Por Fernando Penteado Cardoso1
Mais uma reunião sobre brincos e botões.Quantas já tivemos! Quanto tempo perdido! Imagine-se esse esforço todo, esse empenho, esse entusiasmo, esse espaço na mídia, esse dinheirão gasto, etc. etc. empregados em objetivos úteis à pecuária, como por exemplo, a prevenção da febre aftosa! Essa sim, viria a justificar uma grande campanha e um sem número de encontros!
Agora se discute se o SISBOV pode ou deve ser facultativo. Santo Deus, “p´ra que discutir o óbvio?” É claro que deve ser facultativo!
Mas facultativo de fato:
1- o importador europeu paga mais, ou só compra, ou dá preferência à carne rastreada, porque assim o exigem, ou preferem, seus consumidores; caso contrário, “tudo bem”, dispensa o “rastreio”;
2- o exportador d´aqui, para atender seus clientes lá de fora, ou para fazer “marketing” de produto diferenciado, convida seus fornecedores de boi gordo a rastrearem e paga mais por esse tipo de carcaça. Não havendo interesse, “tudo bem”, compra boi sem brinco. Será difícil inventar “manobras”;
3- o criador/invernista/confinador, para ter mercado para suas rezes e para receber um ágio pelo produto, por ser de sua conveniência, contrata uma certificadora, compra os petrechos e se sujeita a toda a complicação, por que é comercialmente vantajoso para ele. Se não tiver vantagem e houver procura, vende sem brinco “e pronto”.
Fecha-se o ciclo dentro das regras de uma economia de mercado.
Por vezes fico perplexo. Porque falamos tanto em iniciativa particular, em liberdade de iniciativa, em economia de mercado, em menos ingerência do governo, em menos dirigismo estatal, se estamos sempre a inventar e a tolerar obrigações, regulamentos, complicações, papelada, elevação de custo, etc etc?
Brinco e botões não trazem, nem garantem sanidade. Esta começa por uma consciência do criador em delatar ocorrências em seu rebanho particular, bem como no dos vizinhos. A ninguém é lícito nem ético saber de um caso de aftosa e não levar o fato a sua associação e às autoridades! Não é pelo fato de estressar seus bois com rodeios extra para aplicar os ditos petrechos, caso obrigatório, que um criador pode se omitir no caso de um problema sanitário, sob a alegação que isso compete a terceiros!
Mas, como sempre, pode haver distraídos… Então, a consciência da sanidade se completa por uma eficiente e rigorosa fiscalização nos abatedouros. Uma fiscalização que inspire confiança, tanto aos fornecedores de boi, como aos inspetores que nos visitam, procedentes dos paises consumidores. Vem acontecendo hoje e continuará no futuro… Se quisermos continuar a exportar e a bater recordes.
Uma inspeção que venha igualmente oferecer garantias de sanidade aos consumidores patrícios, que, felizmente, não precisam ter medo da vaca louca!
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1Fernando Penteado Cardoso, Engenheiro Agrônomo Sênior, Agrolida.
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É isso aí. Está cheio de ‘”empresários liberais, bacanas” apoiando ingerencias do Estado no nosso negócio. Ultimamente tem aparecido algumas Madalenas.
Concordo plenamente com o artigo do Dr Cardoso. Mmais uma vez ele resume em poucas palavras o que todos produtores pensam e gostaria de fazer.
Vamos pelo menos uma vez ouvir o produtor. Ele é o dono do boi basta a ele decidir o que e mais viável.