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2 de abril de 2009
Mercados Futuros – 03/04/09
6 de abril de 2009

Compradores têm dificuldade na compra e arroba tem semana de alta

Nesta semana, o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), divulgou os dados preliminares das exportações de março. A receita com exportações de carne bovina in natura em março foi de US$ 233,6 milhões, correspondentes ao embarque de 82.100 toneladas do produto.

Nesta semana, o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), divulgou os dados preliminares das exportações de março. A receita com exportações de carne bovina in natura em março foi de US$ 233,6 milhões, correspondentes ao embarque de 82.100 toneladas do produto.

Gráfico 1. Exportações brasileiras de carne bovina in natura, receita e volume

Apesar da melhora em relação a fevereiro, com aumento de 25,6% na receita e 24,4% no volume, evidenciando um movimento de recuperação, os exportadores ainda amargaram resultados piores que os do mesmo período do ano passado.

No acumulado do 1º trimestre foram enviadas ao exterior 204.691 toneladas de carne bovina in natura, e a receita alcançou a soma de US$ 587,9 milhões, resultados 19,02% e 34,06% menores, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2008.

O preço médio da carne bovina exportada subiu para US$ 2.845/tonelada, ficando 1,02% mais cara do que a tonelada exportada em fevereiro. Mesmo com esta valorização os resultados do mês passado foram piores que os de março de 2008, quando o preço médio estava em US$ 3.231/ton. A diferença é de 11,93%.

Boi gordo

Esta semana o indicador Esalq/BM&FBovespa apresentou forte recuperação, para as vendas à vista o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP (Cepea) apurou o valor de R$ 80,02/@ (quinta-feira), com variação acumulada de 2,77% na semana. O indicador a prazo foi cotado a R$ 80,95/@, com alta de 2,60% no mesmo período. Se comprarmos a cotação de ontem com o preço praticado no mesmo período de 2008, temos que agora a arroba para pagamento com 30 dias está 3,66% mais cara.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

No mercado físico, diante da dificuldade de compra de gado, a pressão baixista parece ter se dissipado e os preços da arroba seguem firmes, registrando alta em diversas praças. A oferta segue regulada e existem indícios de aumento na demanda, devido ao início do mês e sinais de recuperação nas exportações.

Fatores que contribuem para está firmeza e incentivam a retenção de animais por parte do pecuaristas são a boa qualidade das pastagens e os preços altos do bezerro. As chuvas dos últimos dias estão garantindo boa quantidade e qualidade dos pastos, assim o pecuarista prefere segurar um pouco mais seus lotes, que continuam ganhando peso, e esperar possíveis melhoras nos preços da arroba. O mercado de reposição também se apresenta firme e os produtores têm comentado que a relação de troca ainda está desfavorável. Com este cenário muitos pecuaristas optam em não negociar nesse momento e contribuem para a redução da oferta.

Como está o mercado do boi gordo, vaca gorda e reposição de sua região, em relação a preços, oferta e demanda e número de negócios efetivados? Por favor utilize o box de “cartas do leitor”, abaixo.

BM&FBovespa

Na esteira das altas do indicador, os contratos de boi gordo tiveram mais uma semana de alta na BM&FBovespa. No pregão da última quinta-feira, o primeiro vencimento, abril/09, fechou a R$ 79,00/@, com valorização de R$ 1,85 na semana. Os contratos para maio/09, apresentaram variação de R$ 2,07 no acumulado da semana, fechando a R$ 78,02/@. Outubro/09 fechou a R$ 84,74/@, com alta de R$ 2,85, valor que começa tornar o confinamento mais atraente.

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 26/03/09 e 02/04/09

O primeiro levantamento sobre intenção de confinamento entre os sócios da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) indicou que este ano os associados planejam engordar 498.146, que corresponde a 5,7% mais do que as 471.389 cabeças do ano passado. Para a Assocon, o resultado mostra que “o ânimo do pecuarista para investir não arrefeceu por completo”, apesar das incertezas econômicas.

O diretor-executivo da Assocon, Juan Lebrón, avalia que é possível atingir o aumento de 5,7% porque boa parte do gado destinado à engorda já foi comprada pelos confinadores ligados à entidade. Faltam 24%, segundo ele. No mesmo período de 2008, quando havia previsão de alta de 22% no volume confinado, faltavam ainda 56%.

Ele avalia que o confinamento como um todo, no país, pode recuar este ano, algo na casa dos 20%. Lebrón explica que deve haver um “descolamento” entre os números da Assocon e o total nacional. Uma razão é que os confinadores ligados à entidade estão capitalizados. Além disso, há expectativa no setor de que os frigoríficos que têm confinamentos reduzam os volumes de engorda.

Reposição

O mercado de reposição também demonstra firmeza com preços em alta durante a semana, porém bem menos aquecido que no mesmo período do ano passado. Agentes que atuam neste mercado comentam que existe um bom volume de negócios, mas as negociações podem ser percebidas como em ritmo de espera já que a relação de troca ainda está baixa e existe muita incerteza quanto à movimentação dos preços do boi gordo nos próximos meses.

O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 642,61/cabeça com valorização de 0,64% na semana. Em relação ao ano passado, quando o bezerro era negociado a R$ 529,17/cabeça, a alta acumulada é de 21,44%.

A relação de troca melhorou, mas ainda está baixa, com valores em torno de 1:2,05. Em média, no mês de abril de 2008 os pecuaristas trabalharam com uma relação de 1:2,31.

A margem bruta na reposição se encontra em R$ R$ 677,72, registrando recuperação, mas se mantendo abaixo da média dos últimos 12 meses que é de R$ 7,39,07. A margem bruta é o quanto sobra para o pecuarista após a operação de venda de um boi gordo (16,5@) e compra de um bezerro para reposição. Este valor representa o que será disponibilizado para investimentos, pagamento de contas e funcionários e lucro.

Gráfico 4. Relação de troca na reposição (boi gordo de 16,5@ por bezerros)

Atacado

Com o início de abril e proximidade do pagamento dos salários e maior demanda do mercado internacional, os preços do atacado da carne bovina apresentaram uma semana de fortes valorizações. O traseiro foi cotado a R$ 6,20, o dianteiro a R$ 4,30 e a ponta de agulha a R$ 3,80, assim o equivalente físico teve alta de 4,59%, sendo calculado em R$ 77,21/@. O spread (diferença) entre indicador e equivalente recuou para R$ 2,82/@, melhorando a margem dos frigoríficos.

Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina

Gráfico 5. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico

No momento o equilíbrio entre oferta e demanda tem favorecido os pecuaristas, resta saber se com a proximidade do final do período das chuvas a oferta irá aumentar consideravelmente proporcionando novos recuos ou teremos um final de safra semelhante ao de 2008, com preços em alta constante. De qualquer forma é preciso ter cautela nas negociações e acompanhar o movimento do mercado dando maior atenção às escalas dos frigoríficos. Como você acha que os preços irão se comportar daqui pra frente?

0 Comments

  1. Daniel Angelo Francisco Thomazi disse:

    Estou bastante temeroso com o clima.

    Caso a chuva cesse, os frigoríficos vao cair em cima dos pecuaristas.

  2. Luciano Andrade Gouveia Vilela disse:

    Devido a desconfiança dos pecuaristas quanto a solidez dos compradores, suponho que tem muita gente vendendo o mínimo necessário para pagar as contas. Não vejo ninguém vendendo boiada grande para repor, porque o bezerro está inviável, o garrote sumiu e o boi pode continuar ganhando ainda.

    Iso leva a crer que teremos um enxame ainda que de curto prazo de bois gordos em julho. Só especulações.

    Abraços a todos.

  3. José Domingos da Silva Filho disse:

    O calote do setor trouxe prejuizo em cascata, pois o produtor que deixou de receber, se obrigou a disponibilizar outro lote para fazer frente aos compromissos e com essa oferta extra contribuiu para a redução do valor da arroba.

    Agora com o final das chuvas a oferta não irá aumentar até por que o boi disponibilizado imediatamente após o calote seria o animal pronto daí 30/60 dias. Com as exportações sofrendo ligeiras retomadas, mantendo-se o nível de emprego interno, a tendência do preço da arroba é de ligeira alta, face a baixa oferta de animais para abate.

  4. Henrique Heinz de Freitas disse:

    A realidade do campo está se adequando a uma incerteza constante. O preço do boi gordo não sobe, mas o terneiro e o boi de sobre ano ,por falta no mercado, está em alta. A pecuária de corte vai levar 1 ano para se recuperar.