Em março, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa do boi gordo (estado de São Paulo) teve média de R$ 145,35, 14% superior à de março/14 (R$ 127,41), em termos reais (correção dos valores pelo IGP-DI de fev/15), e praticamente empatada com o recorde mensal de novembro/14 (R$ 145,37). O Indicador encerrou o mês de março (dia 31) a R$ 147,61, apenas 18 centavos abaixo do maior valor real, de R$ 147,79, registrado em 27 de novembro de 2014. As máximas que compõem a amostra do Indicador atingiram patamar recorde (também em termos reais) no correr de março, de R$ 150/@, considerando-se os valores máximos de toda a série histórica do Cepea, iniciada em 1994. No acumulado de março, o Indicador avançou 2,2%.
Para o bezerro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (animal nelore, de 8 a 12 meses, Mato Grosso do Sul) acumulou expressiva alta de 11,2% ao longo do mês, com a média a R$ 1.361,94, a maior da série, em termos reais (iniciada em 2000 para o produto). O recorde real diário foi atingido no dia 31 de março, de R$ 1.444,22. Em São Paulo, a média de março, de R$ 1.301,86, também foi a maior, com aumento acumulado de 7,84% no mês passado.
Os fundamentos de alta continuaram atrelados à baixa oferta. Além do volume de animais prontos para abate relativamente pequeno, produtores se mantiveram retraídos, devido aos altos patamares de preços da reposição, reforçando as valorizações da arroba. De modo geral, grande parte das negociações correspondeu a lotes formados por poucos animais e, em certos casos, com acabamento bastante heterogêneo. Nesse contexto, negócios com pagamento em prazos mais curtos, à vista ou mesmo antecipado também caracterizaram o mercado de boi gordo em diferentes regiões acompanhadas pelo Cepea.
No caso do bezerro, além do desestímulo à cria em anos anteriores, o volume baixo reflete a falta de chuva no correr de 2014, que prejudicou a taxa de prenhez das vacas, o intervalo entre partos e o desenvolvimento desses animais. Com os recordes de preços, no entanto, vêm reduzindo a venda de matrizes, o que abre a perspectiva de nova melhora da oferta de bezerros em médio prazo.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) confirmam a lógica de mercado que apontaria para redução do abate de fêmeas (vacas e novilhas). Em 2014, foram 14,2 milhões de fêmeas, 2% a menos que as 14,5 milhões de fêmeas do ano anterior. No comparativo dos trimestres de 2014 com iguais períodos de 2013, somente no primeiro chegou a haver aumento, de 2,9%. No segundo trimestre/14, houve redução de 2,6%, no terceiro, de 4,9% e, no quatro trimestre, de 2,8%.
No atacado da Grande São Paulo, frigoríficos continuaram relatando dificuldade de repassar os aumentos. A carcaça casada bovina se desvalorizou 0,6% no acumulado de março e a média mensal foi de R$ 9,07/kg, o que significa 10,5% superior à média (deflacionada) de março do ano passado. No comparativo com toda a série histórica do Cepea, essa foi a terceira maior média mensal – a maior é a de nov/14, de R$ 9,16/kg em preços atuais.
Quanto às exportações de carne bovina, o volume embarcado voltou a superar as 80 mil toneladas em março, totalizando 82,1 mil toneladas do produto in natura. A quantidade ficou 8% acima da do mês anterior, mas ainda 5,2% inferior à de mar/14, conforme números da Secex. O preço médio em dólar da tonelada da carne bovina in natura exportada baixou 4% de fevereiro para março, passando para US$ 4.135,20. A escalada do câmbio neste ano, porém, proporcionou aumento do preço da carne exportada em moeda nacional. A média de março ficou 6,8% maior que a de fevereiro e expressivos 25,6% superior à de março do ano passado, saltando para R$ 12.984/tonelada, conforme dados da Secex.
Fonte: Cepea