No mercado físico, as escalas seguem curtas e a oferta não aumentou significativamente na última semana. Mesmo assim os frigoríficos seguem pressionando e buscando negócios a preços mais baixos. O mercado do boi gordo teve mais uma semana de baixa com o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo sendo cotado a R$ 89,05/@, nesta quarta-feira, com recuo de 0,54% na semana. Em um mês a desvalorização acumulada é de 3,69%.
O mercado do boi gordo teve mais uma semana de baixa com o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista registrando variação acumulada de -0,56%. O indicador a prazo foi cotado a R$ 89,05/@, nesta quarta-feira, com recuo de 0,54% na semana. Em um mês a desvalorização acumulada é de 3,69%.
Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo
Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio
Confirmando as expectativas dos frigoríficos exportadores, nesta semana o MDIC divulgou os dados das exportações brasileiras de carne bovina in natura, que registraram recuos tanto em receita quanto em volume. Em outubro, foram enviadas ao exterior 89.252 toneladas de carne bovina in natura, responsáveis pela geração de US$ 394,27 milhões.
Tabela 2. Exportações Brasileiras de carne bovina in natura
Apesar do recuo de 13,15% em relação ao mês anterior, os dados de receita divulgados na segunda-feira, são 21,16% superiores ao registrado durante o mesmo período de 2007, evidenciando melhor desempenho das empresas exportadoras.
No somatório de janeiro a outubro, a receita das exportações de carne bovina in natura em 2008 já é recorde. Até o momento a receita atingiu o valor de US$ 3.565.850, 21,77% superior ao realizado no mesmo período do ano passado e 2,30% acima da receita total de 2007.
Esta melhora se deve à valorização do produto brasileiro no mercado internacional. No mês passado, o preço médio da bovina in natura exportada pelas empresas brasileiras foi de US$ 4.417/tonelada – o maior valor de todos os tempos -, com valorização de 43,27% em um ano. Clique aqui e leia o artigo completo sobre exportações de carne bovina in natura.
Gráfico 2. Preço médio da carne bovina in natura exportada
O diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Bovina (Abiec), Luiz Carlos de Oliveira, afirma que, de certa forma, a retração já era esperada, principalmente, em função do aumento dos preços da carne no mercado internacional e da redução de compras de mercados menores. De acordo com Oliveira, esse movimento pode ter também relação com os problemas nos contratos com os importadores russos, iniciado no mês de outubro.
Apesar da Rússia ser o maior comprador do produto brasileiro e o problema com os importadores do país ainda não ter sido resolvido, causando muita agitação e especulação no mercado da carne, o presidente do grupo JBS-Friboi, Joesley Mendonça Batista, diz não estar preocupado com a situação. Segundo ele, nos últimos três anos os importadores russos registram esse mesmo fenômeno e as importações sempre voltam. “Vindo da Rússia, isso é recorrente. Os russos vão se adequar e voltarão a comprar porque o mercado interno vai continuar demandando carne”, disse Batista.
Na avaliação do diretor de relações com investidor do JBS-Friboi, Jerry O´Callaghan, a Rússia vai continuar dependendo do mercado internacional para abastecer seu mercado interno e o movimento de compras vai ser normalizado. As vendas para o mercado russo tiveram um forte crescimento no primeiro semestre do ano, permitindo que houvesse formação de estoques. “Os russos produzem cerca de 1,5 milhão de toneladas e importam um volume semelhante, o que mostra uma dependência de quase 50% de importações”, disse O´Callaghan.
No mercado físico, as escalas seguem curtas e a oferta não aumentou significativamente na última semana. Mesmo assim os frigoríficos seguem pressionando e buscando negócios a preços mais baixos. Apesar de trabalharem com escalas curtas as grandes indústria se mantém fora do mercado ou demonstram pouco apetite para as compras e seguem montando suas programações de abate com animais negociados a termo, em sua maioria o final dos bois de cocho desta entressafra, e com animais próprios. Agentes do mercado comentam que a oferta desses animais já deve estar no final e ainda não existe grande volume de animais de pasto, assim a disponibilidade de bois prontos para abate nos próximos dias deve continuar restrita.
Em São Paulo, o compradores seguem ofertando R$ 88,00/@, mas são poucos os negócios efetivados e para conseguir lotes maiores e completar escalas é preciso negociar prazos e condições de pagamento. No Mato Grosso do Sul, o mercado também segue parado, com os frigoríficos ofertando R$ 83,00, mas com pouco exito nas negociações.
Situação semelhante acontece em todas as regiões do país, mas os frigoríficos seguem apregoando nos recuos, alegando que a exportação não vai bem e o consumo interno ainda é fraco.
Apesar dos recuos na exportação já citados anteriormente, os frigoríficos exportadores tiveram uma melhora no poder de compra em outubro, ou seja, a carne continuou em alta no mercado externo enquanto a arroba do boi recuou. Assim a relação de troca arrobas por tonelada, que dá uma idéia de quantas arrobas de boi gordo foi possível adquirir com o valor de uma tonelada de carne exportada, teve alta no mês passado (+19,26%), ficando em 105,69@/tonelada. Este é o valor mais alto desde novembro de 2006.
A lista de propriedades aptas a exportar para a União Européia continua crescendo porém em ritmo lento. Até a semana passada, eram 489 fazendas na lista oficial, o que corresponde a pouco mais de 10% do número de fazendas aprovadas no Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), do Ministério da Agricultura, que tem cerca de 4.300 propriedades cadastradas.
Para o diretor-executivo da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), Juan Lebrón, o ritmo continua lento. “Assim não vamos retomar nem em um ano o volume que exportávamos para a Europa, antes do embargo.” Para ele, o problema não é a fiscalização, e sim o tipo de exigências. “A tolerância é zero. Qualquer item, mesmo que seja a latitude e longitude, que não estiver em conformidade com o check-list, desabilita a fazenda.”
Além de acharem que o processo deveria ser mais ágil, produtores reclamam que os frigoríficos reduziram muito os prêmios pagos pela arroba de animais provenientes de propriedades aptas a exportar para a UE.
Juan Carlos Lebrón, diz que os prêmios, antes entre 15% e 20% por arroba, hoje são de 3% a 4%. “Esses percentuais não justificam o esforço que o pecuarista faz para manter a estrutura de controle, que exige tolerância zero.”
A redução da remuneração pode levar algumas fazendas aptas a exportar para a UE a não acompanhar corretamente as medidas de exigência de controle. Se isso ocorrer e surgirem novos problemas sanitários, o país voltará à estaca zero na reconquista desse mercado.
O leitor do BeefPoint, Alberto O´Farrill Vannini Pessina, comenta, “eu diria que já não existe mais prêmio, uma vez que, segundo os frigoríficos, o mercado Europeu não está mais comprando carne. Com isso, o produtor que investiu para estar na lista, acaba arcando sozinho com todo este custo”.
“Eu sou um destes que já investiu, está na lista e não recebi prêmio nenhum, e sugiro a quem está iniciando os investimentos a segurar um pouco e esperar o mercado se firmar. Pois estou arcando com todo o custo de entrada e ainda com o custo de manutenção, que não é barato”, ressalta Pessina.
Com o boi gordo em baixa, o mercado de reposição também esfriou. O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 707,40/cabeça, acumulando desvalorização de 1,63% no mês. A relação de troca está em 1:2,05.
A margem bruta na reposição se encontra em R$ 739,98, abaixo da média dos últimos 12 meses que é de R$ 750,45. A margem bruta é o quanto sobra para o pecuarista após a operação de venda de um boi gordo (16,5@) e compra de um bezerro para reposição. Este valor representa o que será disponibilizado para investimentos, pagamento de contas e funcionários e lucro.
Manoel Torres Filho, de Tupi Paulista/SP, comenta que o mercado de reposição continua lento e que na sua região o bezerro desmamado vale R$ 650,00, porém com poucos negócios efetivados.
Como está o mercado do boi gordo e reposição em sua região, em relação a preços, oferta e demanda e número de negócios efetivados? Por favor utilize o box de “cartas do leitor”, abaixo para nos enviar comentários sobre o mercado.
No atacado, o traseiro foi cotado a R$ 6,70, o dianteiro a R$ 4,40 e a ponta de agulha a R$ 4,30. O equivalente físico foi calculado em R$ 82,37/@, com recuo de 0,78% na semana. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente físico está em R$ 5,35/@.
Segundo o Boletim Intercarnes, o mercado do carne segue lento,porém já sinalizando estabilidade e recuperação quanto a preços (atacado), confirmando as expectativas para o início do mês de novembro. A oferta se mostra mais restrita, enquanto a procura ainda apresenta muita instabilidade e baixa regularidade.
Tabela 3. Cotações do atacado da carne bovina
Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico
Na semana, a BM&FBovespa fechou em alta, com recuperação em todos os vencimentos. Novembro/08 teve valorização acumulada de R$ 3,55, fechando a R$ 87,87/@ na última quarta-feira. Os contratos para dezembro fecharam a R$ 88,74/@, apresentando variação acumulada de +R$ 4,32.
Gráfico 4. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 29/10/08 e 05/11/08