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Cooperativismo em prol da rastreabilidade

Por Valmir Luiz Martins1

O consumidor está ganhando cada vez mais importância no processo de globalização da economia, graças à empresas inseridas nos mercados competitivos ­ EUA e Europa – com estratégias globais.

Entre estas estratégias, a segurança alimentar tornou-se fundamental, pois lida com consumidores exigentes amparados por legislação específica; além do risco de indenizações aos consumidores, as empresas podem ter sua imagem arranhada e sua reputação comprometida. A conclusão disso é óbvia: como se trata de um bloco de países de peso na economia mundial e com grande poder de compra, o Brasil está condicionado às exigências da União Européia.

De fato, após a crise da “vaca louca”, governos, associações de classe, varejistas, frigoríficos e produtores rurais europeus exportadores passaram a fomentar e desenvolver alianças para melhorar a imagem e competitividade do produto carne bovina. Entretanto, aqui em nosso país observa-se um tímido esforço dos principais agentes da cadeia produtiva da carne para coordenar e alavancar de vez a rastreabilidade dos bovinos.

Sem dúvida, uma coordenação eficiente de toda cadeia produtiva pode viabilizar a disponibilidade, tanto no Brasil como na Europa, de produtos rastreáveis da gôndola do supermercado à sua origem. As alianças mercadológicas podem ser estruturas adequadas para este fim, desde que se cumpram os quesitos para a rastreabilidade e corrijam-se os problemas, como a garantia de fornecimento em quantidade e a regularidade de animais, já que quanto à sanidade, o Brasil há muito tempo apresenta avanços no combate à febre aftosa, elevando o status dos circuitos Leste e Centro-Oeste nos últimos anos à condição de zona livre de aftosa com vacinação, colocando mais da metade de nosso rebanho de 180 milhões de cabeças apto à exportação. Em contrapartida, apenas pouco mais de 1 milhão de animais foram rastreados no ano passado.

Para combater isso e evitar prejuízos em nossa balança comercial, devemos avançar em busca de um maior cooperativismo neste setor, e não insistir nesta cultura onde varejo, produtores e frigoríficos são adversários. Com essa mudança de postura, a rastreabilidade acaba se tornando o principal diferencial de qualidade, assumindo sua capacidade na coordenação e na competitividade da cadeia produtiva da carne bovina, lembrando ainda que os custos diminuem para todos. Sem este comprometimento, será difícil atingir neste ano os US$ 776,3 milhões das exportações de carne in natura em 2002.

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1Valmir Luiz Martins é diretor da BioRastro Certificação de Produtos Agropecuários

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