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Considerações sobre o mercado de carne bovina

Nos comentários anteriores discutimos a importância da definição de normas para sistemas de produção e da implantação de um sistema geral de rastreamento em nível nacional para o Brasil de fato aspirar um lugar de destaque como produtor e exportador respeitável de carne bovina. Essa importância é tanto maior quanto maior for a competição, que aumenta com a diminuição da demanda ou com o aumento da oferta!

As previsões que têm aparecido no noticiário sobre as conseqüências dos atentados terroristas dessa semana nos Estados Unidos no comércio internacional são as mais variadas, mas parecem ter em comum que no curto prazo haverá uma diminuição significativa do ritmo desse comércio. No médio e longo prazo, tudo deve gradativamente voltar ao normal, a não ser que esses atentados se transformem em um conflito global, o que não acreditamos. Entretanto, são nesses períodos curtos de crises que os mais competentes estabelecem raízes para ocupar espaços no mercado tanto no doméstico, no caso de produtores, como no internacional no caso de países. Fomos pegos, mais uma vez, um pouco desprevenidos, pois estamos atrasados em termos de definição de normas de produção de gado de corte internacionalmente aceitas e de um sistema de rastreamento que possa comprovar que as normas estabelecidas estejam sendo cumpridas.

No caso da pecuária de corte, essa esperada diminuição do comércio internacional no curto prazo deve causar pressões de baixa, nos já baixos preços praticados, no mercado interno. De outro lado, as inovações tecnológicas que vêm sendo introduzidas nos sistemas de produção de gado de corte têm diminuído bastante a idade de abate e o diferencial de preço dos chamados períodos de safra (águas) e de entressafra (seca). Nessas circunstâncias, tem ocorrido uma oferta menor de animais para abate do final do período de entressafra até a metade do período de safra, o que pode ser facilmente observado quando se comparam os preços de dezembro a fevereiro com os preços de entressafra, isto é, são praticamente os mesmos. Entretanto, a falta de estatísticas confiáveis do número de animais confinados, semiconfinados e de animais que possam ser acabados a pasto até meados da safra, e a difícil estimativa do poder aquisitivo dos consumidores, tornam difícil qualquer previsão, responsável, do que vai acontecer com os preços do boi. Um outro ponto ainda a ser considerado nesse jogo de xadrez dos preços é a importação de carne bovina e ovina do Uruguai, devido aos baixos preços dessas carnes no momento, naquele país, causados pela proibição de exportação para a Europa, para a América do Norte e para outros países do Oriente e da Ásia, em função do surto de aftosa.

No balanço geral, não devemos trabalhar com perspectivas de mudanças significativas de preços. Mas sem dúvidas, devemos aproveitar esse período de “crise” para aumentar a competitividade, qualidade e a confiabilidade da carne brasileira para podermos aproveitar as oportunidades de ocupar espaços e nichos de mercado que constantemente aparecem tanto no nível interno como no externo.

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