A turbulência econômica registrada no Brasil nas últimas semanas, seja decorrente da corrida eleitoral ou de uma estratégia equivocada do Banco Central na questão dos fundos de investimento, já é sentida no mercado pecuário. Os leilões de bezerros estão registrando um aumento de demanda e, conseqüentemente, uma variação de preços.
O analista da Hencorp Commcor Corretora, Sérgio Penteado, explica que, tradicionalmente, o boi transforma-se em um ativo real bastante procurado em momentos de turbulência econômica e é isso que está ocorrendo agora. “A alta do dólar ante o real e a perda de rentabilidade dos fundos DI fez com que os pecuaristas voltassem a aplicar nos bezerros para engorda”, explica.
Penteado disse que, neste momento, o cenário mais turbulento está aumentando a demanda por bezerros mesmo diante de um quadro de baixa demanda por carnes no mercado interno. “Mesmo com a venda de carne bovina travada e com a queda de preço do boi gordo com a entrada da safra, o pecuarista sente-se mais seguro com seu ativo no pasto e não no banco”, disse.
O pico de oferta de bois para abate ocorre no final de junho e julho, quando o inverno impede a renovação do pasto. Na última semana, o Indicador de Preço do Bezerro, calculado pela Esalq/BM&F, subiu de R$ 344,67 para R$ 346,26 por cabeça. No mesmo período, o Indicador do Boi caiu de R$ 42,72 para R$ 42,50 por arroba.
O consultor diz também que, enquanto a tendência de preços para o longo prazo estiver comprometida pela incerteza cambial, deve-se ter cautela ao fazer hedge no mercado futuro em meses muito longos. Ele sugere a venda de boi futuro e compra de dólar no primeiro vencimento da BM&F, fazendo uma trava para se proteger de eventuais crises.
Fonte: Estado de São Paulo (por Eduardo Magossi), adaptado por Equipe BeefPoint