Montana programa dois leilões para a próxima estação
21 de julho de 2003
Abates voltam ao normal lentamente em Goiás
23 de julho de 2003

Complicômetro II

Outra vez retornamos à cata de “bodes expiatórios”, indústria tão do agrado de nossos patrícios. Agora é a vez dos frigoríficos como culpados pela embrulhada do SISBOV.

O ex-ministro Pratini de Moraes errou feio ao admitir que nossa pecuária de corte fosse igual à do continente europeu, podendo as exigências de lá serem aplicáveis aqui, em nossos pantanal, varjões e cerrados, com muitos milhões de Nelores saudáveis a pleno sol, chuva e sereno.

Agora cumpre ao novo Ministro resolver esse “abacaxi”, renegociando em Bruxelas um sistema de garantia de qualidade sanitária que seja exeqüível nas nossas condições, evitando submeter os criadores e invernistas a um “complicômetro” que não tem tamanho e que dificilmente poderá ser cumprido.

Se os assessores do MAPA vierem a insistir que tem que ser “por pau ou por pedra”, arriscando desorganizar a pecuária, resta dar a eles um conselho: tirar a “b…” da cadeira e ir ver de perto o que está acontecendo nas invernadas e nos frigoríficos, bem como analisar o atual jogo de interesses: de um lado os cartórios dos rastreadores, sejam fabricantes de petrechos ou prestadores de serviço; de outro lado os milhares e milhares de pecuaristas menos elitizados, que proporcionaram o milhão na exportação e os muitos milhões nos balcões de carne.

Pelo amor de Deus, santas autoridades: ponham os pés no chão, esqueçam a beleza dos animais de pista e cocheira e estabeleçam o rastreamento a partir dos currais de espera dos abatedouros, fiscalizando-os seriamente, inclusive com assistência dos importadores, se for o caso.

Mas deixem os pecuaristas trabalhar, criando, recriando, engordando e vendendo os milhões de carcaças que tornaram possível os recordes desse ano.

Lembre-se prezado Ministro Roberto Rodrigues: os cortes de carne não levam o número do boi, apenas a marca do abatedor; nos currais, sim, qualquer irregularidade pode ser rastreada de imediato até o vendedor e, retroagindo, até o invernista e eventualmente até o criador. Esse o rastreamento factível, livre do “complicômetro”.

Os comentários estão encerrados.