Por André José Nunes Melo*
1. Introdução
As perguntas básicas deste estudo são:
Este estudo tem a finalidade de discutir a viabilidade econômica de investimento em confinamento de bovinos através de metodologia de avaliação de riscos e gestão da informação por indicadores de desempenho.
O estudo não tem a pretensão de dar respostas únicas e conclusivas às perguntas acima. O estudo traz à discussão a metodologia de avaliação de riscos, a gestão de indicadores e seus impactos a fim de maximizar o retorno da atividade de confinamento.
O desafio proposto é a adoção de um modelo de gestão que permita através de um planejamento tático alcançar as metas de crescimento e sustentabilidade traçadas pelos investidores em confinamento bovino.
O problema em questão é a adoção de um modelo de gestão participativo, embasado em indicadores de desempenho, com ações rápidas de correção de percurso, com rotinas e processos produtivos e livre comunicação entre os níveis gerenciais e operacionais.
2. Referencial Teórico
2.1 Análises Sob Risco
O setor agropecuário está cada vez mais dinâmico e exige maiores estudos com relação à tomada de decisão. Os projetos agropecuários têm o papel de introduzir tecnologias à luz da sustentabilidade econômica, social e ambiental. Assim, ao analisar a viabilidade de um projeto agropecuário, busca-se a perpetuidade da atividade agropecuária.
A avaliação de projetos pode ser de cunho seletista, ou seja, escolhe-se, entre vários projetos, aquele que garanta o melhor retorno sobre o investimento. A escolha entre projetos será baseada na capacidade de contribuição para aumentar o patrimônio da instituição (Noronha, 1981:191).
A avaliação também pode objetivar a classificação entre diferentes projetos, sendo que a ordem de investimento segue o raciocínio do projeto mais atrativo em detrimento ao seu subseqüente. Segundo Johnson, citado por Noronha (1981:192) a avaliação de projetos de investimento é fundamentada em duas premissas:
O que é análise de risco? Em um sentido amplo, análise de risco é qualquer método – quantitativo ou qualitativo – para avaliar os impactos do risco em situações de decisão (“PALISADE, 2012”).
Toda avaliação de projetos de confinamento levou em consideração, o fluxo de caixa líquido. A partir da análise do fluxo de caixa do investimento em confinamento é possível identificar os principais riscos econômicos.
A partir do fluxo de caixa de qualquer projeto, pergunta-se: quanto posso pagar por este projeto? Ou ainda, qual o valor monetário deste projeto no presente momento? Ao tomarmos a decisão de seleção entre projetos alternativos ou avaliação de um projeto individual, procuramos maximizar o valor presente do patrimônio líquido da empresa (Noronha, 1981:197).
Ao se definir o fluxo líquido de cada projeto, acredita-se que as variáveis independentes assumem valores da melhor estimativa disponível. Desta forma, deixa-se de reconhecer a incerteza dos valores assumidos pelas variáveis independentes (aquelas que podem ser alteradas no fluxo de caixa).
Os indicadores econômicos e as variáveis dependentes estão sujeitas às alterações absolutas ou relativas nas variáveis independentes. A análise de sensibilidade mede a sensibilidade do indicador em relação à alteração em determinada variável do fluxo de caixa (“NORONHA, 1981, p.237”).
Outro aspecto importante da análise de sensibilidade é a determinação do ponto crítico (switchingvalue) de variáveis independentes. Desta forma, determina-se o valor da variável independente que mudará a decisão de aceitar ou rejeitar determinado projeto (“NORONHA, 1981 p.238”).
A análise de sensibilidade também serve para determinar quais são as variáveis independentes de maior impacto sobre os indicadores econômicos. Após determinação destas variáveis é aconselhável o estudo mais aprofundado de cada uma delas.
Tomadas de decisão sob risco e incerteza exigem mais do que a análise de sensibilidade, pois mais importante do que saber quais são as variáveis que influenciam os indicadores é interessante saber qual a probabilidade de ocorrência de situações adversas, bem como as consequências sobre os indicadores do projeto.
Este estudo utilizou o software @ Risk nas análises de simulação. A análise de risco no software @ Risk baseia-se em um método quantitativo quem tem o objetivo de identificar e determinar os resultados de uma tomada de decisão como uma distribuição de probabilidade. Os quatro passos gerais da técnica usada pelo @ Risk são:
Quando se estima um modelo em planilha de Excel há as variáveis determinísticas ou que assumem um valor certo e há as variáveis incertas ou estocásticas que por sua vez, assumem valores que são incertos. Como exemplo você pode estimar em seu modelo em que o ganho de peso será uma variável de valor certo e esperado. Você poderá assumir que todos os animais terão o mesmo desempenho, como exemplo, um ganho diário de 1,5 kg. Mas tratando-se de investimento em ativos biológicos o valor do ganho de peso poderá assumir diferentes valores para lotes ou indivíduos (bois).
Na prática sabemos que este valor pode variar de acordo com fatores climáticos, genética, infraestrutura, manejo, dieta etc. Quando assumimos que o ganho de peso é uma variável estocástica ou incerta temos o desafio de quantificar a natureza desta incerteza. A incerteza neste estudo é determinada através da distribuição de probabilidade.
A distribuição de probabilidade determina a faixa de valores que a variável pode assumir (do mínimo ao máximo) como a probabilidade de ocorrência de cada valor dentro da faixa. Continuando o raciocínio do exemplo da variável ganho de peso, encontramos em determinado confinamento a faixa de valores compreendida entre o valor mínimo de 1,2 kg e o valor máximo de 1,8 kg e que o 80% dos valores estão situados ao redor da média de 1,6 kg. O software @ Risk ao randomizar os possíveis valores para a variável ganho de peso levará em consideração os limites máximos e mínimos e a frequência de valores para simular diferentes cenários.
A Tabela 1 enumera as variáveis determinísticas àquelas com valores estáticos. A distribuição de entrada de animais foi feita ao longo dos meses do ano (para visualizar a distribuição mês a mês, consulte os apêndices). A participação de animais foi feita de acordo com a modalidade analisada. Para estudo da modalidade Parceria, considerou-se que 100% dos animais são de parceria e assim sucessivamente para as modalidades Boitel e Compra de Boi Magro.
Tabela 1: Variáveis Independentes – Inputs Determinísticos
Para cada variável estocástica analisada neste estudo determinou-se a sua distribuição de frequência a partir dos dados coletados na pesquisa. Para visualizar a distribuição de frequência de cada variável, os limites máximos, mínimos e o desvio padrão consultem os apêndices.
Tabela 2: Variáveis Independentes – Inputs Estocásticos
A distribuição de frequência de cada variável foi determinada através do recurso Best Fit do software @Risk, versão estudante, sendo o teste de Qui-quadrado utilizado para seleção da distribuição mais apropriada (PALISADE, 2012).
A análise de risco foi efetuada pelo método de simulação de Monte Carlo. O modelo de simulação de Monte Carlo é baseado na distribuição de probabilidade, ou seja, a relação entre valores assumidos pela variável independente e a probabilidade de ocorrência de cada valor.
Anderson et al. (2005 apud NORONHA, 1981, p.242), definiram a probabilidade subjetiva como “grau de crença ou grandeza de convicção que um indivíduo possui acerca da ocorrência de um fenômeno”. Para que esta afirmação seja correta os autores determinaram que as probabilidades pessoais ou psicológicas devessem ser condizentes com os axiomas, regras e cálculos de probabilidade.
Quando se usam os conceitos de probabilidade subjetiva na avaliação de projetos encontram-se informações mais flexíveis para os indicadores, o que difere de se utilizar a melhor estimativa para as variáveis aleatórias (probabilidade objetiva), onde se obtém uma informação limitada.
Ao utilizar a análise de probabilidade oferece-se ao tomador de decisão as probabilidades de que o projeto possa produzir certos valores específicos (NORONHA, 1981 p. 242).
Segundo Hertz, (2005 apud NORONHA, 1981, p.243), são quatro as etapas para cálculo da simulação de Monte Carlo:
A distribuição de frequência dos indicadores econômicos encontrada após as quatro etapas foi utilizada para tomada de decisão e elaboração dos indicadores de desempenho.
A Tabela 3 contém o indicador técnico de maior impacto e os indicadores econômicos analisados no estudo de viabilidade.
Tabela 3: Variáveis Dependentes – Outputs Estocásticos
3. Modelo de Negócio
O investimento em confinamento tem as seguintes metas:
Os principais modelos de negócios de confinamento são: Parceria, Boitel e Compra de Boi Magro.
– Parceria
O modelo de Parceria consiste na prestação de serviço de engorda onde o pecuarista denominado “Parceiro” terceiriza a terminação dos animais em confinamento. Nesta modalidade o Parceiro envia o boi magro para o confinamento. Esta modalidade é embasada em um contrato de venda com pagamento futuro, ou seja, o pecuarista entrega os animais com peso da fazenda de origem e receberá no futuro, após a engorda e abate dos animais, o mesmo peso da fazenda de origem.
Neste caso, o pecuarista tem opção de definir o preço a receber antecipadamente via fixação de preço com frigoríficos ou poderá optar por deixar o preço em aberto e executar um hedge diretamente com a Bolsa de Mercadoria e Futuros BM&F via uma corretora. Neste modelo de negócio o atrativo para o pecuarista é a oportunidade de venda de suas respectivas @s magras valorizadas à preço de boi gordo. A remuneração do Confinamento vem da comercialização das arrobas @ engordadas.
Exemplo: um pecuarista faz um contrato de Parceria de 1.000 animais com peso médio de 12@ com início da engorda para Junho. Após 100 dias de engorda no Confinamento o animal pesará 20@. Neste exemplo o animal será abatido em Setembro e o Confinamento receberá o preço deste mês referente às 8@s engordadas.
– Boitel
O modelo de negócio de Boitel consiste na venda de estadias de engorda para Pecuaristas. Exemplo: O confinamento cobra uma diária de R$ 6,50 para cada animal. Logo para um contrato de 100 animais por 100 dias de engorda o pecuarista pagará ao confinamento o montante de R$ 65.000,00.
Nas modalidades de Parceria e Boitel, a viabilidade do Confinamento é dependente da eficiência produtiva, ou seja, engordar os animais à custo inferior às despesas de originação (frete, comissão, impostos), insumos zootécnicos, financeiros e operacionais. Na Parceria, o Confinamento ainda tem a eficiência comercial da venda das arrobas engordadas como determinante do sucesso.
– Compra de boi magro
Na modalidade de negócio de compra de boi magro, o Confinamento compra animais magros e assume todos os riscos da operação. Neste caso a viabilidade do confinamento está diretamente relacionada à eficiência produtiva do confinamento e comercialização de @ (spread entre boi magro e boi gordo).
A modalidade de Compra de Boi Magro sob a ótica do pecuarista de ciclo completo (cria, recria e terminação) ou do recriador incorpora a estratégia de mitigação de riscos de preços e/ou a agregação de valor. No caso do pecuarista de ciclo completo ou recriador o estudo de viabilidade será comparado à opção de venda de boi magro a terceiros. Caso o pecuarista opte por terminar os animais em confinamento próprio o modelo incorpora o conceito de Custo de Oportunidade ou Marcação à Mercado, ou seja, o boi magro será valorizado à preço de mercado.
Neste cenário a fase de recria será valorizada e o sistema produtivo como um todo estará mitigando riscos pela diversificação de negócios ou agregação de valor através da venda do boi gordo. Esta estratégia deve levar em consideração a valorização futura do boi, os custos produtivos do confinamento, os custos produtivos da recria a pasto, as despesas financeiras e o custo financeiro das estratégias de hedge de preços do boi e insumos de nutrição animal.
Em uma mesma unidade de produção de confinamento as três modalidades de negócios podem estar presentes. A tomada de decisão do mix de negócios ou a exclusividade depende da localização regional e as condições de mercado. A decisão é tomada levando em consideração à viabilidade econômica e operacional do negócio. Para facilitar a tomada de decisão, estudos de viabilidade e risco devem ser avaliados constantemente pela equipe de gestores. O negócio é dinâmico e particularidades regionais têm grande impacto na escolha da estratégia comercial e técnica do investimento.
As atividades principais são:
As principais ações táticas para implementação do planejamento estratégico nesta fase de estruturação são:
– Gestão de Pessoas
– Gestão de Processos
– Adoção de Tecnologias Produtivas
4. Solução
Para garantir que o planejamento tático seja cumprido e concluído com sucesso este estudo sugere o uso de ferramentas de gestão de risco e controles de indicadores de desempenho operacional, técnico e financeiros.
A análise quantitativa de riscos tem o objetivo de produzir uma distribuição de probabilidade que descreva os resultados possíveis de uma situação incerta.
O objetivo de utilizar as ferramentas de gestão de risco é monitorar as principais variáveis que impactam o sucesso da atividade de confinamento. Os indicadores de desempenho permitem de forma fácil e didática acompanhar e controlar as principais etapas do processo produtivo além de dar subsídio para tomada de decisões comerciais e ajustes técnicos e operacionais.
5. Implementação
Segue o resumo das principais premissas e o resultado da avaliação de risco. Para cada modalidade de negócio (Parceria, Boitel ou Compra de Boi Magro) foi realizado uma análise de risco exclusiva.
Os valores usados para todas as variáveis (preços de boi magro, boi gordo, insumos, salários etc.) são referentes ao exercício 2011 e referem-se ao estado de São Paulo.
5.1 Distribuição de Probabilidades (Variáveis Dependentes – Outputs Estocásticos)
A partir de um modelo matemático desenvolvido através do software Excel 2010 do pacote Office do Windows simulou-se o investimento em um projeto de confinamento.
O primeiro passo é a identificação das distribuições de probabilidades das variáveis dependentes.
As próximas figuras apresentam a probabilidade encontrada, após as simulações, do investimento em confinamento nas três modalidades de negócio: retornar um Valor Presente Líquido VPL maior ou igual à zero; o período de retorno do investimento traduzido payback descontado e o gráfico de tornado que resume as principais variáveis que impactam o investimento.
O VPL mede a diferença entre as receitas operacionais líquidas e os investimentos exclusivos feitos com o projeto.
Ao avaliar um projeto individualmente, independente de alternativas de investimento, aceita-se o projeto quando o VPL > 0. Este indicador, quando maior do que zero, mostra que o valor atualizado deste projeto é maior do que o valor do investimento inicial, tendo como taxa de desconto o custo do capital para a empresa.
Outra forma de interpretar o VPL seria através da constatação de qual o valor máximo que a empresa poderia pagar pelo projeto sem risco de prejuízo. O preço máximo, então, será o valor presente do fluxo líquido do projeto, calculado com base no custo do capital da empresa. Neste caso, encontra-se o ponto de indiferença entre investir ou não no projeto avaliado, sou seja, no ponto VPL = 0.
Por considerar o valor do tempo sobre o dinheiro, pode-se utilizar este indicador para comparação entre diferentes alternativas de aplicação de capital (Boehjle & Eidman, 1984 apud Maya, 2003).
O período de recuperação do capital ou payback descontado é o método que indica em quanto tempo o capital inicial investido é recuperado. A decisão de investimento leva em consideração o tempo de retorno, ou seja, quanto menor o período de recuperação do capital mais atrativo será o projeto. A determinação do período de recuperação do capital inicial é feita sobre o fluxo líquido do projeto. A grande vantagem deste método é a simplicidade do cálculo.
As distribuições de probabilidades deste estudo determinam: a faixa de valores que as variáveis podem assumir (do mínimo ao máximo), o desvio padrão e a probabilidade de ocorrência de cada valor dentro da faixa.
6. Comparativo entre Modalidade de Negócios
Os próximos tópicos deste estudo têm como objetivo apresentar o resumo comparativo entre as modalidades Parceria, Boitel e Compra de Boi Magro.
Figura 1– Distribuições de Probabilidades – COMPRA
Fonte: Elaborado pelo autor (2012)
A distribuição de frequência esboçada no gráfico acima quantifica a probabilidade do investimento na atividade de confinamento na modalidade de Compra de Boi Magro apresentar um valor presente líquido VPL maior ou igual à zero. Na simulação deste estudo a probabilidade encontrada foi de 35,1%.
Sob o ponto de vista do pecuarista de ciclo completo ou recriador o estudo quantifica a probabilidade de sucesso da diversificação de negócio ou agregação de valor. A probabilidade de o pecuarista obter retorno líquido positivo deixando de vender o boi magro para terceiros e agregar valor vendendo após a terminação em confinamento é de 35,1%. A interpretação deste estudo deve levar em consideração as condições de mercado do ano de 2011, a região do estudo (estado de SP) e as demais premissas enumeradas.
Figura 2– Distribuições de Probabilidades
Fonte: Elaborado pelo autor (2012)
A figura 2 ilustra a probabilidade do payback descontado das simulações do investimento em confinamento na modalidade de Compra de Boi Magro é de 9,6 anos.
Para cálculo do prazo de retorno do capital investido em instalações, capital de giro, máquinas, terra e equipamentos considerou-se a taxa de desconto de 8,6% ao ano. O valor da taxa de desconto é o custo médio ponderado do capital vide explicações no apêndice.
Figura 3– Distribuições de Probabilidades
Fonte: Elaborado pelo autor (2012)
A figura 3 enumera em ordem de prioridade as principais variáveis que tem impacto na viabilidade econômica do investimento em confinamento na modalidade de Compra de Boi Magro.
O gráfico de tornado mostra o valor da mudança que ocorre no output VPL quando ocorre uma variação de +1 desvio padrão em cada input ou variável.
As variáveis que apresentam barras de valores do lado direito do gráfico tem impacto diretamente proporcional, ou seja, à medida que aumentamos o ganho de peso aumentamos a probabilidade de VPL maior do que zero.
Considerando que o ganho de peso médio de 1,68 kg e o desvio padrão de 275 gramas (vide figura 15 do apêndice) o gráfico de tornado para a modalidade de negócio de Compra de Boi Magro ilustra que o aumento de 275 gramas irá impactar positivamente em R$ 690.000,00 no VPL.
As variáveis que apresentam barras do lado esquerdo do gráfico têm impacto inversamente proporcional, ou seja, quanto menor o custo da tonelada da dieta maior a probabilidade de valor de lucro líquido maior do que zero.
As variáveis estão dispostas de forma decrescente. A variável com maior impacto no retorno do investimento está no topo do gráfico, esta disposição auxilia o grau de prioridade e atenção dos gestores.
Este gráfico auxilia na elaboração dos indicadores e facilita a mensuração de valores alvos ou metas de desempenho a fim de maximizar o retorno do investimento. Um exemplo de metas é aumentar em 100 gramas o ganho de peso diário a fim de maximizar o resultado.
Com base nas pesquisas deste estudo pode-se afirmar que as variáveis de maior impacto na viabilidade da modalidade de Compra de Boi Magro são: Ganho de Peso; Rendimento de Abate; Peso de Entrada; Consumo de Matéria Seca; Dias de Engorda; Rendimento de Entrada.
Segundo o estudo, a gestão de riscos deve monitorar e controlar estas variáveis a fim de mitigar os riscos inerentes e aumentar a probabilidade de retorno positivo do investimento.
Para detalhamento dos valores zootécnicos e dados das variáveis usadas no estudo, consulte os apêndices após a bibliografia. Nos gráficos será possível verificar os valores médios, desvios padrões, valores máximos, valores mínimos e frequência dos respectivos valores.
O gestor após analisar os resultados poderá traçar objetivos zootécnicos, operacionais e estratégias comerciais que minimizem o risco e potencialize as probabilidades de sucesso. A análise pode ser revisada automaticamente e o valor esperado é exposto em segundos.
Observe o peso, a ordem de prioridade e o impacto das variáveis no VPL. Compare a modalidade de negócio de Compra de Boi Magro com a descrição a seguir das modalidades de Boitel e Parceira.
A partir da figura 4 encontra-se o resultado das simulações de viabilidade da modalidade Boitel.
Figura 4– Distribuições de Probabilidades – BOITEL
Fonte: Elaborado pelo autor (2012)
A distribuição de frequência esboçada no gráfico da figura 4 quantifica a probabilidade do investimento na atividade de confinamento na modalidade de Boitel apresentar um valor presente líquido VPL maior ou igual à zero. Na simulação deste estudo a probabilidade encontrada foi de 3,6%.
Figura 5– Distribuições de Probabilidades
Fonte: Elaborado pelo autor (2012)
O payback descontado médio da simulação do investimento em confinamento na modalidade de Boitel é de 10,6 anos.
A figura 6 enumera em ordem de prioridade as principais variáveis que tem impacto na viabilidade econômica do investimento em confinamento na modalidade de Boitel.
Figura 6– Distribuições de Probabilidades
Fonte: Elaborado pelo autor (2012)
Com base nas pesquisas pode-se afirmar que as variáveis de maior impacto na viabilidade da modalidade de Boitel são: Investimento em Instalações; Prêmio Europa; Mark-up; Peso de Entrada; Ociosidade; Ganho de Peso e Dias de Engorda.
Segundo o estudo, a gestão de riscos deve monitorar e controlar estas variáveis a fim de mitigar os riscos inerentes e aumentar a probabilidade de retorno positivo do investimento.
A partir da figura 7 encontra-se o resultado das simulações de viabilidade da modalidade Parceria.
Figura 7– Distribuições de Probabilidades – PARCERIA
Fonte: Elaborado pelo autor (2012)
A distribuição de frequência esboçada no gráfico da figura 7 quantifica a probabilidade do investimento na atividade de confinamento na modalidade de Parceria apresentar um valor presente líquido VPL maior ou igual à zero. Na simulação deste estudo a probabilidade encontrada foi de 71,3%.
Figura 8– Distribuições de Probabilidades
Fonte: Elaborado pelo autor (2012)
Conforme a figura 8 o payback descontado médio da simulação do investimento em confinamento na modalidade de Parceria é de 6,4 anos.
Figura 9 – Distribuições de Probabilidades
Fonte: Elaborado pelo autor (2012)
A figura 9 enumera em ordem de prioridade as principais variáveis que tem impacto na viabilidade econômica do investimento em confinamento na modalidade de Parceria.
Com base nas pesquisas pode-se afirmar que as variáveis de maior impacto na viabilidade da modalidade de Parceria são: Ganho de Peso; Rendimento de Carcaça; Consumo de Matéria Seca; Peso de Entrada; Rendimento de Carcaça Peso Entrada; Dias de Engorda; Custo Operacional; Custo da Tonelada da Matéria Seca e Investimento em Instalações.
Segundo o estudo, a gestão de riscos deve monitorar e controlar estas variáveis a fim de mitigar os riscos inerentes e aumentar a probabilidade de retorno positivo do investimento.
Conclusão da Análise de Risco
Segue as principais conclusões do estudo de avaliação de risco do negócio de confinamento:
– As variáveis que influenciam a viabilidade dependem da modalidade de negócio que pode ser Parceria, Boitel ou Compra de Gado Magro;
– A elaboração de indicadores de gestão e controle deve levar em consideração as diferenças entre as modalidades de negócio e o impacto de cada variável;
– Ações de hedge de preços devem ser adotadas e monitoradas constantemente para assegurar o sucesso do projeto;
– O uso de tecnologias nutricionais é de grande importância para garantir o desempenho animal e consequentemente o sucesso da atividade;
– As incertezas biológicas e climáticas têm grande influência e mesmo não sendo mensuradas neste modelo fazem parte do desafio de viabilidade dos projetos. O acompanhamento climático e genético é rotina dos projetos e estratégias de infraestrutura, manejo animal, sanidade e nutrição devem ser estudadas para amenizar o impacto destas vaiáveis. Este estudo corrobora com a necessidade de um seguro de produção nacional para mitigar os riscos;
– A demanda de capital de giro é variável de acordo com cada modalidade de negócio e estratégias de caixa, captação de recursos e gestão do capital têm grande impacto;
– Os tributos como ICMS devem ser levados em consideração e há a necessidade de um planejamento tributário para mitigar riscos e potencializar o retorno da atividade;
– O prazo de retorno do investimento é variável de acordo com a estratégia de negócio. A tomada de decisão é dinâmica e deve levar em consideração o prazo de retorno;
– Estudos de bioclimatologia devem ser aprimorados a fim de mensurar o impacto de cobertura de cocho, sombreamento, disponibilidade de água, área por animal no retorno do investimento. O valor do investimento em tecnologias de aspersão, concreto, cobertura de cocho, maior volume de bebedouros, declividade de pisos etc. já são conhecidos, porém o benefício econômico ainda é desconhecido;
– Para projetos exclusivos de investimento de confinamento, aqueles que não estão ligados a outras etapas de produção (cria, recria ou terminação a pasto) a ociosidade é um fator primordial para redução de custos e consequentemente para o retorno positivo. Os projetos exclusivos buscam os benefícios da economia de escala. Para alcançar este objetivo necessitam operar o maior período durante o ano a fim de reduzir o impacto da ociosidade nos custos de produção. Esta estratégia exige adequações de infraestrutura para superar os desafios climáticos e uma política de gestão de risco de preço de insumos e @;
– Este estudo não levou em consideração receita adicional da venda de esterco, créditos de carbono e energia proveniente de biogás. Estas receitas têm impacto positivo e a viabilidade de investimento deve ser avaliada caso a caso a fim de aumentar a probabilidade de retorno líquido do investimento em confinamento;
– A análise deste estudo é dinâmica, não estática e reflete um período de decisão. As mudanças do ambiente comercial, econômico e regional exigem atualizações constantes;
– Para maior segurança do investidor, análises customizadas devem ser realizadas constantemente.
7. Comunicação – Indicadores de Desempenho
Após a etapa de mensuração de riscos segue-se a etapa de gestão de indicadores. Esta etapa tem como objetivo facilitar a mensuração e controlar as principais variáveis identificadas na análise de risco.
A partir da visualização destes indicadores os gestores do Confinamento poderão tomar de decisões e adotar alterações estratégicas.
Segue abaixo os principais indicadores. Os indicadores foram divididos em categorias:
Para facilitar a comunicação e envolvimento dos colaboradores sugerem-se as seguintes ações:
A figura 10 ilustra um modelo de visualização dos indicadores.
Os indicadores são monitorados periodicamente por gestores responsáveis. As análises dos indicadores auxiliam a visualização de resultados e permite o planejamento tático de ações proativas a fim de maximizar o resultado do investimento. Os indicadores fazem parte da comunicação entre os colaboradores.
A forma de interação proposta é a fixação em locais de fácil visualização. Os indicadores são apenas facilitadores didáticos para o processo de comunicação, gestão da informação e tomada de decisão.
Figura 10 – Gestão de Indicadores
Fonte: Elaborado pelo autor (2012)
8. Considerações Finais
O objetivo deste trabalho é sugerir a aplicação de conceitos administrativos e ferramentas de gestão no dia a dia do negócio de Confinamento. O uso de metodologias de análise de risco facilita a identificação dos fatores determinante. A adoção de modelos de gestão a vista e indicadores de desempenho facilitam a comunicação, o controle e a tomada de decisão.
O grande desafio deste modelo de gestão é o envolvimento de todos os colaboradores, a mudança de cultura e quebra de paradigmas. O envolvimento da alta gerência e diretoria é fundamental para o sucesso.
Muito mais importante do que as análises (que são temporais) é a gestão do dia a do investimento.
A tomada de decisão exige rapidez, os fatores são muito dinâmicos e o mercado está cada vez mais volátil.
Como fator determinante deste modelo de negócio está a gestão da informação. Este estudo recomenda o uso de software de gestão zootécnica (rotinas de distribuição de dieta, controles zootécnicos, consumo etc.) associado à software de gestão administrativa ERP e software de gestão de incerteza como o utilizado @ Risk. A integração destes softwares permite em tempo real o acesso às informações e dá subsídios para tomada de decisão.
As ferramentas de hedge de preço de boi magro, boi gordo e commodities são indispensáveis e devem ser acompanhadas por profissionais qualificados.
Este estudo deve ser customizado para diferentes cenários de preços, região de atuação, curva de aprendizado dos gestores e equipes operacionais, infraestrutura disponível, fatores climáticos, período do investimento e perfil do investidor.
Após a bibliografia há os apêndices com as planilhas usadas no estudo e o detalhamento das análises de probabilidades.
“As empresas mais resistentes são aquelas que, em vez de tentar prever o futuro, preparam-se para responder rapidamente às mudanças” Nassim Nicholas Taleb.
*André Melo é Zootecnista pela UFV, Mestre em Economia Aplicada ao Agronegócio pela UFG, cursou MBA em Administraçao na USP. Atualmente é gestor da Mercado do Agronegócio, empresa de comercio de insumos agropecuários e commodities agricolas. Atuou como Gerente Corporativo de Confinamento na Minerva Foods, Coordenador Técnico Comercial na Nutron Alimentos, Gerente no Grupo Otavio Lage e Professor na UEG.
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Apêndices: