Os bons resultados e as perspectivas positivas nas principais cadeias produtivas do campo brasileiro mantiveram o Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro) calculado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela CropLife Brasil em elevado patamar no quarto trimestre do ano passado.
Segundo resultados divulgados ontem, o indicador caiu um pouco em relação ao nível recorde do terceiro trimestre, de 127 para 121,4 pontos, mas o otimismo continua a dar o tom. A escala do IC Agro vai de zero a 200, e 100 é o ponto neutro. O resultado é dimensionado a partir de 1,5 mil entrevistas (645 válidas) com agricultores e pecuaristas de todo o país. Cerca de 50 indústrias também são ouvidas.
“Não se pode ver nesse recuo uma tendência de queda para 2021. Era de se esperar que houvesse uma retração em relação ao terceiro trimestre de 2020, quando o indicador alcançou o melhor resultado da série histórica. Ainda assim, foi a terceira vez que o indicador fechou acima de 120 pontos”, afirma Roberto Betancourt, diretor titular do Departamento do Agronegócio (Deagro) da Fiesp, em nota.
O índice que mede especificamente a confiança dos produtores agropecuários caiu de 132,7 pontos, no terceiro trimestre, para 127,6. Segundo a Fiesp e a CropLife, a redução refletiu a leve queda dos preços de commodities como soja e milho no período, além da falta de chuvas em algumas regiões produtoras e seus reflexos sobre a produtividade das lavouras de grãos. No caso específico da pecuária, a percepção sobre os custos de produção piorou.
O indicador que inclui indústrias que atuam antes e depois da porteira caiu de 122,9 pontos, no terceiro trimestre, para 116,9 entre outubro e dezembro. “As empresas do setor não têm encontrado espaço para repassar ao mercado doméstico os aumentos de custos resultantes da desvalorização do real, da logística e das matérias-primas vindas da China”, diz Christian Lohbauer, presidente executivo da CropLife Brasil, na mesma nota. “Os altos estoques de produtos acumulados nas revendas também preocupam a indústria”, afirma ele.
Fonte: Valor Econômico.