Pesquisadores vão testar outras formas para combater vermes, carrapatos e outros parasitas nos bovinos
Para atender ao apelo da atualidade de fornecer ao consumidor carne de qualidade e o mais natural possível, a Embrapa Gado de Corte do Mato Grosso do Sul vai desenvolver nos próximos três anos um projeto de alternativas de controle de vermes, carrapatos e outros parasitas.
Os pesquisadores vão estudar a criação de bovinos em pastagens rotacionadas com aplicação de fungos para reduzir a infestação de parasitas da verminose. Outra forma de controle da verminose será testada com a planta nin fornecida aos animais e o uso do alho em pó (o produto não se mostrou eficiente para controle de moscas e carrapatos). Para os carrapatos será testado controle com vacinas a serem desenvolvidas pela Embrapa.
“A demanda crescente por alimentos saudáveis está mudando o comportamento dos produtores que hoje, ainda em número restrito, estão investindo na produção de orgânicos (carnes, legumes, frutas, hortaliças, aves, ovos e outros) e outra grande parte está procurando formas de produzir com mais qualidade, eficiência, baixo custo e sem provocar agressões ao ambiente,” afirmou o coordenador do projeto e pesquisador da Embrapa, Ivo Bianchin.
O pesquisador admite que ainda há muito que buscar para chegar ao que poderia se chamar de “produção de carne natural”. Entre os diversos fatores limitantes está a utilização de produtos químicos, seja na pastagem ou nos animais para controlar parasitas e vermes.
O trabalho será iniciado em maio e vai envolver não só pesquisadores de Campo Grande (MS), mas também professores da Universidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Serão testados manejos e formas de controle “mais naturais” na fazenda experimental da Embrapa em Campo Grande, com animais a partir dos sete ou oito meses de idade até o abate, calculado para os 20 meses de idade, visando uma intensificação nos índices de produtividade da pecuária. “O projeto visa orientar o pecuarista para reduzir o uso de produtos que possam deixar resíduos nos animais e no ambiente e afetar a qualidade da carne. Outro objetivo é reduzir custos e o uso indiscriminado de medicamentos na criação de bovinos para produção de carne”, disse Bianchin.
Gastos
Segundo o pesquisador, só para combater a verminose calcula-se um gasto de R$ 12 a R$ 15 por animal, do nascimento ao abate, que em condições normais é feito por volta de 30 meses de idade do bovino. A infestação por parasitas influencia negativamente na produtividade do rebanho e o pecuarista muitas vezes não realiza o manejo adequado dos produtos. “O uso indiscriminado e incorreto de produtos químicos tem levado a gastos desnecessários e também ao aumento de resistência de alguns parasitas,” conta o pesquisador.
Segundo ele, no sistema de produção intensivo de pastejo praticado no Brasil o uso excessivo de vermífugos e carrapaticidas também pode comprometer a qualidade da carne.
No caso do carrapato e de outros parasitas os gastos muitas vezes são incalculáveis: “Há uso indiscriminado ou aplicação em subdosagem, o que deixa os parasitas resistentes e provoca desperdício de dinheiro”.
O projeto da Embrapa é chamado de “Alternativas (pastejo rotacional, fitoterápicos e fungos) ao Controle Químico dos Nematódeos e Carrapatos dos Bovinos” e tem um custo de R$ 970 mil, financiados pelo Projeto de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologia Agropecuária para o Brasil (PRODE-TAB).
Fonte: Folha de Londrina (por Cláudia Barberato), adaptado por Equipe BeefPoint