Pecuaristas, técnicos, médicos veterinários e estudantes de Mato Grosso participam do 6º Simpósio de Nelore Natural, aberto ontem (06), em Ribeirão Preto. O evento, promovido a cada dois anos pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), tem como objetivo reciclar a cadeia produtiva do nelore brasileiro e difundir o emprego de novas tecnologias.
Para o presidente da ACNB, Carlos Viacava, o simpósio é a oportunidade para que profissionais e criadores de todo o País contem e compartilhem as experiências que estão dando certo e que garantem cada vez mais a precocidade animal.
Esta edição do simpósio conta com a participação de cerca de 350 pessoas ligadas ao setor produtivo de gado nelore. Segundo o presidente, o alvo desta edição é a intensificação do Programa Nelore Natural, o boi criado a pasto, e a difusão do Programa de Qualidade Nelore Natural (PQNN).
O coordenador do Programa Pró-Couro em Mato Grosso e assessor da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração (Sicm), Waldebrand da Silva Coelho, presente no evento, explica que o Estado possui um grande potencial para a criação de animais a pasto. “Antes mesmo de se falar em gado natural, criadores matogrossenses já trabalhavam este tipo de manejo. Atualmente, apenas nas regiões de Cáceres, Poconé, Barão de Melgaço e Santo Antônio do Leverger existem cerca de cinco milhões de cabeças que podem ser classificadas como sendo nelore natural”, frisa Coelho.
Ele chama a atenção para o fato de que nunca no Estado o rebanho foi alimentado com ração de origem animal. “O nosso potencial agrícola sempre permitiu a fabricação de alimentos a base de soja e milho”, enfatiza.
A raça nelore é responsável por 90% do rebanho em Mato Grosso, entre animais puros de origem e anelorados. “Hoje somos o segundo maior rebanho no Brasil, com cerca de 20 milhões de cabeças e somos o terceiro melhor em qualidade bovina, perdendo para Mato Grosso do Sul e Goiás. Mato Grosso registra um crescimento anual de cerca de 1,3 milhões de bovinos ao ano. De 2001 para 2002, o rebanho estadual saltou de cerca 18 milhões para cerca de 20 milhões de animais”, justifica Coelho.
Neste primeiro dia de encontros o simpósio foi aberto com uma palestra sobre a conjuntura econômica brasileira seguida pela palestra do secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), Pedro Camargo Neto, que mostrou aos presentes um panorama do agronegócio.
À tarde, entrou em pauta a questão da sanidade animal do rebanho brasileiro, que direcionou o assunto para a erradicação da febre aftosa no País. Como palestrante foi convidado o pecuarista uruguaio Raúl Casas Olascoaga. O presidente da ACNB chamou a atenção para os riscos de contágio, via fronteira, do rebanho brasileiro. “Apesar do status de região livre da febre aftosa com vacinação e de não registrarmos casos da doença há sete anos, não devemos deixar de vacinar o rebanho. Trabalhamos hoje para conquistar mercados internacionais exigentes e a mudança de status, permitindo ao País ser classificado como zona livre sem vacinação, poderia comprometer este esforço de anos de combate à doença, visto o eminente risco de contágios”, alerta Viacava.
Hoje, último dia do simpósio, serão abordados os temas: gestão da informação na pecuária (melhoramento genético e rastreabilidade), qualidade da carne e a responsabilidade social e a imagem. O encerramento será realizado com o desfile dos touros contratados pela Lagoa da Serra para a coleta de sêmen e que são considerados grandes reprodutores nelores do Brasil.
Fonte: Diário de Cuiabá (por Marianna Peres), adaptado por Equipe BeefPoint