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Consumo e qualidade do capim-pojuca com diferentes idades

Um dos problemas que tem sido apontado com relação ao capim-pojuca em áreas comerciais refer-se ao consumo. Já existem diversos relatos de rejeição deste capim por parte dos animais.

Este problema pode, em parte, ser explicado pelo manejo adotado do pasto. Fernandes et al. (2003) conduziram um experimento na Embrapa Cerrados para avaliar o efeito da idade de rebrota do capim-pojuca sobre o consumo e a qualidade da forragem. O capim foi cortado em janeiro de 2000 com quatro idades de rebrota (22 a 28 dias, 29 a 35 dias, 36 a 42 dias e 43 a 49 dias), picado e fornecido a 16 novilhos de sobreano inteiros (cerca de 240 kg de peso vivo) em gaiolas metabólicas.

O consumo e a digestibilidade aparente do capim foram avaliados pela técnica da coleta total de fezes, com 14 dias de adaptação e 7 dias de coleta. A composição bromatológica e a digestibilidade aparente do capim-pojuca podem ser observadas nas Tabelas 1 e 2.
De modo geral, com o avanço da idade do capim houve aumento das frações fibrosas (FDN, FDA e lignina) e redução da proteína bruta e da digestibilidade aparente da matéria seca, do FDN e da proteína. Os autores observaram ainda um aumento no teor de sílica do capim com o avanço da idade. O consumo de matéria seca do capim com três semanas de rebrota (2,23% PV) foi superior ao do capim com 6 semanas de rebrota (1,86% PV) (Figura 1). Apesar dos autores não terem detectado diferença significativa, o consumo de FDN diminuiu de 1,54 a 1,33% PV entre a terceira e sexta semanas (Figura 2). Os autores concluíram que o capim-pojuca deve ser fornecido aos animais com 22 a 35 dias de rebrota, devido ao seu melhor valor alimentar neste período.





Figura 2: Consumo médio de fibre em detergente neutro do capim-pojuca (% do peso vivo) em função do tempo de rebrota. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si.
Fonte: Fernades et al. (2003).

Comentário dos autores:

Os resultados obtidos por Fernandes et al. (2003) mostram a redução do consumo do capim-pojuca com o avanço da idade. Neste experimento, o capim foi cortado e fornecido no cocho. Em áreas de pastagem, além da qualidade da forragem, outros fatores podem interferir no consumo, como por exemplo a estrutura do pasto. Fica claro, portanto, que para minimizar os problemas de consumo, a freqüência de pastejo do capim-pojuca deve ser elevada (de acordo com Fernandes et al.(2003), entre 22 e 35 dias). A qualidade da fibra do capim-pojuca também é um resultado que deve ser ressaltado. Apesar de não ter havido diferença estatística entre os tratamentos, a redução observada no consumo de FDN com o avanço da idade é bastante expressiva. Esse menor consumo está, provavelmente, relacionado ao aumento do teor de lignina em relação ao FDN (FDN indisponível) (Tabela 1) e à redução do coeficiente de digestibilidade do FDN (Tabela 2). A qualidade da fibra em gramíneas tropicais é um fator que deve merecer atenção especial, principalmente nos programas de melhoramento de forrageiras. Outro ponto importante é quanto à digestibilidade da proteína. Os valores apresentados (cerca de 50%) são muito baixos, provavelmente devido à elevada concentração de proteína aderida à fibra, o que a torna indisponível. Isso tem sido uma constante em análises de plantas tropicais e reforça a idéia de que a melhor suplementação nesses casos é com proteína de boa qualidade e não energia.

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