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Confinamento de bois cresce no Brasil mesmo com margens negativas

O número de bovinos confinados no Brasil chegará a 6,95 milhões neste ano, um crescimento de 4% em relação ao total de 2021, projeta a multinacional DSM, dona da marca Tortuga. Atualmente, cerca de 20% dos animais abatidos no país são terminados em confinamentos. 

Executivos da companhia destacaram que o avanço ocorreu mesmo com margens negativas. Na média, os confinamentos brasileiros, que lucraram R$ 22 por boi no ano passado, amargaram um prejuízo de R$ 49 em 2022 — um contraste com os resultados de 2020, quando o lucro por animal foi de R$ 737.

“Mas quem fez uma boa gestão ganhou dinheiro, sim”, disse a jornalistas o vice-presidente do negócio de ruminantes da DSM, Sergio Schuler. “Produtos nutricionais que nós temos aumentam em 15 quilos o peso da carcaça, e às vezes dois quilos são a diferença entre fechar a conta no vermelho ou não.”

Gerente de inteligência de mercado, Fabiana Fontana atribuiu o momento delicado para o confinador ao recuo dos preços da arroba do boi gordo e ao aumento significativo dos custos de produção. Do lado da oferta, o número de animais abatidos cresceu 5%. A demanda, por outro lado, patinou, afetada pela inflação. “Tivemos um recuo [de 1%] no consumo per capita da carne, para 25,07 quilos”, disse.

Para 2023, Fabiana prevê continuidade desse cenário complicado. Isso significa que a demanda deve seguir espremida pela inflação no mercado interno e que a oferta continuará aumentando até 2024. Schuler é mais otimista ao dizer que a baixa dos preços dos animais de reposição (bezerros e boi magros) e dos grãos – esta, em decorrência de uma possível safra recorde – pode gerar resultados positivos no ano que vem.

O censo da DSM registrou uma queda acentuada no número de bois terminados em pequenos confinamentos, que têm capacidade de menos de mil animais: essas fazendas receberam 9% dos animais em 2021 e apenas 5% neste ano. Na contramão, 51% dos animais — o que representa um crescimento de cinco pontos percentuais em um ano — passaram por instalações que podem receber mais de 10 mil bovinos simultaneamente.

Hugo Cunha, gerente nacional de confinamento da DSM, afirma que eficiência na compra e venda dos animais determinará quais negócios resistirão nos próximos anos. “Grandes operações vêm aumentando o uso de hedge [fixação] de preços”, afirma. Segundo ele, engana-se quem acha que a situação é mais fácil em Mato Grosso, principal produtor de grãos. “São Paulo tem um custo maior, mas tem melhores preços de venda”, frisa.

A arroba do boi em São Paulo vale mais porque o Estado concentra a maior parte dos frigoríficos habilitados a exportar para a China, lembra Luciano Morgan, gerente nacional de pecuária de corte.

Fonte: Valor Econômico.

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