Coragem, consistência e legado: a trajetória de quem entrou na pecuária na baixa e virou referência na cria

Alessandro Stable é empresário, pecuarista e parte de uma geração que viu Rondônia nascer, crescer e se tornar uma potência agropecuária. Formado em Administração e Direito, cresceu dentro de uma transportadora fundada por seu pai há mais de 50 anos, um negócio marcado por coragem, trabalho duro e uma visão de futuro que atravessou três gerações.

Em 2007, decidiu entrar na pecuária. Não no auge. Não no momento “seguro”.

Entrou na baixa, quando muitos estavam saindo, e sem nenhuma experiência prática no setor.

O que mais chama atenção na sua trajetória não é apenas o crescimento da fazenda.É o jeito como ele construiu, com paciência e consistência, uma reputação sólida em um dos setores mais exigentes do agro.

Quando a pecuária pede visão

No início, Alessandro se dividia entre a transportadora e a fazenda, tentando entender qual caminho construir.

Ele comprou suas primeiras novilhas sem saber se o futuro era cria, recria ou engorda. Não tinha experiência, não tinha tradição familiar no campo, não tinha base técnica — mas tinha a disposição de aprender.

E uma pergunta começou a guiá-lo: “Como posso entregar o melhor bezerro da região?”

Enquanto muitos produtores mudavam de estratégia a cada ciclo, Alessandro tomou uma decisão rara:  ficaria na cria, acontecesse o que acontecesse.

A pergunta que o movia não era “o que dá mais dinheiro agora?”, mas sim: “O que pode se tornar um negócio sólido daqui a 10 anos?”

Esse tipo de clareza é raro e fez diferença.

O encontro com o conhecimento que muda tudo

A transformação começou quando ele se abriu para aprender.

Estudou, buscou informação, acompanhou o BeefPoint, entrou no Agrotalento e participou de uma viagem técnica ao Texas em 2014. Para ele, aquela viagem “mudou a cabeça”.

Mostrou outra escala, outra mentalidade, outra forma de pensar genética, confinamento, qualidade e produtividade.

Foi ali que ele entendeu que a pecuária poderia e deveria ser conduzida como um negócio de verdade, com estratégia, métricas e evolução contínua.

A partir daí, um caminho se desenhou.

De tentativa e erro à consistência que gera resultado

Na fazenda, Alessandro começou a fazer o simples com cuidado, ano após ano:

✔ seleção genética cada vez mais rigorosa
✔ manejo reprodutivo acompanhado com técnica
✔ descarte planejado
✔ pastagens evoluindo
✔ foco absoluto na qualidade do bezerro
✔ paciência para crescer no tempo certo

O resultado não apareceu rápido, mas apareceu forte.

Quando começou, o bezerro padrão era de 6 arrobas. Hoje, ele entrega animais de 8 a 9 arrobas, exatamente o que o mercado exige.

A reputação que cresce de fazenda em fazenda

No início, ninguém o conhecia na pecuária. Ele era “o Alessandro da transportadora”.

Mas a entrega de qualidade, ano após ano, mudou isso. As pessoas começaram a buscar seus bezerros, a ligar antes mesmo de ele anunciar, a indicar para outros produtores.

Nas palavras dele: “Eu tento entregar o que eu gostaria de receber.”

Assim nasce uma reputação. Não de promessas, mas de entrega.

O legado de quem aprendeu olhando para trás — e pensando no futuro

Parte da força de Alessandro vem da história da própria família.

Seu pai atravessava o Brasil de caminhão quando Rondônia ainda era estrada de chão, sem energia, sem asfalto, com televisão chegando em fita um dia depois.

Foi essa coragem de desbravar, essa ética de trabalho e esse senso de construção que moldaram Alessandro e que hoje moldam a terceira geração.

Agora, ele vive o desafio que todo produtor vive: como preparar os filhos para dar continuidade a uma história tão grande?

Ele sabe, pela própria experiência, que sucessão não é só herdar, mas sim, aprender, trabalhar e assumir o negócio com competência.

A lição que fica

“Na pecuária, você não pode desanimar na baixa. Tem que ter foco, aprender e evoluir todo ano.”

A trajetória de Alessandro mostra que pecuária não é sobre atalhos. É sobre visão, paciência, reputação e coragem para fazer o que precisa ser feito, mesmo quando o ciclo não ajuda.

De um iniciante incerto em 2007 ao produtor de referência em cria que é hoje, ele prova que constância é mais forte do que qualquer onda de mercado. E que quem constrói no longo prazo sempre colhe mais.

Episódio especial: Miguel Cavalcanti conversa com Alessandro Stable

📅 Transmissão dia 27 de novembro, às 19h

🎬 Assista no YouTube:

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