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Crescimento e terminação de bovinos de corte. 1. Aspectos gerais do crescimento e desenvolvimento

Geralmente técnicos e produtores procuram abater animais extremamente pesados, sem considerar que muitas vezes este tipo de animal não é lucrativo, pois o peso de abate ideal pode ter sido ultrapassado. O peso ideal para o abate é definido através da composição corporal, ou seja, a maior quantidade de músculo possível, para menor quantidade de osso, e a quantidade de gordura na carcaça exigida por determinado mercado. Tem que se ter em mente que estes tecidos têm diferentes taxas de crescimento, que se alteram ao longo da vida.

O crescimento pode ser definido como processo pelo qual a massa corporal aumenta em um determinado período de tempo, com a deposição de proteína, gordura e minerais (Luchiari Filho, 2000; Owens et al 1995). A taxa de crescimento, a composição do ganho (proteína e gordura) e, consequentemente, o peso à maturidade são dependentes de diversos fatores, como a idade, sexo, raça, e, principalmente, o nível nutricional ao qual o bovino foi submetido nas diferentes fases da vida.

Os tecidos do corpo crescem e se desenvolvem de forma e em seqüência específica, começando com o tecido nervoso, seguido com ossos e músculos, e, por último, o tecido adiposo (gordura). É claro que existe uma superposição, isto é, os diferentes tecidos crescem ao mesmo tempo, mas a taxas diferentes, de tal forma que completam o seu desenvolvimento na seqüência citada. Pode-se dizer que o crescimento e o desenvolvimento do animal se iniciam imediatamente após a concepção, continuando até a maturidade.

Ao nascer os animais apresentam o esqueleto bastante desenvolvido em relação ao tamanho adulto (Figura 1). Após o nascimento e até puberdade, a taxa de crescimento do tecido muscular é maior do que as taxas do tecido ósseo e do adiposo, enquanto após a puberdade até a maturidade passa a predominar o crescimento do tecido adiposo (Figura 2).

Figura 1: Relação entre o tamanho corporal de algumas partes do corpo do animal por ocasião do nascimento e ao atingir a fase adulta. Fonte: Luchiari Filho (2000).

Figura 2: Curva de crescimento dos músculos, gordura e ossos. Adaptado Luchiari Filho (2000).

Como pode ser observado na figura 2, o crescimento ósseo pós-natal é pequeno, apresentando desenvolvimento mais precoce, mantendo-se depois pequeno e constante praticamente durante a vida toda do animal . O tecido muscular tem seu maior desenvolvimento após o nascimento, sendo mais tardio em relação aos ossos, predominando até atingir a maturidade, sendo o principal constituinte do ganho de peso. O tecido adiposo é o último a se depositar tendo seu crescimento de maneira mais acentuada após a puberdade, ou seja, quando o crescimento muscular começa a diminuir. A gordura apresenta 4 áreas distintas de deposição, sendo a seqüência de deposição basicamente a seguinte: primeiro a gordura abdominal, renal-iguinal e pélvica, em segundo a intermuscular, depois a subcutânea ou de cobertura e, por último, a intramuscular ou a de marmoreio. Fatores que afetam a deposição da gordura serão tratados nos próximos radares.

Na maturidade o crescimento muscular é zero, ou melhor, é o momento em que a massa muscular atinge o ponto máximo, onde o ganho de peso é composto apenas de gordura (Owens et al. 1995). Portanto, ganhos nessa fase implicam em maiores quantidades de alimentos e, portanto, maiores custos. Daí a importância do abate ser feito em função do acabamento mínimo exigido pelos diferentes mercados.

As diferenças de grau de estrutura corporal entre raças e ou linhagens dentro de raças são fatores preponderantes para determinar a rapidez com que os animais atingem o peso de abate. Animais com menor peso à maturidade atingem o peso de abate em idade mais precoce do que animais com maior peso à puberdade (raças britânicas x continentais; ver radar: Tipos biológicos de bovinos para produção de carne). Quanto maior a taxa de maturação (rapidez com que os animais atingem a composição corporal adulta) menor será o peso adulto (Tedeschi et al., 2000). Para um mesmo peso, raças de maturidade mais precoce vão apresentar mais gordura e menos proteína que as raças mais tardias.

Outro fator que altera o peso à maturidade é o manejo na alimentação. Tedeschi et al (2000) observaram que animais que receberam suplementação a pasto durante o ano todo, apresentaram menor peso adulto e maior taxa de maturidade, enquanto que os animais suplementados apenas no período seco não apresentaram alteração no peso adulto em relação aos animais não suplementados.

O sexo associado a ambos os fatores (grau de estrutura corporal e alimentação) também tem grande influência no crescimento e desenvolvimento animal, sendo que novilhas atingem a maturidade mais rápido que machos castrados, e estes, por sua vez, mais rápidos que animais inteiros.

Nos próximos radares iremos fazer uma rápida abordagem sobre alguns aspectos que afetam o crescimento e a terminação de bovinos de corte, bem como estratégias para otimizar a produção de carcaças bem acabadas.

Referências:

Luchiari Filho, A. Pecuária da carne bovina. 1a ed. São Paulo, 2000.134p.

Owens, F. N.; Gill, D. R.; Secrist, D. S. et al. Review of some aspects of growth and development of feedlot cattle. J. Anim. Sci.. v.73, n.10, p.3152. 1995.

Tedeschi, L. O.; Boin, C.; Nardon, R. F.; Leme, P. R.; Estudo da curve de crescimento de animais da raça guzerá e seus cruzamentos alimentados a pasto, com e sem suplementação. 2. Avaliação dos paraâmetros da curva de crescimento. Revista da Soc. Brasileira de Zoot. v.29, n.5,p. 1578. 2000.

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