As divergências sobre o convênio firmado entre a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) e a Fundação de Aprendizagem Rural (Funar), ligada à Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), destinando R$ 1,094 milhão para cursos de conscientização de produtores rurais sobre a importância da sanidade animal, geraram crise no Conselho Estadual de Sanidade Animal (Cesa) e resultaram no pedido de demissão de três entidades representativas de médicos veterinários e produtores rurais do Estado: a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) e a Sociedade Sul-Matogrossense dos Médicos Veterinários (Somvet).
O conselho, criado por meio da Lei Estadual 1.950, tem caráter deliberativo e normativo sobre as ações de sanidade animal no MS e reúne 11 entidades representativas.
Segundo informações dos representantes de duas das entidades (Acrissul e CRMV-MS), que pediram demissão, a crise teria sido deflagrada pela negação do presidente do Cesa, o secretário de Produção José Antônio Felício, em debater com os membros do conselho o convênio da Iagro com a Funar, na reunião realizada ontem na Capital.
O secretário teria declarado que o convênio é legal e que não teria nada a declarar aos membros, já que as entidades teriam politizado o assunto por meio de denúncias na imprensa.
“O ponto conflitante são as prioridades do trabalho de sanidade animal, já que é o conselho que define as políticas sanitárias do Estado. Não estamos questionando o dinheiro, mas queríamos debater isso antes, o que não aconteceu”, disse o representante da Acrissul, Nelson Pinatto.
Com relação ao pedido de demissão, Pinatto enfatizou que “ele (secretário) colocou ainda que entidades como a Acrissul, a Somvet e o CRMV-MS não têm valor nenhum dentro do conselho. Então, o que estamos fazendo lá?”, ponderou.
Já o presidente do CRMV-MS, Roberto Bacha, disse que “diante da discordância na condução das questões sobre prioridades da Iagro no trabalho de vigilância sanitária animal, entre elas o enfoque meramente arrecadador do órgão e a falta de explicações do presidente do Cesa sobre a utilização dos recursos arrecadados, entre eles e o convênio com a Funar, decidimos nos retirar do conselho”.
“Nós tivemos divergências a respeito de um assunto que eles trataram via imprensa e eu não tinha como conversar sobre isso porque eles politizaram o assunto”, explicou Felício. Segundo ele, os pedidos de afastamento do conselho ainda não foram oficializados. “Eles apenas disseram que queriam se afastar, caso seja confirmado, vamos encaminhar um projeto de lei e fazer a alteração no conselho”, concluiu.
Fonte: Correio do Estado/MS, adaptado por Equipe BeefPoint