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Conheça o programa P2P que leva produtores australianos para aprender sobre mercado de carne bovina no Japão

A visita P2P (Produtor para Produtor) seguiu um exercício similar no começo do ano, quando um pequeno grupo de produtores japoneses foram à Austrália para um evento similar de aprendizado e troca de experiências.

Um grupo de produtores de carne bovina da Austrália acabou de retornar de uma visita ao Japão, onde desenvolveram relações com os produtores japoneses e ajudaram a construir um entendimento sobre questões de acesso comercial. A visita P2P (Produtor para Produtor) seguiu um exercício similar no começo do ano, quando um pequeno grupo de produtores japoneses foram à Austrália para um evento similar de aprendizado e troca de experiências. Em alguns casos, os produtores japoneses que receberam o grupo australiano dessa vez já tinham visitado alguns dos negócios dos membros do grupo na Austrália no começo do ano.

Os membros do grupo P2P incluíram: Jordan Peach, gerente do confinamento Mort &Co Grassdale em Darling Downs, Queensland (esse foi o confinamento que o BeefPoint visitou em maio de 2012, na viagem técnica Austrália); David Maconochie, que gerencia seu negócio familiar de confinamento, Hopkins River, próximo a Dunkeld em Victoria; Annabelle Coppin, produtor extensivo de gado da região de Pilbara; Alison McIntosh, pecuarista e consultora do Sistema Nacional de Identificação Animal (NLIS), da região de Holbrook, em New South Wales; Greg Bradfield, produtor comercial de carne bovina da Tasmânia; Andrew Gray, produtor de genética e sêmen em Texas, sul de Queensland, e Emma Redden, a mais nova do grupo, com 23 anos, produtora de Angus em Gunnedah, New South Wales.

A gerente regional do Meat and Livestock Australia (MLA) no Japão, Melanie Brock, disse que o programa P2P tem suas origens no período imediatamente após o Tsunami de 2011, quando a Austrália ativou um programa de suporte e de auxílio alimentício chamado “Together with Japan” (Juntos com o Japão).

Isso levou à entrega de contêineres cheios de feno australiano para produtores em áreas devastadas pelo terremoto e efeitos subsequentes, incluindo alagamento e contaminação com radiação.

Brock afirmou que embora o programa Together with Japan tenha sido uma expressão de um compromisso humanitário da indústria de carne bovina australiana, tornou-se aparente as questões que surgiram como parte do processo como juventude na agricultura, acesso a mercados, encargos regulatórios, aumento de custos de produção e viabilidade do negócio, todos surgindo devido à oportunidade para produtores de ambos os países conversarem, cara a cara. Ele disse que isso o estimulou a tentar encontrar uma vida para o programa, após os efeitos imediatos do Tsunami terem reduzido. Foi uma excelente forma para a indústria australiana mostrar suporte ao Japão no período pós-Tsunami, mas também, certificar-se de que os colegas do Japão entendessem melhor a posição da Austrália em uma série de questões, incluindo acesso a mercados.

Em muitas das principais áreas produtoras de carne bovina do Japão visitadas pelo grupo australiano recentemente, tornou-se rapidamente aparente que muitos dos problemas que estão sendo enfrentados pelos produtores australianos são compartilhados no Japão. Um papel importante no processo foi tentar aumentar o consumo de carne bovina no Japão, para benefícios mútuos, e ajudar o produtor japonês a entender melhor a posição da Austrália em termos de acesso a mercado e as implicações de um Acordo de Livre Comércio. Devido às relações que a Austrália construiu entre os membros do grupo, não houve relutância para discutir questões às vezes pessoais e sensíveis uns com os outros. Isso mostrou áreas onde a indústria primária do Japão está mudando e onde está buscando formas de progredir e somente por essa razão, já foi uma oportunidade extraordinária.

Um dos muitos destaques foi um churrasco realizado por pessoas locais na principal região produtora de carne bovina do Japão, com a presença do embaixador australiano, e vários políticos japoneses importantes.

Essa foi a primeira viagem ao Japão para todos os sete participantes e abriu os olhos de todos os envolvidos, segundo o membro do grupo, David Maconochie. Ele disse que muitos produtores de carne bovina japoneses tinham uma visão “pré-programada” sobre os potenciais riscos para seus negócios associados com um acordo de livre comércio com a Austrália. Entretanto, eles mudaram sua posição após a oportunidade de dialogar com os produtores australianos. Houve um entendimento de que existem inevitavelmente áreas onde se compete, como produtores de carne bovina, mas que também existem muitos segmentos onde os dois fornecedores são polos opostos.

Um dos produtores japoneses sugeriu que os produtores japoneses já veem a indústria de carne bovina australiana como muito ameaçadora em termos de participação de mercado e questionou qual é a agenda da Austrália. Porém, depois da discussão, ele entendeu melhor os diferentes segmentos em que ambos os fornecedores operam e gostou da discussão sobre os desafios comuns de ambos os países. Maconochie afirmou que o grupo australiano trabalhou realmente bem quebrando essas barreiras.

Ele disse que era óbvio após visitas aos estabelecimentos varejistas do Japão e outros que a carne bovina australiana e japonesa estavam mirando dois mercados diferentes. Segundo Maconochie, existem contrastes enormes sobre o que eles estão tentando produzir e o que a Austrália produz: “Visitamos um confinamento de novilhas que engorda gado por 36 meses com grãos”. Ele disse que a grande mensagem foi que haverá pouca sobreposição em termos de qualquer competitividade se um acordo de livre comércio entre os dois países for alcançado.

Após as discussões, o Japão percebeu que não é sobre um roubando mercado do outro, mas sim, sobre tentar aumentar a conscientização e a demanda por carne bovina no país e construir o mercado geral de carne. A indústria doméstica já está funcionando em sua capacidade total e tem pouca oportunidade para expandir, se a demanda japonesa crescer. Seus próprios custos de produção são enormes, com 80-90% dos alimentos dos animais importados. É por isso que eles devem buscar um mercado de carne bovina de alta qualidade, para poder justificar esses custos de produção. Em geral, a indústria doméstica japonesa está fornecendo um padrão melhor de carne bovina para restaurantes, enquanto a Austrália está fornecendo carne a supermercados de food service.

Maconochie disse que houve muitas coisas em comum discutidas com produtores japoneses. O planejamento sucessório foi um tema comum, bem como o aumento do custo de produção e os encargos regulatórios. “Como eu disse em um tweet: mesmos problemas e desafios, somente uma língua diferente”.

O grupo visitou empresas privadas e corporativas, indo de pequenos negócios até rebanhos de 4.000 cabeças na ilha do norte de Hokkaido.

Um produtor que opera um confinamento com 400 cabeças, ligado com seu próprio restaurante e açougue integrados, cuja carne bovina é 80% fornecida dentro do negócio.

O grupo também visitou a região de Fukushima, que foi bastante afetada pelo Tsunami de 2011, e outra afetada pelos resíduos radioativos. Pela aparência, parece que não há nada errado, segundo Maconochie. Não é como um incêndio florestal ou uma enchente, onde os danos são óbvios. Nesse caso, eles estão tentando remover uma camada de 5 cm do solo para tentar resolver o problema, mas isso levará décadas.

A reportagem é do www.beefcentral.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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