As plantas daninhas arbustivas encontradas em áreas de pastagem são, de modo geral, perenes e bastante competitivas. Além de determinar uma redução na produção de forragem devido à competição pelos fatores de crescimento (água, luz e nutrientes), a sua presença dificulta a colheita da forragem pelos animais.
Apesar dos métodos mecânicos de controle serem os mais utilizado nesses casos, sua eficiência é baixa. A aplicação de herbicidas após a roçagem é uma alternativa para se elevar o nível de controle obtido. Carmona et al. (2001), em um trabalho desenvolvido no estado de Goiás, estudaram a eficácia agronômica e econômica de alguns produtos (óleo diesel, óleo lubrificante usado de trator, solução aquosa de 2,4-D + picloram e solução oleosa de 2,4-D + picloram) no controle de esponja (Acacia farnesiana) e angiquinho (Mimosa pteridofita). Os produtos foram aplicados por meio de pincelamento no toco, logo após o corte, em plantas de dois tamanhos (pequenas ou grandes), roçadas a duas alturas (0 ou 20 cm acima do nível do solo). O óleo lubrificante foi aplicado apenas nas plantas maiores cortadas a 20 cm do solo. Foi avaliado a porcentagem de controle e o vigor de rebrota das plantas não controladas (Tabela 1).
Os autores observaram que o corte, sem a aplicação de herbicidas, não foi eficaz no controle das invasores (o maior nível de controle obtido foi de 50%). O nível de controle obtido com a aplicação de óleo lubrificante em plantas maiores também não foi satisfatório. A aplicação de óleo diesel nas plantas menores cortadas ao nível do solo proporcionou controle total das invasoras testadas. No entanto, nas plantas maiores e naquelas cortadas a 20 cm do solo a eficiência deste produto foi reduzida. O controle das duas espécies com a aplicação de solução aquosa de 2,4-D + picloram foi total quando o corte foi realizado ao nível do solo. O corte a 20 cm reduziu a eficiência deste tratamento, atingindo níveis não aceitáveis no caso da esponja. O uso de solução oleosa de 2,4-D + picloram foi menos eficiente que o uso de solução aquosa do produto. Os autores concluíram que o angiquinho e a esponja são controlados eficientemente quando cortados ao nível do solo e o toco é pincelado com óleo diesel puro, no caso de plantas pequenas (altura máxima de 2,5 m para a esponja e 1,5 m o para angiquinho), ou com 2,4-D + picloram, independente do tamanho.
Tabela 1: Controle e vigor de brotação (somatório do comprimento de todos os brotos) das plantas de esponja e angiquinho, em razão do herbicida utilizado, da altura de corte e do tamanho das plantas (P = pequena; G = grande).
Comentário dos autores: o trabalho de Carmona et al. (2001) traz várias informações interessantes como, por exemplo, a possibilidade de se controlar plantas daninhas arbustivas com óleo diesel. Segundo os autores, o controle de plantas pequenas cortadas rente ao solo com óleo diesel foi tão eficaz quanto o controle com 2,4-D + picloram em solução aquosa, porém com um custo 30% inferior. Outra informação importante é com relação ao efeito da altura de corte sobre a eficiência dos tratamentos. De modo geral, a roçagem para a aplicação de herbicidas no toco é feita de 15 a 20 cm do solo. No entanto, de acordo com os dados de Carmona et al. (2001), o corte das plantas a 20 cm reduziu a eficiência de controle dos produtos testados. O efeito da altura de corte sobre a eficiência de controle dos herbicidas é bastante claro em áreas já roçadas em anos anteriores. Nestes casos, o corte deve ser feito sempre abaixo do primeiro nó (ou seja, abaixo do local do corte anterior e de onde se iniciou a nova rebrota).
Carmona, R.; Araújo Neto, B.S.C; Pereira, R.C. Controle de Acacia farnesiana e de Mimosa pteridofita em pastagem. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.36, n.10, p.1301-1307, 2001.