A operação que vai ampliar a fatia do BNDES no capital da Marfrig terá um custo elevado para o banco estatal. No fim do mês, o BNDESPar converterá R$ 2,15 bilhões em debêntures da Marfrig em ações. A transação vai elevar, de 19% para 33%, sua participação na empresa, mas a um preço de R$ 21,50 para cada nova ação –mais do que o triplo do preço de mercado.
O preço de conversão foi calculado com base em um acordo firmado em 2010, quando as ações da Marfrig eram negociadas a preços consideravelmente mais elevados. À época, os frigoríficos brasileiros estavam se expandindo no exterior.
Depois de injetar quase R$ 1 bilhão em capital na Marfrig entre 2007 e 2009, o BNDES aceitou comprar R$ 2,5 bilhões em títulos de dívida conversíveis em ações emitidas pela Marfrig em julho de 2010 para financiar a compra da americana Keystone Foods.
O caixa gerado pelas empresas compradas pela Marfrig não foi suficiente para pagar as despesas com juros de uma dívida que quadriplicou entre 2009 e 2011, levando a empresa a amargar prejuízos nos últimos cinco anos.
Como resultado, o frigorífico se viu obrigado a reduzir sua capacidade e a vender parte dos ativos que havia adquirido — incluindo a britânica Moy Park e a Seara, ambas para a rival JBS.
Em 2014, com a Marfrig em dificuldades, o BNDES concordou em trocar as debêntures emitidas em 2010 por títulos de prazo mais longo, adiando o pagamento de juros por um ano e reduzindo o preço mínimo da conversão, de R$ 24,50 para R$ 21,50 por ação.
A Marfrig amargou o pior retorno entre 300 concorrentes globais desde que o BNDES adquiriou as debêntures. No período, os acionistas da companhia perderem US$ 0,65 para cada dólar investido em julho de 2010, em contraste com um retorno total de US$ 0,45 das ações da JBS e US$ 0,87 dos papéis da Minerva.
O BNDES afirmou que terá recebido cerca de R$ 1,8 bilhão em juros da Marfrig quando os títulos forem convertidos, compensando parte das perdas decorrentes da perda de valor da empresa. O banco também terá um segundo assento no conselho da companhia.
Fonte: Bloomberg, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
1 Comment
Prezados, no caso de um investidor pf ter adquirido uma debenture da Marfrig, com a intenção de diversificar seus investimentos, está correto ele amargar este prejuízo também? Não há alguma proteção para este tipo de prejuízo não ocorrer com pequenos investidores? Digo isto porque comprei uma dessas debentures, pensando em diversificar meus investimentos, onde investi R$ 10mil e estou saindo com somente R$ 3mil.
Gostaria da opinião da BEEFPOINT sobre está questão.
Desde já, grato pela atenção.