Cerca de 5,6 milhões de animais criados no Brasil este ano, em sistemas de engorda intensiva – confinamento, semiconfinamento e pastagem de inverno – são novilhos precoces, animais abatidos entre os 24 meses e os 30 meses de idade. Isso equivale a 90% das 6,2 milhões de cabeças de gado produzidas neste ano neste sistema.
Há dez anos o país produzia em sistemas de engorda intensiva apenas 1,3 milhão de bois por ano, mas eram raros os classificados como precoces. Já em 2000, cerca de 5,7 milhões foram engordados nesses sistemas, e 5,1 milhões eram precoces.
Segundo Victor Abou Nehmi, agrônomo e diretor da FNP Consultoria, o crescimento da produção de novilho precoce nos últimos anos ocorreu devido principalmente a dois fatores: redução de custos e urgência na melhora da qualidade da carne. O País deverá abater 33 milhões de cabeças até dezembro, incluídos aí os novilhos precoces.
Nehmi disse que os frigoríficos e supermercados pagam um bônus de 3% a 5% sobre o preço médio da arroba para a carne de novilho precoce. Porém, fundamentalmente é a redução de custos que faz o fazendeiro preferir o animal precoce. Isso porque o pecuarista gasta, em média, R$ 7 a R$ 9 por mês para fazer a engorda de uma rês. “Se o boi for para o abate aos 24 meses, a economia será bem maior do que no caso de a engorda durar 36 meses ou mais.”
Alianças
A busca por animais precoces está estimulando a formação das chamadas alianças no Brasil, comuns em outros países, como a Austrália, que consiste no trabalho conjunto de toda a cadeia produtiva – pecuarista, frigorífico e varejo – com base em pesquisas efetuadas junto ao consumidor. A Austrália, que é o maior exportador mundial de carne bovina (cerca de 1,2 milhão de toneladas em 2000), já formou 87 alianças.
Em São Paulo, o Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado de São Paulo (Fundepec), está cadastrando 200 pecuaristas para a produção de carnes nobres, que serão vendidas em restaurantes e butiques. O abate e a distribuição serão feitos pelo frigorífico Marfrig, localizado em Promissão (SP). Segundo João Gilberto Bento, da Fundepec, além da qualidade da carne, outra vantagem da aliança é a oferta do produto durante o ano todo.
Outro exemplo de aliança é o Red Connection – projeto idealizado pelo pecuarista paulista Luiz Eduardo Batalha – que está abatendo o novilho precoce meio-sangue angus aos 20 meses de idade e possui 85 fazendas efetuando o trabalho.
fonte: Agrofolha, Folha de S. Paulo (por Sebastião Nascimento), adaptado por Equipe BeefPoint