As exportações goianas de carnes beiram US$ 100 milhões por ano. Importante parte desse montante é negociado pelo Oriente Médio, onde os países árabes são grandes compradores da carne bovina e de frango. Se o conflito entre os Estados Unidos e Iraque se estender poderá afetar seriamente a balança comercial do Estado.
A dificuldade de chegar com os navios no Oriente Médio para a entrega da carne será o fator que desacelerará as negociações com os países árabes neste período, de acordo com o presidente do Fórum Nacional da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira.
O diretor para o Centro-Oeste da Perdigão, Euclides Costenaro, confirmou essa conseqüência, caso o conflito no Oriente Médio se prolongue. Ele explicou que, além das dificuldades de se encontrar navegadores dispostos a entrar no Golfo Pérsico, os que continuarão percorrendo a rota cobrarão mais caro pelo serviço.
Segundo Costenaro, antes mesmo do conflito, o serviço naval já está mais caro em até 50% em alguns casos. Conforme revelou, as empresas seguradoras de carga aumentaram o valor do serviço em decorrência da elevação da taxa de risco. No entanto, ele acredita que a guerra deverá ser curta e não afetará as exportações da empresa. “Somente começaremos a nos preocupar caso o conflito se estenda por mais de um mês”.
O executivo não acredita que os contratos de importações dos países árabes irão reduzir, mas os problemas de logística de distribuição impedirão o atendimento dessas demandas. “Se a navegação pelo Golfo Pérsico não tiver sendo possível, temos a opção de entrar pela África para atender parte do Oriente Médio. Gastaremos um pouco mais de dias e de dinheiro, mas pelo menos não vamos paralisar totalmente os negócios neste período”, comentou.
As exportações de carnes representam cerca de 10% da balança comercial de Goiás, conforme o responsável pela Área de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de Goiás, Eduardo Meirelles. O Estado vendeu US$ 649,1 milhões em 2002 ao mercado externo. O complexo soja respondeu por 50% do montante.
A Ásia (incluindo o Oriente Médio) comprou mais de US$ 80 milhões de Goiás em 2002. Os países árabes que mais importaram foram o Irã, com mais de US$ 8 milhões, a Arábia Saudita, US$ 6 milhões, e Egito, US$ 5 milhões. A Europa é a que mais compra produtos goianos, tendo ficado com 52,9% das exportações de Goiás.
Fonte: Diário da Manhã/GO (por Luiz Augusto Araújo), adaptado por Equipe BeefPoint