O consumidor europeu está retomando a confiança na carne bovina, quase um ano após o ressurgimento de casos da encefalopatia espongiforme bovina (EEB), ou doença da ‘vaca louca’, que provocou uma crise sanitária no continente europeu. Isso se reflete numa maior demanda pelo produto e conseqüente recuperação dos preços dos cortes nobres, como filé e contrafilé, na exportação.
Há cerca de um mês, os frigoríficos têm verificado um movimento de recuperação dos preços no mercado europeu, embora as cotações, ainda, não terem voltado aos seus patamares históricos.
Segundo Ênio Marques, diretor da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), em maio passado, num dos piores momentos da crise sanitária – que foi agravada pelos casos de aftosa na Europa -, a tonelada do filé-mignon ficou abaixo de US$ 4.500 FOB. Hoje está ao redor de US$ 6.300, ainda bem inferior aos US$ 8.500 registrados no mesmo período de 2000, segundo Marco Bicchieri, gerente de exportação do Bertin.
As estimativas são de que, em alguns países europeus, o consumo de carne tenha caído até 40% devido à crise. No caso do contrafilé, o avanço é maior. A tonelada do corte – que oscilou entre US$ 3.000 e US$ 3.500 FOB em 2000 – bateu US$ 2.200 em maio. Há um mês, chegou a US$ 2.600 e hoje está acima de US$ 3.000, informa o gerente de exportações de um frigorífico.
A demanda mais agressiva dos europeus anima os exportadores, mas eles admitem que a retomada do consumo deve ocorrer de forma gradual. O diretor da mesa de commodities da Hencorp-Commcor, John Claude Zarb, avalia que a recuperação dos preços tem sustentação. No entanto, dificilmente o consumo voltará aos patamares anteriores.
No entanto, a demanda por frango, uma alternativa à carne bovina, já começa a recuar na Europa, o que pode gerar otimismo entre os frigoríficos exportadores.
Tão importante quanto a retomada do consumo neste momento, é o fato de o Brasil ser praticamente o único fornecedor de carne bovina para a Europa. Com o ressurgimento da aftosa este ano, Argentina e Uruguai – tradicionais fornecedores da Europa – suspenderam suas exportações para aquele mercado. A estimativa é que os dois países deixem de colocar 3 mil toneladas de carne bovina/mês no mercado europeu.
O Brasil, que até julho embarcou para a Europa 51,6% de suas vendas de carne in natura, está preenchendo o espaço deixado. Marques acrescenta que este é “momento de compra” para os europeus, já que no fim do ano o consumo de carne aumenta devido às festas, outro motivo para o mercado mais aquecido. Para ele, apesar da recuperação, os preços ainda “estão longe do ideal”.
Fonte: Valor Online (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe BeefPoint