O nível nutricional e o manejo alimentar adotado durante a vida do animal afeta a taxa de crescimento, o tempo de acabamento, o peso e a proporção dos componentes da carcaça (músculo, gordura e ossos).
A eficiência de crescimento ocorre em função de duas características básicas, a taxa de ganho de peso e a composição dos tecidos depositados. Do ponto de vista nutricional pode ser abordada de duas formas: eficiência energética, que é expressa em Mcal depositada/Mcal ingerida; ou eficiência alimentar, expressa em termos de kg de ganho de peso vivo/kg de alimento ingerido. O inverso da eficiência alimentar, conversão alimentar (kg de alimento/ kg de ganho de peso vivo), é mais conhecida e usada. A eficiência também pode ser definida ou abordada de forma comercial, por exemplo, custo por kg de carcaça produzida.
Como pode ser observado no radar anterior (Crescimento e terminação de bovinos de Corte- 2. Crescimento compensatório), a composição corporal, bem como o peso em que o animal a atinge, é afetada também por períodos de ocorrência de restrição alimentar durante a vida do animal.
Em nosso país, os animais são tradicionalmente criados e terminados a pasto sem suplementação alguma além da suplementação mineral. Em função do valor nutritivo das forragens tropicais, da maior exigência de mantença devido às atividades de pastejo e da estacionalidade de produção de forragem, os animais têm que ser abatidos mais velhos e ou com pesos de carcaça menores. quando comparados com animais terminados em semi ou em confinamento. Com o uso de suplementação é possível obter carcaças melhores acabadas e mais pesadas com animais mais jovens, pelo fato de propiciar uma complementação energética e protéica das pastagens, explorando o potencial de ganho de peso dos animais. Tal efeito é possível ser observado em trabalho realizado por Souza (2002), que suplementou animais no período da seca (tabela 1). Os animais que foram suplementados apresentaram maior peso, maior rendimento de carcaça e tendência de melhor acabamento do que os animais terminados exclusivamente a pasto..
Tabela 1: Peso, rendimento de carcaça, e espessura de gordura dos animais terminados a pasto ou suplementados.
A densidade enérgica da dieta modifica a composição do corpo animal. JONES et al. (1985), observaram que animais alimentados com dietas à base de concentrado apresentaram maiores teores de gordura na carcaça do que aqueles que receberam dietas à base de volumoso.
Ao analisarmos os dados referentes ao trabalho de Sains (1998), discutidos no radar anterior, pode-se notar claramente as diferenças na composição dos ganhos, entre animais criados numa primeira fase (recria) com dieta de alta qualidade porém com consumo limitado (CL) ou com forragens (FA), e em uma segunda fase (terminação) com dieta de alta qualidade ad libitum (CA) ou limitado (CL, 70% de CA). Neste radar vamos abordar apenas o desempenho e a composição do ganho na fase de terminação (327-481 kg PV), tabela 2.
Tabela 2: Desempenho de animais alimentados de diferentes formas na fase de terminação.
É possível observar na tabela 2 que os animais que receberam dietas CA, ou seja, não tiveram restrição de energia na fase de terminação apresentaram maiores ganhos de peso vazio, e maior % de gordura na carcaça do que os animais submetidos à restrição de energia nessa fase, embora os pesos fossem semelhantes.
Bren et al. 2002 forneceram três níveis crescentes de concentrado (0,8, 1,1 e 1,4% do PV) para bovinos de corte dos 12 (PVI= 278 kg) aos 17 meses de idade. As principais alterações observadas segundo os autores foram o aumento nas taxas de ganho de peso refletindo em maior peso vivo final e peso de carcaça, e com acabamento mínimo desejado pelos frigoríficos no país (3 mm de gordura) e boa musculosidade (área de olho de lombo, tabela 3).
Tabela 3: Nível de concentrado e desempenho de bovinos.
Maior densidade energética da dieta, quer pelo aumento de concentrado ou pelo uso de volumosos de alto teor de grãos, apresentam maior eficiência na formação dos tecidos, em função principalmente da maior disponibilidade de nutrientes para absorção e incorporação.
Literatura Consultada
Souza, A. A. Uso de subprodutos da agroindústriais para suplementação de novilhos em terminação durante o período da secas. ESALQ-USP Dissertação (Mestrado), Piracicaba, SP. 2002
Sains, R. Crescimento compensatório em bovinos de corte. Simpósio sobre Produção Intensiva de Gado de Corte. CBNA. p. 22. 1998.
Jones, S.D.M., Rómpala, R.E., Jeremian, L.E. et al. Growth and composition of the empty body in steers of different maturyty types fed concentrate of forage diets. J. Anim. Sci., v. 60, n.2, p.427-433, 1985.
Bren L.: Júnior P. R.; Moletta, J. L.; et al. Desempenho em confinamento de novilhos de corte alimentados com diferentes níveis de concentrado na dieta. In: Reunião Anual da Soc. Bras. De Zootecnia, 35. Recife, PE, 2002. Anais… 2002. Cd-Room.
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Gostei muito deste artigo. O BeefPoint está de parabéns.
Estou escrevendo a minha dissertação de mestrado e sempre encontro algum artigo que me serve.