. Esses ensaios deverão ser conduzidos por, no mínimo, três anos e em locais distintos em solo e clima.
Concomitante a essas etapas de avaliação, são feitos ensaios de apoio para se determinar técnicas de estabelecimento de pastagens, níveis de adubação de acordo com tipo de solo, técnicas de produção de sementes, etc.
Ao final de todo esse processo, é importante ainda que seja feita a validação dos resultados, ou seja, que o capim seja testado em propriedades comerciais.
O sucesso do lançamento de um novo capim depende ainda da disponibilidade de sementes, o que significa que, no final do processo de seleção deve-se iniciar a multiplicação de sementes do material para que estas possam ser disponibilizadas no mercado.
Comentário: O lançamento de um novo capim sempre gera muita expectativa. Ao mesmo tempo que há uma forte pressão para que novos materiais sejam disponibilizados, há uma grande desconfiança sobre o seu desempenho em propriedades comerciais. O lançamento de cultivares pouco ou mal avaliados pode acarretar em grandes prejuízos para os produtores. Por esse motivo, a seleção de um novo capim, quando feita por instituições sérias, é fruto de muito trabalho. O programa de melhoramento de plantas forrageiras da Embrapa é um dos maiores do país e, desde de 2001, vem sendo desenvolvido em parceria com a Unipasto (Associação para o Fomento á Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras Tropicais, formada por firmas produtoras de sementes de plantas forrageiras). Já existem vários capins em fase final de avaliação e novos materiais resultantes desse convênio devem ser disponibilizados aos produtores a partir de 2006.