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Comodismo

Por Louis Pascal de Geer1

As lamentações sobre a crise na agropecuária, a taxa do câmbio e a aparente impotência do MAPA e demais áreas do governo chegam a tal ponto que estão funcionando como verdadeiros imobilizantes, estimulando assim o comodismo que é o grande gerador e mentor do atraso e da incompetência.

Até o presidente da Bolívia vem para colocar os pingos nos is, falando em voz alta que o gás é deles.

Como faz falta uma voz alta na agropecuária brasileira; a única ouvida infelizmente pertence ao MST com seus atos e atitudes de quase agro-terrorismo. Somos os tolos que plantam, cultivam, colhem e ainda esperamos que o João garanta desde daquele tempo.

Precisamos acordar e agir como agricultor cidadão e como País, pois é obvio que o Brasil é um dos maiores produtores do mundo de matéria prima sendo esta de origem mineral, vegetal ou animal, mas ficando do jeito que está, sempre ficaremos sujeitos às leis deste mercado primaria onde o dinheiro grosso se ganha somente quando se pode agregar valor aos seus produtos.

Isto não está acontecendo por falta de visão, criatividade e coragem, mas os principais ingredientes que estão em falta no momento são vontade e a ética profissional.

Não tem cabimento que não temos ainda o assunto do bio-diesel resolvido e funcionando mesmo com óleo de soja, mamona, carnaúba etc e que precisamos assistir ainda que firmas estrangeiras como D1 Oils já fazem contratos de fornecimento de sementes para a o plantio da Jatropha curcas na Índia, Camboja e Indonésia para a produção do bio-diesel.

Pelo jeito pode ser plantada até em terras semi-áridas e fracas e aparentemente produz depois de 2 anos e dura 40! É o ovo de Colombo energético que desviou do América do Sul porque até agora ninguém quer falar sobre o assunto do bio-diesel sem incluir o álcool que no meu modesto ver não é necessário, mas o lobby é grande e pesado e vai provavelmente tentar segurar até que vai ter álcool sobrando para ser usado no bio-diesel, mas este momento não chegará tão cedo com a demanda aquecida tanto no mercado interno e externo como também pelos preços do açúcar no mercado internacional.

Não tem cabimento que não temos ainda um patamar diferente para os nossos produtos de origem animal onde falta uma pesquisa do mercado sobre quais as qualidades que o cliente quer ver nestes produtos em termos de manuseio / preparo e embalagem.

É obvio que cada vez menos gente quer fritura em casa ou então usar muita energia para preparar as refeições e isto quer dizer que felizmente a exportação de carnes in natura, congeladas ou resfriadas, estão com os dias contados.

Os frigoríficos devem investir pesadamente em tecnologia de processamento de alimentos e seus derivados sejam estes de origem bovino, de aves ou suíno.

Na realidade é a melhor coisa que pode acontecer no setor porque obrigam melhoramentos em todas as áreas onde se poderá e deverá incluir os Sisbov na sua concepção original sem concessões ao comodismo e incompetência de alguns que prejudicam até hoje a cadeia inteira.

Não tem cabimento não termos um mercado interno forte para os grãos e também falta investir em produtos industrializados ou processados que agregam valor.

Chega de ficar na mão de algumas multinacionais e depender do mercado primário. Cadê os produtos e indústrias de cooperativas? Mortos?

Transformar o Brasil num grande canavial pode ser um sonho para alguns, mas desestabilizará o campo porque destrói as estruturas nas fazendas e cria filhos dos donos das terras na cidade, perdendo assim a razão e equilíbrio que o trabalho no campo fornece.

Temos todas as respostas nas nossas mãos para melhorar de vez a situação, vamos sonhar, pensar, decidir e fazer. Chega de ser o país do futuro, vamos começar pelo presente.

________________________
1Louis Pascal de Geer atualmente é consultor, trabalhou durante 28 anos para Agropecuária CFM Ltda, se aposentando como vice-presidente da empresa

0 Comments

  1. Hans Nagel disse:

    Meu caro Senhor.

    O problema do produtor é genético. Lutei durante 12 anos para fazer entender que o Brasil necessita uma estrutura como da Austrália, a Meat and Live Stock Corporation, que já foi emancipada para a esfera privada.

    As respostas, como isto nunca funciona no Brasil, isto é uma utupia etc. Me deixaram perder um ano de trabalho às minhas custas com entidades supostamente competentes, mas sem preparo para a missão. Além disso, o medo dos bandidos, vulgo políticos, não permite que o produtor se organize.

    Cordialmente

    Hans Nagel

  2. Antonio Pereira disse:

    Parabéns pelo artigo.

    É através do raciocínio lógico e inteligente, como este que o Sr. escreveu, que o Brasil poderá chegar a algum lugar.

    Por enquanto estamos produzindo muito mas sem planejamento político, econômico e social.

    De uma maneira ampla, vivemos num grande país mas ainda não o temos como nação.

  3. Fernando Penteado Cardoso disse:

    Prezado Pascal,

    Seu veemente apelo deveria ser encaminhado à CNA quando diz: “Como faz falta uma voz alta na agropecuária brasileira”. Quanto aos frigoríficos, acredito que adotem tecnologia satisfatória, pelos menos pelo que sei e visitei.

    Quanto à cana, temos 5 M ha plantados e cerca de 45 M em culturas anuais. Vai levar muitos anos para transformar o país em um imenso canavial, ainda mais se considerarmos os investimentos complementares em usinas, transporte, etc. etc.

    Agora, que a situação dos cereais e do gado de corte está difícil, está mesmo e sem solução à vista. Nosso governo, para rolar e ampliar a dívida interna, toma empréstimos a juros altos dos milhões de investidores em CBD de prazo fixo etc. Como baixar os juros sem desgostar nossos poupadores, também eleitores, para então afugentar os investidores de fora e enfraquecer uma pouco o nosso $Real? Digam os entendidos ou um clarividente.

  4. Márcio Teixeira disse:

    Acredito que estamos (nós produtores) sem representatividade política nenhuma, estamos sozinhos em mar de verdadeiros tubarões que só pensam em benefício próprio, esquecendo de quem labuta no sol e na chuva durante o ano todo.

    Não podemos confundir grandes estruturas do agronegócio, com os pequenos e médios produtores, que não tem nenhuma política de desenvolvimento e de apoio.

    Tenho certeza que a grande saída para a classe produtora é a sua organização sem envolvimento político individualista. Sinto que precisamos nos organizar, de encontrar caminhos que envolvam aqueles que acreditam que a força da união entre os produtores, e as ações conseqüentes, possam nos levar ao debate sóbrio e de desenvolvimento, de fato, da classe produtora rural.

    A grande questão é como envolver e organizar os produtores, e discutir, entre nós, os caminhos que desejamos trilhar sem depender, diretamente, de ações equivocadas e excludentes dos governos.

    Esse assunto é de fundamental importância para o desenvolvimento da classe produtora e deve ser tratado com cuidado e prioridade, objetivando valorizar e apoiar os ganhos de renda e de sustentabilidade dos empreendimentos rurais brasileiros, que sofrem há anos com a política agrícola equivocada existente até os dias de hoje.

  5. João Mansur disse:

    Lúcido, claro e inteligente. Parabéns.

  6. Janete Zerwes disse:

    Caro Louis,

    É com enorme satisfação que vemos um artigo tão claro e contundente, como o seu, ser publicado pelo BeefPoint. Como leitora assídua desse site, já faz algum tempo, venho acompanhando seus escritos. Lamento a falta de mais pessoas com uma visão abrangente como a sua.

    Realmente temos que agir como cidadãos produtores, e diria mais, politizados. Politizados no sentido de estarmos antenados com a economia global, tendo em vista que hoje estamos mergulhados em uma economia essencialmente capitalista.

    Basta lermos as notícias, para sabermos como nossos concorrentes se organizam:

    – Os EUA, que o ano passado estavam transferindo grande parte das terras destinadas ao cultivo da soja, para o cultivo do milho, a ser transformado em álcool, anunciam plantarão, historicamente, a maior área de soja (em torno de 7% de aumento da área no total). Estão antecipando o que irá acontecer conosco no Brasil para a safra 2006/2007, teremos uma redução de área de plantio, acredito eu, em torno de 10%. Essa nossa redução se efetivará por absoluta falta de recursos para o próximo plantio.

    Se nós produtores, ao invés de nos colocarmos no estado atual de total descapitalização, tivéssemos um planejamento macroeconômico, para orientar os rumos dos investimentos no campo, não estaríamos nos colocando a mercê de um mercado saturado de oferta de grãos e, conseqüentemente com preços e barganhas em baixa. Digo barganhas, para usar um termo mais popular para negociações.

    – Quando recém estamos pensando em agregar valor a nossa produção primária através da industrialização, a China já está anunciando restrições, via preços, à importação de produtos industrializados; obrigando indústrias sediadas no Brasil, como é o caso da Bunge, transferir unidades esmagadoras de soja, para a China para industrializar naquele país.

    – Enquanto ficamos “pensando” em buscar nichos de mercado para a nossa produção de carnes, os EUA fecham contratos (em uma atitude clara de protecionismo econômico mútuo) de exportação para a Europa, que visam o abastecimento quase que total da carne para aquele mercado.

    A questão do biodiesel, tem sido largamente discutida, como possibilidade de alternativa de diversificação de produção.

    Mas, à semelhança de outros projetos, fica em compasso de espera, aguardando não se sabe o que, para que seja valorizada e aplicada (não sei se teríamos justificativa mais forte do que os atuais preços do petróleo, para corroborar a necessidade de busca por combustíveis alternativos – sem contar com os benefícios da redução de emissões de gases poluentes para a atmosfera, que abre espaço para comercialização de créditos de carbono, o que seria um “plus” de remuneração para esses investimentos).

    Fico igualmente como você, atemorizada, em ver que existe uma tendência clara em substituir a “monocultura da soja” pela “monocultura da cana”, reproduzindo condições históricas de monoculturas, como a do café e da cana, soja, que levaram este país, o Brasil, a se manter no status colonial até os dias de hoje.

    Concordo com você quando fala do comodismo, se não fôssemos comodistas, não estaríamos nas condições atuais de dificuldades. Quando se diz uma coisas dessas, sofremos uma resistência enorme por parte do setor produtivo primário. Mas, o que aconteceu aqui no Mato Grosso (2002/2003), ilustra muito bem, um mecanismo clássico, ou melhor, uma cultura que acompanha o agricultor, especialmente nós descendentes de colonos oriundos dos estados do sul, que pela falta de terras para expansão, viemos para o Mato Grosso. Nosso ideal, era a aquisição de terras para plantar, e para concretizá-lo, enfrentamos todas as condições adversas, de logística e de solos do cerrado, construindo estradas e armazéns, transformando e construindo solos adequados às diferentes culturas.

    Em 2002, diante da euforia dos preços da soja, provocada pela valorização cambial e de mercado, saímos comprando terras para novas aberturas, avançando sobre áreas de pecuária para plantar mais soja essencialmente. Com isso alavancamos o mercado imobiliário, que teve altas de valorização da terra em um ano, que talvez levassem 10, para chegar aos patamares em que chegou. Não consideramos o custo do capital imobilizado na terra, o tempo necessário para pagá-lo e, o risco de fazê-lo, com o resultado da comercialização dos produtos, para avaliar a viabilidade desses investimentos.

    O resultado do citado acima foi: excesso de gado em oferta, pela venda do mesmo, que estava nas áreas a serem ocupadas pela agricultura; e, descapitalização do agricultor, que investiu recursos que poderiam ser usados, para redução dos custos advindos dos financiamentos.

    Em 2004, nos reunimos para discutir a descapitalização do setor, e a situação de inadimplência dos produtores, tanto pecuaristas como agricultores.

    Em 2002, fomos capa de revistas, que estampavam o agronegócio como o nicho da riqueza nacional, não faltou citar sequer o consumismo exacerbado da sociedade do campo, até a Daslu, foi assunto do cerrado. Agora, estamos com dificuldades para convercer o governo e a opinião pública sobre nossa realidade atual, mesmo diante das catástrofes climáticas, como a sêca que assolou o RS, deixando-o em 2003, numa situação semelhante a nordestina.

    Primeiro gostaria que ficasse bem claro, que é evidente a interferência da questão cambial nos resultados financeiros da remuneração da produção, especialmente, da produção primária, mas veja bem, esse é um fator, teríamos que considerar outros como:

    – Planejamento macroeconômico da produção primária, e as estratégias para evitar super oferta, ou seja, utilizar o conceito básico da comercialização, que é a lei da oferta e da procura;

    – Estudo e adequação econômica da utilização de solo e clima, entre outros, como fatores de redução de custos de produção, incentivando a diversificação da produção através desses fatores;

    – Avaliação da logística regional para cada produto, considerando condições de industrialização, transporte e consumo;

    – Adequar individualmente os investimentos através do estudo prévio da utilização e remuneração do capital a ser aplicado;

    Além desses fatores, deveríamos considerar muitos outros, que estão ligados diretamente ao gerenciamento individual das propriedades, para que tenhamos sustentabilidade econômica através da lucratividade.

    Desculpe se me estendi demais, mas quando encontro uma voz que fala uma linguagem realista,não resisto ao desabafo.

    Mais uma vez, gostaria de agradecer pela lucidez e conhecimento, colocando-me aqui em Mato Grosso à sua disposição, na Federação da Agricultura, FAMATO, para troca de idéias que beficiem o setor.
    Abraço,
    Janete Zerwes
    Coordenadora de Tecnologia e Pecuária
    Comissão de Produtoras Rurais – FAMATO – MT

  7. Rogerio Zart disse:

    Plenamente de acordo. O que o autor escreveu é o que todos almejamos.

    Mas e aí? Por onde começar? Na prática, objetivamente, qual a saída? Quando estamos agonizando, debilitados financeiramente, com todos os produtos que trabalhamos sem qualquer renda?

    Por enquanto, a única saída que vislumbro é rezar para que uma usina se instale próximo a minha fazenda.

  8. Paulo Dalmaso disse:

    Bem pertinente. Até inicio da década de noventa a soja tinha mercado interno e as frustrações se compensavam pela competição das esmagadoras. Pela desatenção dos gestores do país, elas foram embora e muitos acharam ótimo. Agora vamos vender grãos para os chineses, deu no que deu. Vamos ter de importar óleo, farelo e derivados .

    Há pouco tempo um pecuarista comentou que agora sim, abriram o mercado de gado em pé para o Líbano! Nessa ótica daqui há algum tempo estaremos importando carne enlatada, pois estamos enviando um animal com todo o potencial produtivo para o exterior.

    A cadeia do arroz montada no braço e que foi estruturada do sul ao norte de forma completa sem nenhuma intervenção ou ajuda esta prestes a ser desmontada, quando trigo acabou, a do milho não existe e esta ao sabor da ameaça (olha que eu importo da argentina).

  9. Louis Pascal de Geer disse:

    Em primeiro lugar, quero agradecer todos que enviarem os comentários sobre o artigo “Comodismo” que foi publicado no Espaço aberto do Beefpoint de 10/04/2006. É sempre muito gratificante e necessário receber um feedback dos leitores.

    Fiquei comovido de ler o comentário do Dr. Fernando Penteado Cardoso, alguém que sempre inspirou e incentivou avanços na indústria de fertilizantes, na agricultura e na pecuária e é profundamente triste que ele afirma de que a situação dos grãos e do gado de corte está difícil e sem solução à vista.

    È justamente por isto que escrevi o artigo, porque precisamos ter uma luz no fim do túnel, um objetivo e meta para alcançar, que consegue virar o jogo.

    Aí vou para Márcio F. Teixeira, que está vendo os produtores sozinhos em mar de verdadeiros tubarões e com uma falta total de representatividade política, e se pergunta como agir para melhorar a situação. Entre as linhas, pinta o quadro de cooperativas como possível solução.

    Hans Nagel lutou para importar algumas boas idéias da Austrália, mas pelo jeito bateu a cabeça num muro de concreto de incompreensão e ouviu o disco “Isto nunca vai funcionar no Brasil”, e agora está prestes a pensar que o problema do produtor é genético.

    Paulo Dalmaso descreve os “avanços” de comercialização no mercado interno nos últimos anos numa maneira perfeita e coloca o dedo na ferida quando fala dos gestores do país.

    Antonio Pereira fala que produzimos muito, mas sem planejamento político, econômico e social e que vivemos em um grande país, mas ainda não temos a nação.

    João Mansur achou o artigo lúcido, claro e inteligente.

    O autor agradece.

    No fundo ficou claro para mim que a Agricultura e a Pecuária infelizmente somente se tornam importantes politicamente quando aparecem as crises, como os problemas sanitários, fundiários, sociais e do meio ambiente, e mesmo nestas situações as ações são muitas vezes mal-planejados e conseqüentemente inadequadas.

    A força do produtor tem que vir das bases, nas Casas de Lavoura, nos Sindicatos e Cooperativas dentro do Município.

    Como seria bom ter um Conselho Municipal de Agropecuária realmente funcionando, com representação nas DIRAS, Secretarias Estaduais e MAPA; seria um tipo de Câmara Setorial melhorado porque os que estão aí no momento no meu ver, não funcionam.

    A base de todo é o município e a vontade e criatividade dos seus habitantes e administradores.

    As cooperativas devem ser reerguidas e contar com ajuda do BNDES para também implantar indústrias para agregar valor aos produtos primários.

    Cada um pode dar o primeiro passo.

    Não vamos esquecer o BioDiesel da Jatropha curcas, vale a pena investigar e depois investir.

  10. Louis Pascal de Geer disse:

    É com muito prazer que recebi o comentário da Janete Zerwes e ela faz um resumo dos problemas que os produtores enfrentam, alerta pela necessidade de ser mais participativo e ligado aos acontecimentos globais, e ter uma visão clara como que estes nos afetam diretamente ou até indiretamente.

    Também mencionou os saltos enormes dos preços da terra, a debandada onda de compra de mais terra e do consumismo depois e agora, na hora de vacas magras, a falta de meios de convencer a opinião publica que o setor enfrenta problemas mesmo quando catástrofes climáticas eram visíveis para todos como também a questão cambial.

    Retrata um pouco da história do jeito que grande parte do MT foi aberta e as conseqüências disto. Finalmente quer um planejamento melhor tanto macro como microeconômico englobando todos os setores e culturas e focalizado na sustentabilidade econômica através da lucratividade.

    O Rogério Zart, está de acordo com o artigo, mas pergunta “E aí? Por onde começar? Qual a saída? Como fazer? E sonho com o aparecimento de uma usina na porteira da sua fazenda.

    As duas frases muito ouvidas e faladas no mundo inteiro são:

    Não tem milagre

    Não tem almoço de graça

    Mas aqui no Brasil e principalmente na agropecuária acreditamos piamente em milagres e achamos também que temos sempre um almoço garantido, pagamos quando queremos e podemos se não vai ser de graça mesmo, mas o grande problema é que o milagre que nós conseguimos realizar infelizmente muitas vezes se restringe a não pagamento deste famoso almoço, e é só.

    A novela de financiamentos para agricultura, rolagem da dívida e novos financiamentos custam muitos recursos, mas infelizmente não mudam as estruturas arcaicas e muitas vezes até podres existentes, e na realidade estamos num ciclo vicioso sem muito futuro.

    Para melhorar a situação vamos ter que suar a camisa, não adiante esperar milagres dos outros ou do governo e já seria muito bom que não atrapalhasse no que precisa ser feito.

    Começa na fazenda com uma reflexão profunda sobre o que estamos fazendo e porque, como podemos melhorar o que depende só de nos.

    A Philips tem um slogan simples e abrangente “Let us make things better” ou “Vamos fazer as coisas melhor e melhorar as coisas”. Um tipo de frase que caracteriza o melhoramento contínuo.

    Precisamos nos abrir e principalmente unir e começar a usar os meios que temos para escutar e discutir como podemos mudar as coisas.

    Seria possível tentar incluir a soja no merenda escolar e cestas básicas por enquanto, como salada fria e começar plantar as variedades desenvolvidas para o consumo humano.
    A lista dos produtos derivados do milho é imensa e pode inspirar empreendedores e cooperativistas a montar indústrias.

    Participar ativamente nos municípios, sindicatos, cooperativas e até com as indústrias já instaladas.

    Em termos macro, devemos nos perguntar como agir com a China, porque este assunto requer uma reavaliação total por nossa parte.

    A pressão para ter alimentos suficientes para a população é deles e é obvio que eles vão fazer de todo para resguardar a alimentação aos menores custos possíveis.

    Pode se pensar em criar um imposto sobre produtos primários exportados, porque estes não vão ter valor agregado no Brasil e conseqüentemente isto vai ser feito lá fora.

    Já existam no mundo vários tipos de impostos sobre valor agregado como VAT (Value added Tax) ou IVA (Imposto sobre Valor Agregado) e uma contrapartida para a matéria prima deve ser viável em termos políticos.

    Seria muito útil conversar seriamente com o ministro Furlan que deve ter uma visão abrangente sobre estes assuntos.

    Na carne, espere o dia em que os Frigoríficos tenham a tecnologia e a coragem de usar os cortes nobres em produtos industrializados e com os maiores valores agregados, será possível um outro renumeração para os fornecedores do gado.

    Sou leigo, mas tenho quase certeza que uma grande parte de problemas sanitários vão ser contornados mais fácil quando se produzir mais produtos industrializados, em vez de carne in natura resfriada ou congelada.

    Nada podia impedir que o assunto do BioDiesel saia das gavetas e vire uma realidade para nós e principalmente em MT, que tem todo para ser o líder neste assunto.

    A FAMATO pode fazer um papel importante junto ao governo e produtores e tenho a certeza que serão ouvidos.

    Vamos investigar a Jatropha curcas e depois agir neste assunto que é o mais fácil e urgente a ser resolvido.

    Fé e Coragem sempre foram as características dos desbravadores.

    Um grande abraço e Feliz Páscoa para todos.

    Louis Pascal de Geer

  11. Luiz Ribeiro Villela disse:

    A Sra. JANETE ZERWES, da FAMATO-MT, mostra-se sempre presente com seus comentários oportunos a tudo de importante que se discute no BeefPoint.

    A ela,sem duvida, COMODISMO não se aplica.

    Que belo exemplo aos demais representantes de entidades sindicais patronais deste Brasil, totalmente omissos aos interesses da classe que deveriam representar.

  12. Germano Vidal disse:

    A visão clara e objetiva apresentada no artigo, demonstra mais uma vez a ausência total de racionalidade dos governantes quanto às relações entre o campo e as decisões governamentais urbanas que vêm de cima para baixo.

    Se perguntarem a qualquer produtor do campo para citar alguns problemas que o aflingem, provavelmente todas as mencinadas no artigo estarão incluídas e mais algumas. É tão fácil olhar os problemas do campo e tentar resolvê-los, mas o “lobby” envolvido é claramente mais forte.

    Quando um Ministro da Agricultura atua mais como defensor do empresariado ao invés de portar-se como planejador de futuro, independente nas decisões, integrador das soluções sociais no campo, incentivador para manter o homem no campo, criador de programas de assitência técnica ao campo, etc, etc, etc..

    O governo definitivamente não entende do campo e atrapalha mais do que ajuda.