Depois de 41 anos atuando na área de grãos, fruticultura, rações, café e produção de açúcar e álcool, a Corol-Cooperativa Agroindustrial de Rolândia (25 km a oeste de Londrina) começa a investir na pecuária. O Projeto Carnes da Corol já está em fase final de negociação com uma empresa norte-americana, especialista na comercialização de carnes no mercado internacional. A execução do projeto envolve a construção de um frigorífico e de um curtume e prevê investimentos estimados em US$ 30 milhões e a participação de mais de 600 pecuaristas do Norte do Paraná, interior de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.
O presidente da Corol, Eliseu de Paula, mantém sigilo sobre o nome do grupo americano com o qual será firmada a joint-venture, possivelmente no mês que vem, para a exportação de carne bovina para Estados Unidos, Europa e Ásia. ”Trata-se de um projeto integrado que vem sendo discutido há um ano e meio. Acreditamos que, dentro de dois anos, vamos estar comercializando a carne bovina no mercado interno e externo”, avalia Paula, acrescentando que a região possui, num raio de 300 quilômetros, 4 milhões de cabeças de gado.
”Temos a matéria-prima, vamos implantar a indústria de carnes, mas não conhecemos o mercado internacional. Por isso, estamos buscando um parceiro que já tenha o mercado internacional para firmarmos a joint-venture”, explica. Segundo Paula, a parte da Corol será a de organizar os pecuaristas, dar condições e padrão internacional de qualidade para o produto. ”Enquanto isso, o parceiro externo seria responsável pela comercialização. A responsabilidade dos pecuaristas será na garantia de entrega de um determinado número de animais/mês”, completa. O projeto tem o apoio da Embrapa do Mato Grosso do Sul.
Todo processo será implantado com rastreabilidade dos animais para garantir a uniformidade do rebanho, e terá acompanhamento em todas as fases dos técnicos da Corol, a exemplo dos demais projetos integrados. De acordo com Eliseu de Paula, 400 pecuaristas já assinaram o contrato de adesão ao projeto. Inicialmente serão abatidas 500 cabeças/dia com previsão de crescimento ano a ano. A intenção, informa Paula, é que o projeto não fique só na carne bovina, mas ganhe abrangência nos próximos 10 anos com a comercialização de suínos e aves.
A partir da joint-venture, os parceiros irão buscar recursos, através de linhas de financiamento, para a construção de uma moderna planta industrial capaz de oferecer cortes diferenciados para consumidores da América do Norte, Europa e Ásia. O parceiro americano deverá financiar parte da planta. Segundo Eliseu de Paula, o frigorífico com a indústria de carnes será construído no distrito de São Martinho, a 13 quilômetros de Rolândia, onde hoje já funciona a usina de álcool e açúcar da Corol.
A idéia, segundo o presidente da cooperativa, é instalar o frigorífico em local que cause menor impacto ambiental. ”Por isso faremos um ao lado do outro, para utilizarmos toda infra-estrutura realizada na parte ambiental. Os resíduos de um frigorífico e de uma usina podem ser reaproveitados e tratados da mesma forma. Também podemos utilizar a co-geração de energia”, revela. Ele acrescenta que a planta deverá estar em funcionamento em 24 meses e deverá empregar 500 funcionários.
Para Eliseu de Paula, o projeto não é ousado, mas inovador assim como aconteceu com o projeto de laranja desenvolvido pela cooperativa que hoje exporta o suco industrializado. ”Na carne vai ser igual. Queremos industrializar a carne para que ela esteja na gôndola dos supermercados de vários países”, afirma.
Fonte: Folha de Londrina (por Vera Barão), adaptado por Equipe BeefPoint