As instituições financeiras desembolsaram R$ 173,5 bilhões em crédito rural entre julho e novembro deste ano, os cinco primeiros meses da safra 2022/23, um aumento de 19% em relação aos R$ 145,1 bilhões liberados no mesmo período do ciclo passado, de acordo com dados do Banco Central compilados pelo Valor no dia 2 de dezembro.
Nesta temporada, as contratações continuaram a ser puxadas pelas linhas de custeio. No intervalo, o volume de financiamentos nessa modalidade atingiu R$ 111,7 bilhões, quase 65% de todo o dinheiro acessado pelos produtores rurais brasileiro. O valor é 45% maior que o desempenho registrado de julho a novembro do ano passado (R$ 77 bilhões).
Os financiamentos voltados à industrialização chegaram a R$ 8,8 bilhões e superaram o resultado observado em 2021 (R$ 8,3 bilhões), mas o ritmo de liberação de recursos para investimentos e comercialização ainda continuou mais fraco que o observado no ciclo 2021/22.
Até novembro, os produtores acessaram R$ 10,4 bilhões para a comercialização da produção agropecuária, ante R$ 13,9 bilhões nos cinco primeiros meses da safra 2021/22. Já a busca por recursos para investimentos engrenou e quase empatou com os números de 2021, apesar dos juros mais elevados nesta temporada.
De julho a novembro, os desembolsos para investimentos chegaram a R$ 42,4 bilhões contra R$ 45,3 bilhões no mesmo período do ano passado. O governo não fez novos remanejamentos de limites equalizáveis nesse período, e as linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) seguem bloqueadas por causa do comprometimento dos recursos.
Outros bancos ainda têm programas abertos, mas há relatos de dificuldades no acesso aos financiamentos com juros mais em conta. Também existem registros de produtores mais capitalizados que conseguem bancar parte dos investimentos à vista.
O apetite dos produtores rurais segue grande, tendo em vista o aumento dos custos com insumos para implementação das lavouras. O Banco do Brasil, principal financiador do campo, aguarda uma suplementação de limites equalizáveis para atender as linhas de custeio do Pronamp com recursos controlados.
A principal fonte dos financiamentos para custeio são as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), com R$ 32,7 bilhões até novembro. Na sequência estão os recursos obrigatórios dos depósitos à vista, com liberação de R$ 29 bilhões de julho a novembro.
A poupança rural com subvenção ultrapassou as LCAs no ranking geral no último mês e se tornou a principal fonte de recursos deste Plano Safra 2022/23 liberados, com R$ 43 bilhões. O desempenho também é melhor que as demais fontes nos investimentos rurais, que somaram R$ 13,8 bilhões nos cinco meses.
Fonte: Valor Econômico.