Mercado Físico da Vaca – 14/10/09
14 de outubro de 2009
Mercados Futuros – 15/10/09
16 de outubro de 2009

Compradores forçam recuos e indicador fecha semana em queda

Os compradores conseguiram manter as escalas em níveis confortáveis e aumentaram a pressão de baixa sobre os preços da arroba. O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 76,49/@, nesta quarta-feira, com variação negativa de 2,81% na semana. O indicador a prazo teve desvalorização de 2,24%, sendo cotado a R$ 78,21/@.

Os compradores conseguiram manter as escalas em níveis confortáveis e aumentaram a pressão de baixa sobre os preços da arroba, comprando animais para abate no final da próxima semana.

O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 76,49/@ nesta quarta-feira, com variação negativa de 2,81% na semana. O indicador a prazo teve desvalorização de 2,24%, sendo cotado a R$ 78,21/@. Em relação ao mesmo período do ano passado o preço do boi gordo (30 dias de prazo) está 16,03% menor, em 14 de outubro de 2008 o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP (Cepea) indicava uma cotação de R$ 93,14/@.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

A moeda americana registrou variação negativa de 2,82%, sendo cotada a R$ 1,7091 na última quarta-feira. Segundo o InfoMoney, acentuando a trajetória negativa vista nas últimas sessões, o dólar comercial encerrou esta quarta-feira (14) em queda pela quarta vez consecutiva.

Os preços das commodities registraram forte avanço, tendo destaque a disparada das cotações do barril de petróleo, ajudando assim a pressionar ainda mais a moeda norte-americana frente a importantes divisas do mundo, como o euro, a libra esterlina, o franco suíço e o iene.

Com esta queda, o dólar acumula desvalorização de 3,91% em outubro, frente à queda de 5,57% registrada no mês passado. No ano a desvalorização acumulada da moeda norte-americana já chega a 26,62%.

Arroba do boi gordo em dólares foi calculada em US$ 44,75, com leve valorização de 0,01% na semana. Em relação ao mesmo período do mês passado a alta foi de 7,01%.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo em dólares

Entusiasmados com os bons negócios e a crescente demanda por seus produtos no exterior, os empresários brasileiros sofrem com a desvalorização do dólar frente ao real. Moeda forte no Brasil é sinal de margens menores. Mas, ao contrário do que acontecia até pouco tempo atrás, algumas empresas já conseguem renegociar seus contratos de fornecimento em dólar para amenizar os efeitos do câmbio em suas operações.

A feira Anuga, na Alemanha, a maior do gênero no mundo, é um bom termômetro para medir se a febre do câmbio evoluirá para um problema mais grave. “Nosso pessoal do financeiro projeta um dólar a R$ 1,70 no fim do ano. Por isso, entramos em um movimento de realinhamento de preços”, diz o novo diretor de Exportação da JBS, Rogério Bonato.

Mesmo apostando na recuperação dos preços internacionais puxada pela baixa oferta mundial e pela demanda sustentada em países emergentes, o mercado de carne bovina se ressente dos problemas com o câmbio. “Há uma tendência de valorização dos preços em dólar, mas o câmbio a R$ 1,60 ou R$ 1,70 prejudica a competitividade do nosso produto. Não podemos nos sustentar assim por mais de seis meses. Exportar com prejuízo não dá”, avalia o presidente da associação dos exportadores de carne (Abiec), Roberto Gianetti da Fonseca.

O resultado disso tem sido a preferência de muitas indústrias pelo mercado doméstico brasileiro, que tem remunerado melhor a carne. “No Brasil, a tonelada tem sido vendida entre US$ 300 e US$ 500 a mais do que no mercado externo”, informa o executivo. “Mas esse mercado interno tem um limite e esse movimento também leva à perda de mercados cativos no exterior”.

Diante das perspectivas de retomada forte da economia, o real deve continuar se valorizando ante o dólar e contra isso há pouco o que o Banco Central (BC) possa fazer, acredita o ex-presidente do BC e sócio-diretor da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola. De acordo com Loyola, a moeda pode cair logo abaixo de R$ 1,70 e buscar nos próximos meses a cotação de R$ 1,65 ou mesmo R$ 1,60.

O ex-presidente do BC acredita que o Brasil tem condições de crescer 5% no ano que vem e que esse crescimento será balizado no consumo interno. “O Brasil é visto como a bola da vez pelo potencial de crescimento doméstico”, disse. Isso deve significar, segundo ele, uma forte entrada de recursos no País daqui para frente de investidores apostando no Brasil não para especular, mas para fazer investimentos de médio e longo prazo.

No mercado físico, as compras evoluíram nesta semana e os frigoríficos, com escalas mais confortáveis, seguem pressionando os preços da arroba. Em São Paulo, os preços giram em torno dos R$ 80,00. Os frigoríficos maiores trabalham com escalas mais longas, comprando maior número de animais fora do Estado, e tentam forçar nos recuos.

Segundo o Cepea, os preços da carne vêm caindo no mercado atacadista da Grande São Paulo desde 6 de outubro, num movimento que reflete a redução das vendas neste período do mês – desaquecimento da demanda no varejo na segunda quinzena – e também o fraco desempenho das exportações no início de outubro, conforme a Secex. “Com os preços da carne em queda e com as escalas de abate ligeiramente maiores, em parte por causa do feriado, frigoríficos pressionaram os valores da arroba nos últimos dias”.

O leitor do BeefPoint, Leandro Albuquerque comentou através do formulário de cotações do BeefPoint, que no sul de Goiás frigoríficos ofertam R$ 68,00/@, à vista, em lotes de boi gordo. Segundo ele a arroba da vaca é negociada a R$ 64,00, nas mesmas condições.

O BeefPoint apurou que no sul de Minas a arroba do boi gordo é negociada a R$ 75,00.

Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição – uma iniciativa do BeefPoint em parceria com a Bayer – para informar preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.

ABM&FBovespa também teve uma semana de baixa, com todos os vencimentos registrando retração durante a semana. Outubro/09, fechou a R$ 78,84/@ na quarta-feira, acumulando desvalorização de R$ 0,73. Os contratos que vencem em novembro/09 tiveram queda de R$ 0,37 na semana, fechando a R$ 80,37/@.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 07/10/09 e 14/10/09

Na reposição, o indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 584,27/cabeça, com variação acumulada de -2,11% na semana.

Tabela 2. Atacado da carne bovina

No atacado, o traseiro foi cotado a R$ 6,50, o dianteiro a R$ 3,70 e a ponta de agulha a R$ 3,80. O equivalente físico foi calculado em R$ 75,86/@, com retração de 1,02% na semana. Com o recuo no preço do boi gordo, o spread (diferença) entre indicador e equivalente físico recuou para R$ 0,63/@. Vale lembrar que quanto menor o spread melhor será a margem bruta do frigorífico.

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, assinou um acordo de cooperação com a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para tornar ágil o desenvolvimento de programas e soluções para o agronegócio brasileiro. A Plataforma de Governança Aplicada à Agricultura e Pecuária vai promover a melhoria de sistemas de controle e monitoramento vinculados ao setor, por meio de tecnologia específica.

Um exemplo é a operacionalização de uma base de dados para o Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov). “Essa parceria público-privada é de extrema importância e vai acelerar os trabalhos nas áreas de inspeção e rastreabilidade, com o desenvolvimento de softwares”, comentou Stephanes.

“É importante mostrar ao mundo que estamos integrados”, opinou a presidente da confederação, Kátia Abreu. Com esse acordo a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) deve assumir o papel de auditoria privada no sistema de rastreamento do gado. Para isso, a CNA e o Ministério da Agricultura investirão R$ 12 milhões para desenvolver sistemas de tecnologia, baseado na Guia de Trânsito Animal (GTA) eletrônica.

“O Ministério da Agricultura passa a dividir com a CNA o Sisbov e isso dará mais eficiência ao sistema. A função principal é a de atestar a qualidade da carne que será exportada”, considerou a senadora Katia Abreu, presidente da CNA. “O que muda é apenas a questão operacional”, disse.

O leitor do BeefPoint José Ricardo Skowronek Rezende comentou esta decisão ressaltando que, “O acordo de cooperação com a CNA pode sim trazer mais agilidade e eficiência na coordenação do programa brasileiro de rastreabilidade bovina. E com isto beneficiar toda a cadeia produtiva e os consumidores finais. Mas é muito importante definirem logo como será feita a transição sob risco de explodirmos o modelo atual antes da efetiva implantação do novo modelo. Quanto mais claro e rápido definirmos o papel de cada um, mais rápida e eficiente será a transição. Não podemos esquecer que o novo SISBOV, lançado em 2006, foi justamente uma tentativa de resgatar o velho SISBOV. E muito da frustração atual, na minha opinião, não foi decorrente da norma em si e sim de sua implantação”.

Na sexta-feira (09/10), foi realizado na Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz, em Piracicaba/SP, o 16º Fórum ABAG (Associação Brasileira de Agribusiness) onde foi debatido o tema: “Conferência das Partes – COP 15, do Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas”. A AgriPoint participou e transmitiu o evento ao vivo pelo twitter.

Participaram do debate João de Almeida Sampaio Filho, Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo; Francisco Graziano Neto, Secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo; Carlos Clemente Cerri, Pesquisador do Centro de Energia Nuclear na Agricultura – USP; Marcus Guido Frank, Clientele Development Manager da Mckiensey & Company; Ocimar Villela, Superintendente do Instituto para o Agronegócio Responsável – ARES; Sérgio Leitão do Greenpeace. O debate teve como moderador Roberto Waack da Amata Brasil.

Luiz Antonio Pinazza, da Abag, iniciou o encontro fazendo uma apresentação sobre a posição do Brasil e de Aliança Brasileira pelo Clima em assuntos relativos a mudança climática e sobre a COP15. Segundo ele, a Abag estava muito mais acostumada em lidar com a rodada de Doha, mas agora se dedica a entender e atuar de forma pró-ativa no tema clima.

“No Brasil, a emissão de carbono via queimada de florestas é muito maior, percentualmente, que no resto do mundo. Por outro lado, o Brasil tem uma matriz energética mais limpa que o resto do mundo. Somos exemplos nisso”, ressaltou Pinazza em sua apresentação.

Segundo Pinazza, a COP15 é o ponto de partida na busca por economias de baixo carbono e deve substituir o protocolo de Kioto.

Acompanhe alguns trechos do debate:

Carlo Lovatelli, presidente da ABAG iniciou a discussão comentando, “estamos preocupados com o COP15. Queremos benefícios para quem trabalha de forma responsável no Brasil. O agricultor brasileiro está precisando desse apoio, para quem produz certo, ambientalmente correto. E o desafio das mudanças climáticas é algo que tem preocupado toda a comunidade do agronegócio”.

Para Xico Graziano, Secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, “as mudanças climáticas abrem excelentes oportunidades para países preparados para economia de baixo carbono. Ainda estamos muito no início dessa mudança, e o Brasil precisa e pode liderar essa discussão, mas não podemos ter medo. Temos que sair na frente e unir desenvolvimento e sustentabilidade. Todos os setores da economia terão que reduzir emissão de carbono. Tenho uma visão positiva/otimista do tema”.

Graziano afirmou que o Brasil poderia ser muito mais arrojado na questão de clima, mas o governo federal ainda não tem essa postura. “No âmbito federal, ministros da agricultura e do meio ambiente discutem publicamente. Em SP, trabalhamos juntos”.

O secretário da Agricultura de São Paulo, João Sampaio, reformou que temos muitas oportunidades pela frente, “podemos melhorar tecnologia, unindo desenvolvimento e ambiente”. “Outro tema muito importante é o pagamento por serviços ambientais, isso é fundamental para o produtor. Precisamos levar essa mensagem de que o Brasil pode ganhar dinheiro com as mudanças climáticas”, completou Sampaio.

Carlos Clemente Cerri, USP/Cena, aponta que o Brasil está diminuindo as emissões por desmatamento, mas emissões de outros setores tem crescido. Nesse sentido ele afirma que a pecuária tem condições de diminuir suas emissões utilizando mais tecnologia. “As ferramentas que podem ser usadas no momento para garantir essa redução são: ILP, manejo de pastagens, melhoramento genético e confinamentos. O confinamento pode ajudar reduzindo a área destinada a pastagens, aumentando a produtividade e reduzindo o tempo de produção”, completou Cerri.

Sérgio Leitão, do Greenpeace, começou sua apresentação falando que infelizmente essa discussão do setor produtivo está atrasada pelo menos 20 anos. “Agora é preciso que sejam traçadas metas para que tenhamos sucesso na agenda da mudança climática. Além disso os produtores não podem ficar esperando as regras é preciso ser pró-ativo e participar da discussão delas”.

Ocimar Villela, do Instituto para o Agronegócio Responsável – ARES comentou que quanto a discussão de regras, a moratória da soja é um exemplo do que deve ser efeito nos outros setores. “O sistema produtivo tem contribuído muito para a questão ambiental e está disposto a evoluir nesse sentido, mas precisa ser reconhecido”.

“Em relação a moratória da carne, as ferramentas para conseguir sucesso são diferentes do que foi feito na soja”, comenta Ocimar Villela. “Diferente do grão, o boi anda, se movimenta, viaja, é preciso um sistema de rastreamento muito bem estruturado”. Segundo ele, o processo de monitoramento da carne terá início do cadastramento de propriedades, que depois deve ser estendido a um monitoramento socioambiental. No começo esse monitoramento será do fornecedor de boi gordo, evitando compras de áreas desmatadas. A ideia é depois aumentar esse monitoramento até o produtor de bezerros, abrangendo assim toda a cadeia. O problema disso tudo é que a discussão começou na sociedade civil, no governo e na indústria e só agora o produtor começa a discutir o tema. Clique aqui para ver o artigo na íntegra com todos os pontos que foram discutidos.

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