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Credibilidade da carne bovina passa por sistemas com normas de produção bem definidas

Na semana passada, comentamos sobre a necessidade de cada país do Mercosul ter um sistema de rastreabilidade geral definido para possibilitar a implantação de um programa de equivalência sanitária para a cadeia da carne bovina entre eles, e em futuro próximo, com os demais países produtores, importadores e exportadores.

O programa de divulgação da carne bovina brasileira “Brazilian Beef”, para ter chance de sucesso, não só deve informar como essa carne é produzida e manipulada, mas mais importante, fornecer um meio rápido e confiável para que os clientes possam verificar todas as informações que desejarem sobre os produtos que têm interesse em adquirir. Ficar falando que o boi é verde e que a carne é natural, sem especificar detalhadamente os métodos e insumos utilizados e sem ter um sistema de rastreamento transparente e eficaz, será perda de tempo e de dinheiro nas condições atuais de desconfiança dos consumidores causado pela ocorrência de BSE (vaca louca) e de aftosa.

Tem ocorrido um movimento muito grande em torno da produção de carne bovina orgânica, com notícias sobre demanda desse tipo de carne e de interesse de produtores em estabelecer sistemas produção de carne orgânica. Deve-se ter em mente que a produção de alimentos através da agricultura orgânica envolve além de interesses puramente econômicos, conceitos filosóficos principalmente sobre meio ambiente e justiça social. Muitas das normas exigidas são difíceis de serem digeridas tanto por produtores como por pesquisadores com base nas tecnologias disponíveis.

É claro que não é impossível estabelecer sistemas de produção de carne bovina orgânica. De fato existem alguns projetos em implantação, mas nenhum no Brasil plenamente estabelecido. Portanto, acreditar que os produtores brasileiros ou de qualquer outro país estão preparados e ou dispostos a produzir quantidades significativas de carne bovina seguindo as normas exigidas nos parece um pouco inocente. Além das restrições impostas pelas normas, existem poucas informações confiáveis sobre preços e sobre canais de comercialização.

Entretanto, a discussão sobre sistemas de produção de alimentos orgânicos tem trazido contribuições importantes tais como: necessidade de existência de normas de produção a serem seguidas e necessidade de sistemas de informação e de rastreamento que permitam auditorias por entidades independentes e qualificadas.

As exigências e os direitos dos consumidores quanto à qualidade nutricional e quanto à segurança sanitária dos alimentos serão cada vez maiores. Para atender a essa demanda, qualquer sistema de produção de alimentos, seja ele seguindo ou não os princípios da agricultura orgânica, devem seguir normas bem definidas, passíveis de certificação e de rastreamento para assegurar as exigências e os direitos dos consumidores.

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