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Conheça qual é o posicionamento da Abrafrigo sobre abate clandestino

No dia 10/mar, foram veiculadas matérias sobre abate clandestino no Fantástico, da Rede Globo, e na Revista Veja.

Em ambas, a realidade do abate cruel, desumano e irregular, transparece de forma nítida e chocante para todo o país. Nós, que vivemos o ambiente da indústria frigorífica moderna, inspecionada e atenta aos requisitos de qualidade, sanidade e higiene, também ficamos chocados com o que assistimos.

As matérias focam uma pequena parte da produção de proteínas animais no Brasil e não retratam, em caráter absoluto, o panorama da pecuária de corte brasileira, desde o produtor, indústria e varejo. Este outro lado, o da modernidade no campo, na indústria e no varejo, infelizmente não foi mostrada.

Temos o maior rebanho comercial do mundo; somos o maior exportador de carne bovina do planeta e vendemos a nossa carne para duzentos milhões de brasileiros e para mais de 170 países, tudo dentro do maior respeito à legislação e obediência as regras que disciplinam o nosso segmento, considerado um dos mais importantes da economia nacional.

Mas, enfim, existe o chamado abate clandestino de bovinos no país? A resposta é sim, mas necessita que seja melhor explicado. A clandestinidade absoluta que vulgarmente se chama de “frigomato”, que é o abate no mato, na fazenda, na roça, no campo ou em qualquer outro lugar sem nenhuma inspeção, é parte insignificante da produção nacional, sendo residual em termos estatísticos. Difícil estimá-lo, mas não chega a 5% ao ano do abate total em torno de 42 milhões de cabeças.

O problema está no abate não inspecionado, comumente chamado de clandestino oficial, sobre o qual a fiscalização municipal atua de forma tímida, desordenada e ineficiente. Ou até mesmo quando existe em termos oficiais, mas que na prática não funciona, assim como nos casos mostrados na matéria do Fantástico, onde as Prefeituras Municipais são cúmplices do crime que se pratica contra a saúde pública, contra o erário pela sonegação fiscal e contra o bem estar animal.

As estatísticas do SUS-Sistema Único de Saúde mostram que anualmente em torno de 80 mil pessoas são internadas no Brasil por conta do consumo de produtos de baixíssima qualidade e segurança alimentar. Milhões de reais em prejuízo da Previdência Social, já significativamente debilitada pelo desequilíbrio causado por despesas superiores as suas receitas.

Existem soluções? Evidentemente que sim. Basta ter vontade política, cumprir a legislação que já existe, implementando ações preventivas e fortemente repressivas nas esferas federais, estaduais e municipais. A ingerência da Promotoria Pública é salutar e bem vinda, pois tem ampla capilaridade em todo o território brasileiro e é considerada atuante e eficiente.

É necessário que o abate  clandestino seja tipificado como crime, uma infração penal sujeita aos rigores da lei. O combate à clandestinidade na produção de alimentos deve ter a mesma força de vontade e empenho que o poder público demonstra na luta contra as drogas e a criminalidade. São questões igualmente perversas e que demandam, de uma vez por todas, uma solução que há dezenas de anos aguarda uma tomada de posição firme e definitiva por parte de nossas autoridades públicas.

As lamentáveis imagens produzidas pelas reportagens do Fantástico e da Revista Veja, reproduzidas do trabalho realizado pela ONG Amigos da Terra, se por um lado causou comoção nacional, de outro, contribui de forma direta para o início de uma investigação oficial, que se faz urgente seja deflagrada pelos entes governamentais.

Fonte: Abrafrigo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

2 Comments

  1. Carlos Roberto Conti Naumann disse:

    A falda de segurança alimentar notadamente nos produtos de origem animal,vem sendo combatida mais intensamente a partir dos anos 70, com o advento da chamada federalização implementada pelo MAPA.Podemos verificar que nem todos os estados aderiram ao controle dos produtos clandestinos, alguns poucos como São Paulo,Paraná,Sergipe,Minas Gerais.Os demais a força politica foi maior que a segurança alimentar.Desta forma, podemos ver que o problema não é muito fácil de resolver.Como muito bem foi dito na reportagem, a Lei Nº7889 de 23/11/89 existe.Enquanto a população não exigir das autoridades o seu cumprimento vamos continuar consumindo produtos de origem animal sem as garantias de inocuidade necessárias a nossa saúde.

  2. Alex Bastos disse:

    Falar que o abate clandestino de bovinos no Brasil é menos de 5%, no mínimo é um equívoco!
    Abate Clandestino – Clandestinidade, a palavra provém do latim ‘clandestinus’, formada nessa língua a partir de ‘clam’ (em segredo, de forma oculta), no dic.Aurélio, encontramos -adj. / Que é contra as leis ou a moral). Podendo então chamar de clandestino o abate irregular, feito as vistas, com endereço fixo, porem, contrariando as leis e a moral.

    Verdadeiramente, sem qualquer margem de dúvida, seremos em breve o maior celeiro de comida para o mundo, hoje, já somos o maior exportador mundial de carne bovina, dotados de inúmeras indústrias frigoríficas com os melhores padrões de produção, sanidade e higiene do planeta, muitas destas até ociosas. Isto é um fato, que muito nos orgulha como consumidores e admiradores do sabor, suculência e nutrição que nos proporciona a proteína vermelha, bem como brasileiros que somos!
    Mas a realidade obscura existe e é ela que infelizmente interessa a mídia. Para mostrar o que é bom, correto e bem feito na mídia, tem que pagar, e pagar caro. O ridículo, o errado sai de graça, pois dá audiência, o “business” televisivo.

    Esta parte obscura da produção de carnes no Brasil não é parte uma insignificante da produção responde de 30 a 50% da produção, significando que carnes de 12,6 a 21 milhões de cab. Bovinas cheguem à mesa de consumidores brasileiros. No mínimo, alcança aproximadamente 20 milhões de lares, levando em consideração famílias com 4 integrantes.

    A falha do setor, que me incluo, sempre é tentar “tapar o sol com a peneira”, “empurrar a sujeira para baixo do tapete”, acreditando eu, muitas vezes para que os gringos não se alertem e provoquem embargos econômicos com o assunto, ou até mesmo, receio do estagnado consumo de carne bovina, vir a sofrer decréscimo. Estamos no século 21, precisamos ser transparentes para obtermos a confiança de nossos consumidores.

    Afinal, qual a verdadeira porcentagem de clandestinidade no comercio de carne bovina do BRASIL? Menos de 5%, indiscutivelmente não é!

    Vamos aos fatos:
    Março de 2011,matéria no Portal Ruralbr do Canal Rural – “Todos os anos, 2,5 milhões de bovinos são abatidos clandestinamente em Mato Grosso./ Em 2010, Mato Grosso abateu oficialmente 4,330 milhões de bovinos.”
    36% de abate clandestino em bovinos no MATO GROSSO em 2010.
    Junho de 2011, matéria veiculada no site camaru.org.br do Sindicato Rural de Uberlândia –comentários de Francisco Victer, Presidente da UNIEC – União Nacional da Indústria da Carne,durante 31ª Reunião Ordinária da Câmara Setorial da Carne Bovina – Estima-se que mais de 30% de todo plantel que é abatido no País ocorre sem inspeção oficial.
    30% de abate clandestino em bovinos no BRASIL
    Julho de 2011, matéria publicada no Valor Econômico – “O Ministério da Agricultura estima que metade da carne bovina consumida no Brasil tenha origem em abatedouros sem inspeção ou fiscalização de autoridades sanitárias.”
    50% de abate clandestino em bovinos no BRASIL
    Outubro de 2011, matéria publicada no Portal e Jornal A TARDE – “No ano passado, a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) contabilizou 1,11 milhão de bovinos abatidos em frigoríficos inspecionados, o que representa 51,4% dos 2,14 milhões de cabeças de gado prontas para abate (o chamado desfrute, calculado em 20,4% pelo IBGE e a empresa Scot Consultoria) em 2010 no Estado. O restante, 1,03 milhão de cabeças de gado, teria sido abatido clandestinamente.”
    48% de abate clandestino em bovinos na BAHIA
    Novembro de 2011, matéria do portal G1/Globo e veiculada no Telejornal Bom Dia Brasil – “Um estudo da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco (Adagro) aponta que metade da carne consumida em Pernambuco tem origem clandestina.”
    50% de abate clandestino em bovinos no PERNAMBUCO
    Março de 2012, matéria veiculada no Blog Carne Saudável – Fernando Sampaio, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) ao destacar que é muito ruim ter a imagem produtiva afetada negativamente pelos frigoríficos que não seguem as leis e padrões higiênicos indispensáveis. Além do grave problema da saúde pública, o abate irregular de 20 milhões de cabeças de gado por ano, no Brasil, traz enormes prejuízos à imagem da carne brasileira no exterior. “o País tem 209 milhões de cabeça de gado, abate 40 milhões por ano,”
    50% de abate clandestino em bovinos no BRASIL
    Abril de 2012, matéria veiculada no Blog Carne Saudável – técnicos do próprio Governo, mencionam 58% de clandestinidade em 2011 no Tocantins.
    58% de abate clandestino em bovinos no TOCANTINS
    Novembro de 2012, matéria veiculada no portal de notícias – UNIVERSOAGRO – “…, no Norte e Nordeste, cerca de 50% do consumo vem do abate clandestino, e, no Sul e Sudeste, este percentual pode atingir 20%”, ressalta Péricles Salazar, presidente executivo da Associação Brasileira de Frigoríficos, ABRAFRIGO.”
    50% de abate clandestino em bovinos no Norte e Nordeste e 20% Sul e Sudeste do BRASIL
    Março de 2013,revista Veja, edições 2312 e 2314 – “Mais de 30% da carne vendida no Brasil é clandestina /Hoje, 30% da carne consumida no país tem origem clandestina”
    30% de abate clandestino em bovinos no BRASIL
    Março de 2013,site da uniecbrasil , União Nacional da Indústria da Carne (UNIEC) – “ No lado oposto a tudo isto, estamos nós, felizmente a maioria que fazemos parte dos 70% do mercado, que trabalhamos muito, cumprimos as leis e primamos pela excelência de nossos produtos e serviços.”
    30% de abate clandestino em bovinos no BRASIL
    Março de 2013,site Scot Consultoria – “Contudo, é estimado que 30% da produção de carne bovina no Brasil seja produzida informalmente.”
    30% de abate clandestino em bovinos no BRASIL
    Março de 2013, portal JH-Jornal de Hoje –“ quando se fala em 100 mil cabeças abatidas, o melhor é projetar 200 mil cabeças ou mais. “Não é uma crítica aos dados oficiais, eles não poderiam mesmo considerar os abates clandestinamente de cabeças para as quais não há GTAs- Guias de Trânsito Animal”.
    50% de abate clandestino em bovinos no MARANHÃO .
    Março de 2013, jornal Correio do Povo – segundo Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul – SINCADERG “No Estado, percentual de abate clandestino representa 20% do total”.
    20% de abate clandestino em bovinos no RIO GRANDE DO SUL .

    Fica o questionamento, até quando continuaremos com este impasse!

    Porem mesmo com o este impasse, necessitamos exaurir este assunto, chegou a hora de um “basta” cobrar dos parlamentares, dos órgãos envolvidos, do setor, da impressa, de quem puder ajudar, uma solução ou saída. Em uma destas matérias citadas acima o título do artigo do site da Scott, resume muito bem o momento – “Frigoríficos: a Inspeção vai dar conta do recado?”.

    Os empresários estão voando em tecnologia e modernidade, porém, infelizmente as inspeções estão ficando bem para trás, não existe fiscalização de carne neste país. Recursos para sanidade até aparecem, mas para inspeção não. Os Serviços de Inspeções estão sem fiscais, sem motivação e com inúmeras interveniências políticas, estão vendo, literalmente a banda passar e o pior, isto pode prejudicar em muito a imagem e a credibilidade do setor que quer e pode alçar vôos bem mais altos, bem como prestar um desserviço, permitindo que chegue a mesa da população carnes sem inspeção e continue a degração do meio ambiente provocada pelos matadouros irregulares em pleno funcionamento nos inúmeros municípios deste Brasil varonil.