Nova raça de gado, batizada de Gama Foto: Divulgação/UGM/ND
A Indonésia anunciou uma nova raça de gado de corte capaz de produzir quase o dobro de carne em relação às raças tradicionais. Batizado de Gama, mas também conhecido como Gagah e Macho, ele foi desenvolvido em 13 anos de pesquisa.
Criada pela Universidade Gadjah Mada (UGM), em parceria com a empresa Widodo Makmur Perkasa (WMPP), a nova raça de gado foi reconhecida oficialmente pelo Ministério da Agricultura da Indonésia por meio de um decreto publicado no dia 7 de outubro.
A raça Gama foi resultado do cruzamento entre touros da raça Belgian Blue e gado local da Indonésia. Segundo a UGM, o animal tem músculos duplos do gado europeu, aliados à resistência e adaptabilidade dos bovinos tropicais.
A mistura genética deu origem a um animal de carne mais macia, crescimento acelerado e alta eficiência produtiva, características que podem transformar o setor pecuário do país.
De acordo com Ali Agus, líder da pesquisa, o principal desafio foi adaptar a genética europeia ao clima quente e úmido da Indonésia, sem comprometer a saúde reprodutiva das vacas.
“As fêmeas locais enfrentavam muitas dificuldades no parto e, em alguns casos, precisavam de cesárea. Buscamos uma solução que unisse desempenho e viabilidade reprodutiva”, explicou o pesquisador.
Os longos anos de estudo deram resultados que ultrapassaram as expectativas iniciais dos pesquisadores. O gado Gama nasce com cerca de 36 quilos e pode atingir 700 a 800 quilos em apenas dois anos e meio, quando já está pronto para o abate.
O rendimento médio da carcaça, que é a parte aproveitável da carne, é de 65%, sendo que o maior registro foi de 68%, índice considerado excepcional na pecuária de corte.
Outro diferencial é a estrutura corporal do animal. Apesar de robusto, o Gama tem ossos menores e músculos mais densos, o que aumenta o volume de carne em relação ao peso total.
“A combinação entre genética aprimorada e adaptação climática garante eficiência produtiva e sustentabilidade para o setor”, destacou Ali.
O comportamento do novo gado também foi estudado. Pesquisadores da UGM observaram que, mesmo sob altas temperaturas, os animais mantêm equilíbrio entre períodos de alimentação e descanso.
“Quando o calor aumenta, eles alternam entre ficar em pé e deitar, buscando locais mais frescos para se deitar e ruminar”, explicou Tristianto Nugroho, especialista em comportamento animal.
Para os pesquisadores, a capacidade de adaptação é o ponto-chave que diferencia o Gama de outras raças importadas.
“O Belgian Blue é produtivo, mas sofre em climas tropicais. Já o gado local é mais resistente, embora produza menos carne. O Gama reúne o melhor dos dois”, afirmou Panjono, integrante do projeto.
Com o desenvolvimento da nova raça, a Indonésia espera reduzir a dependência de importações de carne bovina e impulsionar a economia rural com exportações.
Fonte: Nd+.