Em busca de maior eficiência nas propriedades, os pecuaristas brasileiros estão ampliando o investimento no confinamento de gado bovino. Pesquisa da Agripoint Consultoria mostra que em 2003 as 50 maiores fazendas de confinamento do Brasil terminaram (engordaram) 524.663 animais, 19,8% a mais que em 2002. Para este ano, a expectativa é de que o confinamento cresça 28%, alcançando 673 mil animais.
Sob regime de confinamento no período de entressafra, o gado pode ser alimentado com volumoso de silagem de milho ou sorgo e capim ou cana-de-açúcar. Também pode ser alimentado com feno, bagaço de cana, resíduo de milho, silagem de soja ou resíduo de polpa de tomate.Segundo o coordenador da pesquisa, Miguel da Rocha Cavalcanti, além do ganho de eficiência, o aumento das exportações brasileiras de carne bovina também estimula o maior confinamento. Ele explica que os frigoríficos exportadores exigem padronização dos animais, o que é possível de se obter com o confinamento. “A nutrição é determinante, permite um padrão mais uniforme dos animais”, afirma.
Para metade dos pecuaristas pesquisados, uma das vantagens do confinamento é a otimização das pastagens, já que durante a seca (entressafra) grande parte dos animais é tirada do campo. Para 34%, o aumento do giro do capital é uma vantagem e 20% apontaram como benefício a possibilidade de vender animais a melhores preços na entressafra. Para 6%, uma das vantagens do confinamento é a produção de carne com maior qualidade.
Segundo Cavalcanti, o confinamento também é uma opção para pecuaristas porque reduz a necessidade de investir no aumento da área da propriedade, o que se tornou uma preocupação nos últimos anos devido às invasões de terra.
A pesquisa mostrou ainda que no Brasil, os animais ficam confinados, em média, durante 92 dias, entre os meses maio e outubro. Os animais chegaram ao confinamento com peso médio de 348 quilos e saíram com 480 quilos, em média.
Além disso, mais de 70% dos confinamentos pesquisados fazem engorda de boi magro próprio ou de terceiros. Cavalcanti afirma que o Brasil criou um modelo próprio de confinamento por causa da disponibilidade de pasto. Os produtores dos Estados Unidos, por exemplo, confinam bezerros, que ficam entre 200 e 250 dias na engorda.
Entre os 50 maiores confinamentos, 42% trabalharam com animais de terceiros em 2003, no chamado sistema de “boitel”. Em 2002, eram 32%. Conforme a pesquisa, os três maiores projetos de confinamento – a Fazenda Mirante, em Nerópolis (GO), a Vitória Agroindustrial, em Guapiaçu (SP) e a Fazenda Planura, em Aruanã (GO) atuam como boitel.
Conforme a pesquisa da Agripoint, a maior concentração de confinamentos está em São Paulo e Goiás, com 36% e 24% do total, respectivamente. Em 2002, o percentual era de 20% para Goiás e de 32% para São Paulo. Mato Grosso do Sul e Mato Grosso perderam participação e ficaram com 14% e 10% dos confinamentos no ano passado. Em 2002, tinham 16% e 12% do total. A pesquisa mostra que os principais clientes dos confinadores são os frigoríficos exportadores. Os mais citados foram Bertin (36%), Friboi (34%), Marfrig (30%), Minerva (20%) e Margen (12%).
Outra conclusão é de que o custo total diário foi menor que R$ 3,00 por arroba em 75% dos confinamentos. O valor é considerado alto, uma vez que, estimando-se um rendimento de carcaça de 52%, seria necessário um ganho mínimo de 1,442 quilos por animal/dia para que o custo diário “empatasse” com o valor de venda da arroba – R$ 60,00 – em outubro de 2003.
Fonte: Valor On Line (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe BeefPoint