Exportações de carne bovina em julho podem ser recorde, indica Cepea
23 de julho de 2025

Conflito de Trump com o Brasil anima grupos de pecuaristas

Grupos de pecuaristas dos EUA estão elogiando o plano do governo Trump de impor uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo a carne bovina. (Cortesia do Departamento de Estado dos EUA)

O plano do presidente Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos do Brasil anima ao menos um setor da economia americana: a indústria pecuária.

O Brasil é o quinto maior exportador de carne bovina para os EUA, mesmo tendo, segundo a Associação Nacional de Pecuaristas de Corte (National Cattlemen’s Beef Association – NCBA), um histórico alarmante de febre aftosa e falhas na comunicação de surtos de doenças animais, como casos de vaca louca.

Grupos de pecuaristas também reclamam que os pecuaristas americanos estão sendo prejudicados economicamente pelo aumento das importações de carne bovina brasileira, favorecidas pela moeda fraca do Brasil e pelo baixo custo de produção na América do Sul.

Para limitar as importações de carne bovina, os EUA já aplicam uma tarifa de 26,4% sobre a maioria das carnes brasileiras. Trump afirmou em uma publicação nas redes sociais no dia 9 de julho que a tarifa de 50% seria somada às tarifas já existentes.

Mesmo uma tarifa combinada de 76,4% pode não ser suficiente para desencorajar as importações de carne brasileira, afirmou Bill Bullard, CEO da R-CALF (uma associação de produtores de gado).
“Sabemos que 26,4% é vergonhosamente insuficiente como medida dissuasória”, disse ele. “Esperamos que a tarifa mais alta funcione como um impedimento. Não sabemos se será suficiente.”

Trump publicou uma carta ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, chamando o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro de uma “caça às bruxas que deve acabar imediatamente”.

Trump também acusou o Brasil de práticas comerciais desleais e o Supremo Tribunal Federal de censurar plataformas de mídia social dos EUA. Segundo ele, a tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros entrará em vigor em 1º de agosto.

Não está claro qual lei Trump citará para justificar a imposição da tarifa. Ele mencionou déficits comerciais como justificativa para as chamadas tarifas recíprocas, ou “tarifas do Dia da Libertação”. No entanto, segundo o Escritório do Representante Comercial dos EUA, os EUA tiveram um superávit comercial de US$ 7,8 bilhões com o Brasil no ano passado. A tarifa do Dia da Libertação sobre o Brasil era o mínimo: 10%.

O USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) abriu o mercado americano à carne bovina brasileira em 2015, após concluir que o sistema de inspeção de carnes do Brasil era adequado. O USDA ignorou preocupações da indústria pecuária de que as importações brasileiras prejudicariam os pecuaristas americanos. O departamento afirmou que, devido a acordos comerciais internacionais, não podia favorecer um país em detrimento de outro.

O USDA proibiu a carne bovina brasileira em 2017 por preocupações com a segurança alimentar, mas reabriu a fronteira em 2020. Até agora, neste ano, as importações de carne bovina brasileira aumentaram 83% em relação ao ano passado, segundo o Serviço de Marketing Agrícola do USDA.

As importações brasileiras são uma das razões pelas quais o rebanho bovino dos EUA encolheu, disse Bullard. “Parece que o governo Trump está defendendo nossa cadeia de suprimentos doméstica, enquanto governos anteriores, por muitos anos, se curvaram ao ideal do livre comércio”, afirmou ele.

A NCBA recomendou, em março, a suspensão das importações de carne bovina do Brasil até que o USDA realize uma auditoria nos padrões de segurança do país.

A NCBA apoia fortemente a tarifa de 50% anunciada por Trump contra o Brasil, afirmou Kent Bacus, diretor de relações governamentais da entidade, em um e-mail.

“Há muitos anos, a NCBA pede a suspensão total da carne bovina importada do Brasil, devido à falta gritante de responsabilidade do país em relação à saúde do rebanho e à segurança alimentar”, disse ele. “Uma tarifa de 50% é um bom começo, mas precisamos suspender as importações de carne do Brasil para que possamos realizar uma auditoria completa e verificar as alegações do país.”

Fonte: Capital Press.

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