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Cooperativas investem em frigoríficos

A dificuldade de comercialização do gado com os frigoríficos está motivando os produtores a construírem abatedouros. Em Rolândia (PR), a Corol Cooperativa Agroindustrial está investindo R$ 90 milhões em uma planta com capacidade inicial de abate de 500 animais por dia. Em Pimenta Bueno (RO) os pecuaristas uniram-se e criaram a Cooperativa Rondoniense de Carne Ltda (Cooperocarne), que tem planos de aplicar R$ 20,4 milhões no abate diário de 750 animais. A Cooperativa Agropecuária Cascavel Ltda (Coopavel), do Paraná, também pretende atuar no setor. Em Goiás, os produtores estão organizando a Agência Estadual de Comercialização de Gado, que deve estar em funcionamento em 20 dias e terá capacidade para negociar 15 mil animais por dia.

“Nunca o preço, o rendimento de carcaça e o peso do animal imaginados pelo produtor são iguais aos do frigorífico”, afirma o pecuarista José Antônio Fontes, de Londrina (PR), associado à Corol. Segundo ele, há muitas vantagens com a instalação da planta em, no máximo, 24 meses. Pelo regulamento, os cooperados serão cotistas, receberão um prêmio por qualidade, com pagamento à vista e sem diferença entre o valor do macho e da fêmea. Hoje, os frigoríficos que pagam à vista impõem deságios no preço. Do contrário, o recebimento pela venda ocorre de 15 a 30 dias. Além disso, o valor pago pela vaca é inferior ao do boi.

A Corol está investindo R$ 90 milhões na construção do frigorífico, que terá parceria com uma empresa dos Estados Unidos, será formada uma joint venture. Cerca de metade do capital será estrangeiro e o restante captado por meio de financiamento bancário. O projeto estipula que cada produtor terá uma cota de animais para entregar por mês. Inicialmente, serão abatidas 500 cabeças por dia, mas a planta tem capacidade modular, com possibilidade de aumentar para até dois mil animais diariamente em quatro anos. Estima-se que, em 30 dias, o acordo internacional seja fechado para que as obras comecem. Toda a produção será voltada para o mercado externo.

Valorização

“Além de ser bom para os pecuaristas, a planta faz parte da estratégia da cooperativa de verticalização da produção”, afirma o vice-presidente da Corol, Antônio Sérgio de Oliveira. Segundo ele, como a cooperativa já produz grão, estaria agregando valor ao produto primário. O frigorífico é o início de um projeto maior, em que a cooperativa pretende também, nos próximos anos, investir em criação e abate de aves e suínos.

Já a Coopavel confirma o investimento em frigorífico, mas não revela números.

Em Rondônia, a dificuldade de comercialização também foi o motivo pelo qual os pecuaristas uniram-se para criar a Cooperocarne, em 2003. No final do ano passado, a cooperativa conseguiu crédito de R$ 14 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), outros R$ 6,4 milhões serão aplicados pelos cooperados, para a construção da unidade, cuja produção de carne deverá ser toda exportada.

Segundo o economista da Cooperocarne, Oberdan Ermita, 80% do abate do estado estão concentrados nas mãos de uma única empresa, o que causa distorções de mercado. Hoje, o preço praticado em Rondônia e no Pará é o mesmo, embora o primeiro tenha um risco sanitário para aftosa melhor que o segundo.

Há quatro anos, o ágio sobre o preço do boi em São Paulo era 22% maior em relação a Rondônia. Hoje o prêmio subiu para 26%. No Mato Grosso a diferença subiu de 8% para 12% no mesmo período.

“A concentração do abate e o crescimento da pecuária em Rondônia fizeram essa diferença”, afirma Ermita. Segundo ele, a capacidade de abate instalada no estado é de 1,8 milhão de cabeças ao ano, para uma oferta estimada em dois milhões de animais.

Estratégia

“A comercialização é um problema crônico”, diz o coordenador do Programa Paranaense de Produção de Carne e Leite à Base de Pasto, Rubens Niederheitnan. Segundo ele, já existem no estado cinco alianças mercadológicas de produtores que se organizam para entregar um volume maior de carne de qualidade. Eles trabalham apenas com novilho precoce. Agora, estão se unindo para criar uma agência, de olho no mercado internacional.

Movimento semelhante está ocorrendo em Goiás. Há cerca de um ano, os pecuaristas de Caiponia, no sudoeste goiano, criaram uma central de comercialização, que negocia três mil animais por mês. Os produtores informam a quantidade de animais disponíveis e a central busca compradores. “Fazemos pesquisa de preço antes de vender, buscando maior rentabilidade”, afirma o presidente do Sindicato Rural de Caiponia, Rômulo Pereira da Costa. Agora, o sindicato pretende se unir aos sindicatos rurais das 30 maiores regiões de pecuária do estado, para a criação de uma agência estadual.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint

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